Brasília - Com a crise da base aliada batendo na porta do Senado, a presidente Dilma Rousseff prometeu nessa segunda-feira, 2, atuar para tentar resolver um dos problemas que mais tem incomodado o líder do PMDB na Casa, Eunício Oliveira (CE): a invasão de uma fazenda do peemedebista em Goiás, ocupada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desde agosto do ano passado.
A fazenda do senador fica no município de Corumbá de Goiás. O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) entendeu que a área é produtiva e determinou que ela seja desocupada pelos assentados. Os presentes ao jantar afirmaram que Dilma destacou que, apesar da ordem de despejo, era preciso encontrar uma solução pacífica para o impasse. De acordo com um assessor palaciano, uma das alternativas estudadas pela pasta do Desenvolvimento Agrário é convencer os Sem Terra e se instalarem em um assentamento provisório próximo ao local, mas fora das posses de Eunício.
O Palácio do Planalto decidiu intervir para solucionar a questão o mais rápido possível para agradar um dos principais peemedebistas do Senado. A reaproximação ficou ainda mais necessária com o boicote do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao jantar com a presidente, deixando claro o tamanho da sua insatisfação. Com isso, a crise de Dilma com seu principal aliado, antes limitada à Câmara presidida por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), chegou ao Senado.
A conta de queixas de Renan com o governo Dilma é longa: perda de espaços na Transpetro, subsidiária de transporte da Petrobras, a ameaça de ver seu indicado, Vinícius Lages, ser desalojado do Turismo e a penúria financeira pela qual passa o Estado de Alagoas, governado por seu filho.
Eunício tampouco tem externado satisfação com o Palácio do Planalto. Ele tem argumentado a aliados que a invasão de suas terras, ocorrida quando ele disputava o governo do Ceará com o petista Camilo Santana, teve objetivo político. Além do mais, ele lidera uma bancada de senadores que não se consideram contemplados pelo espaço obtido na reforma ministerial. Embora o PMDB do Senado tenha três pastas, duas delas (Minas e Energia) e (Agricultura) são escolhas pessoais de Dilma e até mesmo o Turismo, nas mãos de um afilhado de Renan, corre o risco de ser entregue ao ex-presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).