Prepare bem o seu coração
Faz muito tempo que a política brasileira não tem uma semana, como será esta, tão cheia de fortes emoções. No Congresso, é grande a ansiedade diante da anunciada divulgação dos nobres deputados e senadores envolvidos no escândalo da Petrobras, que pode ser feita a qualquer momento pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, aquele que está sob proteção policial, porque o serviço de inteligência do governo federal detectou a ameaça de que poderia sofrer um atentado.
Já na Câmara dos Deputados, começam os trabalhos da nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. A oposição quer continuar martelando o maior escândalo a que este país já assistiu, tamanho é o volume de dinheiro envolvido. O PT batalha para incluir o período do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) nas investigações.
Emoção mesmo terá a sessão do Congresso de amanhã, em que o veto à correção da tabela do Imposto de Renda, que o Congresso subiu de 4,5% da proposta do governo para 6,5%, será apreciado. Ah! E o Orçamento da União para este ano também deve ser votado. Vai adiantar pouco. O governo vai contingenciar mesmo. E não serão poucas as obras atingidas, inclusive do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Afinal, o Brasil não deve crescer mesmo. É mais provável que entre em recessão. E com inflação.
Na economia, já está em vigor o reajuste salgado da conta de luz. Em Minas Gerais, ele representa um quarto a mais do que é pago hoje. Dói no bolso. E tem reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Vem mais paulada nos juros por aí.
E para não dizer que não falei das flores, o PT aderiu à resistência tucana contra a Câmara dos Deputados de pagar passagens aéreas para as esposas dos nobres parlamentares. E já que entramos no assunto esposas, fica a pergunta. Domingo, Dia Internacional da Mulher, Dilma fará, como sempre faz, discurso em rede nacional de rádio e TV?
Ministro na Câmara
É, mesmo que não dê tempo de ouvir os 39 ministros até o fim do ano, a Câmara dos Deputados vai insistir com a tal comissão geral que pretende cumprir esta hercúlea tarefa. Tanto que, depois de amanhã, quem falará no plenário sobre os planos para a sua pasta será o ministro Aldo Rebelo (PCdoB-SP), de Ciência e Tecnologia. Ele vai relatar quais serão as prioridades de sua pasta nesses tempos bicudos na área orçamentária. Aldo Rebelo já presidiu a Câmara dos Deputados e por isso estará bem à vontade na Casa. Detalhe: para quem não sabe, embora tenha feito carreira política em São Paulo, Aldo é mineiro de Viçosa.
Ministro na Câmara 2
Antes de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), a Câmara dos Deputados vai ouvir o ministro Eduardo Braga, de Minas e Energia, amanhã, porque o assunto é muito mais grave. Tanto que ele vai estrear as tais comissões gerais que pretendem ouvir os 39 ministros. Afinal, em temporada de risco de apagão, é necessário mesmo discutir a crise que pode culminar em falta de água e energia elétrica, se as chuvas não ajudarem. Eduardo Braga não é mineiro, nasceu em Belém do Pará. Mas, pelo menos, tem Minas em seu ministério.
Boa pergunta
O presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI), e o líder do partido na Câmara dos Deputados, Eduardo da Fonte (PE), já foram devidamente avisados. De volta ao Congresso, o deputado Odelmo Leão (PP-MG) diz que até está disposto a ajudar, mas vai votar contra as medidas provisórias do ajuste fiscal. “Não concordo com este tipo de iniciativa que só penaliza o trabalhador e o contribuinte. O governo é que deve fazer o dever de casa”, diz Odelmo. E ainda pergunta: “Por que a presidente Dilma não enxuga a máquina pública, reduzindo, por exemplo, os 39 ministérios para no máximo 20?”
Sem saída
Enquanto aumenta o preço dos combustíveis quando o petróleo cai de preço para tentar tapar o rombo na Petrobras, o governo se rende ao movimento de protesto dos caminhoneiros pelo país afora. Diante da crise de popularidade, deputados da base governista com trânsito fácil no Palácio do Planalto revelam que a presidente Dilma Rousseff (PT) tinha a intenção de vetar, ainda que parcialmente, a chamada Lei dos Caminhoneiros, que prevê benefícios como não pagar pedágio por eixo suspenso em caminhão vazio, perdão de multas e outras medidas. Sem saída, Dilma sancionou a lei sem qualquer veto. E ainda promete mais.
Tal lá como cá
Os caciques dos partidos que apoiam o governador Fernando Pimentel (PT) estão reclamando, como acontece também em Brasília, da pequena participação que estão tendo na formação do governo. “Eles não estão fazendo a divisão do governo como deve ser feita”, diz um deputado, dando exemplo concreto: “Todas as boas autarquias ficaram com petistas e nós não conseguimos nomear nem mesmo para uma delegacia de ensino. A situação deve estar mesmo complicada. Tanto que já há comentários que são pura maldade. Outro aliado diz que o secretário de Governo, Odair Cunha, está igual ao ministro da Articulação Política de Dilma, Pepe Vargas, rejeitado pela base da presidente.
PINGAFOGO
Depois de apanhar muito até dos próprios colegas, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vai recuar do pagamento de passagens aéreas para as mulheres dos deputados. Se PT e PSDB condenam ao mesmo tempo, não há outra saída.
Como se diz, Eduardo Cunha quis decolar um carinho para as mulheres dos deputados, mas foi obrigado a arremeter logo depois de ter decolado com o presente com dinheiro do contribuinte.
Quem fez questão de prestigiar a posse do colega Gilberto Abramo como presidente estadual do PRB foi o presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes (PMDB).
Aliás, quem também estava presente, como não poderia deixar de ser, era o ministro do Esporte, George Hilton, mesmo só tendo deixado o comando do PRB depois que a propaganda do partido em cadeia de rádio e TV já tivesse sido veiculada.
A presidente Dilma Rousseff (PT) está mesmo empenhada em aquecer a economia. Tanto que fez questão de ela própria fazer compras em um supermercado. Até leite ela comprou. Sabe onde fica o supermercado? Em Montevidéu!
Sabe de onde o relator do Orçamento, senador Romero Jucá (PMDB-RR), vai tirar recurso para custear emendas para os novos parlamentares? Da área de energia. Em pleno risco de apagão. Sem comentários.