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Estado de Minas

PMDB: a eterna peça que não se encaixa

Além das reclamações sobre a falta de espaço, Dilma tem de lidar com denúncias que envolvem parentes de ministro em venda ilegal de terras


postado em 29/11/2014 06:00 / atualizado em 29/11/2014 07:03

Brasília – Ao convidar o PMDB, a partir da próxima semana, para discutir a cota do partido na reforma ministerial, a presidente Dilma Rousseff terá de administrar dois novos problemas, que se somarão às eternas queixas dos peemedebistas sobre a falta de espaço no governo. Diante da deflagração da Operação Terra Prometida, pela Polícia Federal, envolvendo dois irmãos do atual ministro da Agricultura, Neri Geller, Dilma terá de decidir se antecipa a posse da senadora Kátia Abreu (PMDB) na pasta. Além disso, o PT e conselheiros próximos pressionam para que a presidente indique a ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior para Minas e Energia, frustrando os planos do senador Eduardo Braga (PMDB-AM).

Apesar de ter sido exitosa em nomear Joaquim Levy para a Fazenda e Nelson Barbosa para o Planejamento, além de manter Alexandre Tombini no Banco Central – escolhas que repercutiram positivamente no mercado –, Dilma, tradicionalmente, tem dificuldades em montar equações políticas. “A partir de agora, quando começarem as negociações políticas, o debate muda de patamar”, afirmou um senador peemedebista.

Dificilmente a posse de Kátia Abreu no Ministério da Agricultura será antecipada. Além de senadora, ela é presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e tomará posse para um novo mandato na entidade apenas no dia 15. Só depois disso ela poderá se licenciar para assumir a pasta. “Não é algo simples de ser modificado. Tem os convites, o cerimonial”, justificou um interlocutor de Kátia.

Dilma terá, então, de decidir o que fará com o comandante do ministério. Interlocutores do PMDB lembram que, apesar da proximidade dos envolvidos com Neri Geller, não há nada, até momento, que o envolva diretamente em alguma das irregularidades investigadas pela Polícia Federal.

Além disso, um peemedebista próximo à cúpula partidária lembra que Geller, a exemplo de 36 dos 39 ministros da Esplanada dos Ministérios, entregou, no dia 18, uma carta de demissão ao chefe da Casa Civil, ministro Aloizio Mercadante. “A presidente tem total liberdade, a partir disso, para trocar o ministro no momento em que achar mais conveniente”, ponderou um aliado do vice-presidente Michel Temer. Uma saída será, em caso de emergência, passar o posto para um interino, provavelmente o atual secretário-executivo do ministério, José Gerardo Fontelles.

A presidente sabe que uma nova briga com o PMDB da Câmara pode ser problemática, depois de ter conseguido contornar a crise de tirar o ministério dos deputados para dar a uma senadora – Kátia Abreu. O trauma foi superado com a sinalização de que o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), deve ir ao Ministério da Previdência, em substituição ao primo, Garibaldi Alves (RN), que retoma o posto no Senado.

Mas o cobertor segue curto e a pouca habilidade – e paciência – da presidente Dilma Rousseff em acertar trocas políticas pode tornar o ambiente mais carregado. Durante conversa com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na segunda-feira, ficou praticamente acertado que os senadores poderiam indicar três nomes, e os deputado, mais três, o que elevaria de cinco para seis o número de ministérios do PMDB.

Nessa cota, surge o o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), para o Ministério de Minas e Energia (MME). Ele tem se empenhado pessoalmente na indicação e deu demonstrações claras de que, se for indicado para qualquer outra pasta, pretende permanecer onde está. Mas o PT e conselheiros próximos à presidente não descartam que Dilma desista de ceder o MME para um peemedebista e nomeie Miriam Belchior para substituir Edison Lobão.

Em recente conversa com petistas paulistas, Miriam demonstrou cansaço em relação à vida em Brasília. São 12 anos no governo, e ela confessou que “apanhou muito” nesse período. Entretanto, pessoas próximas à senadora garantem que, se a presidente pedir que ela fique no governo, não terá como negar uma solicitação presidencial. “Ela é um soldado de Dilma, uma fiel auxiliar da presidente”, garantiu um interlocutor de Miriam.

A escolha da ex-ministra do Planejamento para o MME ainda tem outra conotação. A fiel auxiliar serviria como um cão de guarda, nas palavras de petistas gabaritados, de Dilma na pasta. “Em outras palavras, a ministra será Dilma, e não Miriam”, justificou esse petista. A presidente está preocupada com os escândalos da Petrobras e quer uma pessoa da mais estrita confiança para cuidar de um setor que lhe é muito caro.

Alternativas Outra incógnita é o destino do governador da Bahia, Jaques Wagner. “Ele é amigo da presidente e, com isso, torna-se o último nome a ser indicado”, ironizou um aliado do petista baiano. Fontes palacianas especulam que uma alternativa para ele seria o Ministério da Educação (MEC). Inicialmente, Dilma convidou o governador do Ceará, Cid Gomes, mas este insiste no desejo de ser consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington.

Cid teria indicado o irmão, Ciro Gomes, mas aí é o PT quem resiste. Wagner poderia ser a solução. A justificativa está pronta. “O MEC terá dinheiro e visibilidade. E os três últimos titulares foram promovidos: Tarso Genro virou governador do Rio Grande do Sul, Fernando Haddad prefeito de São Paulo e Aloizio Mercadante ministro da Casa Civil”, enumerou um aliado da presidente.

Em outras pastas, Dilma sequer chamou as legendas para conversar. O PT também está de olho no Ministério das Cidades, pasta cobiçada pelo PSD de Gilberto Kassab e da qual o PP não pretende abrir mão. “Até o momento, a presidente não nos chamou para conversar. Mas não creio que o PSD seja indicado para Cidades. Por que perderíamos a pasta para uma legenda menor que a nossa?”, questionou o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI).

 


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