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Estado de Minas

"Meu primeiro compromisso é com o diálogo", anuncia presidente reeleita

Depois de campanha feroz, Dilma defende a paz e a união e promete combater a corrupção


postado em 27/10/2014 06:00 / atualizado em 27/10/2014 07:33

Dilma Rousseff durante pronunciamento após resultado das eleições 2014(foto: Ichiro Guerra/Divulgacao )
Dilma Rousseff durante pronunciamento após resultado das eleições 2014 (foto: Ichiro Guerra/Divulgacao )

No discurso da vitória, em um hotel em Brasília, a presidente reeleita para comandar o país pelos próximos quatro anos, Dilma Rousseff (PT), disse que não acredita que o processo eleitoral tenha dividido o Brasil e sustentou que tem uma forte esperança de que a energia da mobilização durante a campanha tenha preparado um bom terreno para a construção de pontes para uma base de entendimento da nação. “Não acredito, sinceramente, que estas eleições tenham dividido o país ao meio. Entendo, sim, que elas mobilizaram ideias e emoções às vezes contraditórias, mas unidas por sentimentos comuns: a busca por um futuro melhor para o país.”


Depois de uma campanha marcada pela agressividade na TV e nas redes sociais,  Dilma chamou os brasileiros para um diálogo e sustentou que toda eleição deve ser vista como uma chance para uma forma pacífica de trazer as mudanças necessárias ao país. “Minhas primeiras palavras são, portanto, de chamamento à paz e à união”, disse. Dilma lembrou que, nas democracias maduras, união não significa unidade de ideias, mas pressupõe, em primeiro lugar, abertura e disposição para o diálogo. “Esta presidente aqui está disposta ao diálogo e é este o meu primeiro compromisso do segundo mandato: diálogo”, prometeu. Durante o pronunciamento, ela citou como prioridades a reforma política e o combate à corrupção. Em nenhum momento ela citou o nome do adversário, Aécio Neves.

A presidente foi interrompida várias vezes pelo público presente ao som de “coração valente”, entre palavras de ordem usadas durante a campanha. Com a voz rouca e mais fraca, em vários momentos ela pediu silêncio. Dilma disse que, no próximo mandato, deseja ser uma pessoa ainda melhor e mais esforçada do que tem sido até hoje e que este sentimento de superação deve impulsionar não só a ela, mas todo o governo e o povo brasileiro. “Sei que estou sendo reconduzida à Presidência para fazer as grandes mudanças que a sociedade exige. Minha disposição é liderar da forma mais pacífica e democrática esse processo de transformação.”

PLEBISCITO

Segundo Dilma, a mudança mais importante para o país é a reforma política. “Meu compromisso, como ficou claro durante a campanha, é deflagrar essa reforma que é responsabilidade do Congresso e também da sociedade”, disse. Nesse sentido, anunciou que vai chamar um plebiscito para consultar a população sobre o seu desejo no que se refere às mudanças necessárias na forma de conduzir a política nacional. De acordo com ela, isso não significa que outras reformas não sejam importantes. “Temos a obrigação de promover um rigoroso combate à corrupção, fortalecendo as instituições e promovendo mudanças legítimas no sentido de acabar com a impunidade no país.” Também prometeu agir para a retomada do crescimento econômico.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que votou em São Paulo, desembarcou em Brasília por volta das 14h para acompanhar o resultado da apuração ao lado da presidente. Ele apareceu ao lado de Dilma no pronunciamento após a proclamação do resultado e foi muito ovacionado pelos militantes cada vez que era citado pela presidente reeleita.

Dilma votou às 8h43 de ontem em Porto Alegre. Acompanhada do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), que perdeu a disputa pela reeleição, a presidente levou poucos segundos para registrar seus votos. Chegou sorridente à seção eleitoral, cumprimentou jornalistas, eleitores e mesários e tirou fotos com admiradores. Antes de votar, apesar de não ser fã de chimarrão, tomou o chá oferecido por um dos mesários. A presidente seguiu até a casa do ex-marido, Carlos Araújo, onde encontrou o neto Gabriel, de 4 anos. Dilma retornou a Brasília ainda pela manhã, onde permaneceu no Palácio da Alvorada até o final da apuração dos votos.

 

Confira a íntegra do discurso da presidente eleita

 

 “Queria cumprimentar a todos e agradecer a cada um de vocês. Começo saudando o presidente Lula.

Dirijo meu agradecimento ao vice-presidente da República, Michel Temer. Queria cumprimentar a vice-primeira-dama, Marcela.

Os presidentes dos partidos da minha coligação, Rui Falcão, presidente do PT; Carlos Lupi, presidente do PDT; José Renato Rabelo, do PCdoB; Ciro Nogueira, presidente do PP; Vitor Paulo, presidente do PRB; Antônio Carlos Rodrigues, PR; Gilberto Kassab, do PSD; Eurípedes Júnior, presidente do Pros.

Os ministros, governadores, deputados federais, senadores que me honram com sua presença.

Minhas amigas e meus amigos, chegamos ao final de uma disputa eleitoral que mobilizou todas as forças do nosso país, da nação. Fomos vencedores desta eleição histórica. Tenho simultaneamente palavras de agradecimento e de conclamação.

Agradeço meu companheiro de chapa, Michel Temer. Agradeço aos partidos políticos e sua militância, que sustentaram a nossa aliança e foram decisivos para a vitória.

Agradeço a cada um e a cada uma dos integrantes dessa militância combativa, que foi a alma e a força desta vitória. Agradeço sem exceção a todos os brasileiros e brasileiras.

Eu faço um agradecimento do fundo do meu coração a um militante, número um, das causas do povo e do Brasil, o presidente Lula.

Conclamo, sem exceção, a todas as brasileiras e todos os brasileiros para nos unirmos em favor do futuro da nossa pátria, do nosso país e de nosso povo.

Não acredito, sinceramente, que essas eleições tenham dividido o país ao meio. Entendo, sim, que elas mobilizaram ideias e emoções às vezes contraditórias, mas unidas por sentimentos comuns: a busca por um futuro melhor para o país.

Em lugar de ampliar divergências, de criar um fosso, tenho forte esperança que a energia mobilizadora tenha preparado um bom terreno para a construção e pontes. O calor liberar no fragor da disputa pode e deve agora ser transformado em energia construtiva de um novo momento no Brasil

Com a força desse sentimento mobilizador, é possível encontrar pontos em comum e construir com eles uma primeira base de entendimento para fazermos o país avançar. Algumas vezes na história, os resultados apertados produziram mudanças mais fortes e rápidas do que as vitórias amplas. É essa a minha esperança. Ou melhor, a minha certeza do que vai ocorrer a partir de agora no Brasil.

Minhas primeiras palavras são de chamamento da base e da união. Nas democracias maduras, união não significa ação monolítica. Pressupõe abertura e disposição para o diálogo.

Esta presidente está disposta ao diálogo, e esse é meu primeiro compromisso no segundo mandato: o diálogo.

Toda eleição tem que ser vista como forma pacífica e segura. Toda eleição é uma forma de mudança. Principalmente para nós que vivemos em uma das maiores democracias do mundo.

Quando uma reeleição se consuma, ela tem que ser
 entendida como um voto de esperança dada pelo povo na melhoria do governo.

Voto de esperança é o que é uma reeleição. Muito especialmente na melhoria dos atos do que até então vinham governando. Sei que é isso o que o povo diz quando reelege um governante. Quero ser uma presidenta muito melhor do que fui até agora.

Quero ser uma pessoa muito melhor. Esse sentimento de superação não deve apenas impulsionar o governo e a minha pessoa, mas toda a nação.

Algumas palavras e temas dominaram essa campanha. A palavra mais repetida, mais dita, mais falada, mais dominante foi mudança. O tema mais amplamente evocado foi reforma.

Sei que estou sendo reconduzida à Presidência para fazer as grandes mudanças que a sociedade existe.

Aquilo que meu esforço e meu papel alcança pode ter certeza que estou pronta a responder essa convocação. Direi sim a esse sentimento que vem do mais profundo da alma brasileira. Sei das forças e das limitações que tem qualquer presidente. Sei também do poder que cada presidente tem de liderar as grandes causas populares, e eu o farei.

A minha disposição mais profunda é liderar da forma mais pacífica e democrática este momento transformador. Estou disposta a abrir grande espaço de diálogo com todos os setores da sociedade para encontrar as soluções mais rápidas para os nossos problemas.

Meus amigos e minhas amigas, entre as reformas, a primeira e mais importante deve ser a reforma política.

Meu compromisso, como ficou claro durante toda a campanha, é deflagrar essa reforma. Que deve ser realizada por meio de uma consulta popular. Como instrumento dessa consulta, o plebiscito, nós vamos encontrar a força e a legitimidade exigida neste momento de transformação para levarmos à frente a reforma política.

Quero discutir profundamente esse tema com todo o Congresso e toda a sociedade brasileira. Tenho a convicção de que haverá interesses dos setores do Congresso, da sociedade para abrir uma discussão e encaminhar medidas concretas. Quero discutir com todos os movimentos sociais e da sociedade civil.

Conduzir a reforma política não significa que eu não saiba da importância das demais reformas, que também temos a obrigação de promover.

Terei um compromisso rigoroso com o combate à corrupção e com a proposição de mudanças na legislação atual para acabar com a impunidade, que é protetora da corrupção. Ao longo da campanha, anunciei medidas que serão importantes para a sociedade e para o país enfrentarem a corrupção e acabar com a impunidade.

Promoverei ações locais, em especial na economia, para retomar o nosso ritmo de crescimento e para continuar com a garantia de níveis altos de emprego e assegurar os salários. Vamos dar mais impulsos à atividade econômica, em especial o setor industrial.

Quero a parceria de todos os segmentos, os setores, as áreas produtivos e financeiros nessa tarefa, que é responsabilidade de cada um de nós. Seguirei combatendo com rigor a inflação e avançando no terreno da responsabilidade fiscal. Vou estimular o mais rápido possível o diálogo e a parceria com todas as forças produtivas do país. Antes mesmo do início do meu próximo governo, prosseguirei nessa tarefa.

É hora de cada um de nós acreditar no Brasil. Ampliar nosso sentimento de fé em quem nós temos o privilégio de fazer uma sociedade mais próspera e mais justa.
O Brasil, este nosso querido país, saiu maior nesta disputa. Eu sei da responsabilidade que pesa sobre meus ombros. Vamos continuar a construir um país mais moderno, mais produtivo, um país da solidariedade e das oportunidades.
O Brasil que valoriza o trabalho e a energia empreendedora. O Brasil que cuida das pessoas com olhar especial para as mulheres, os negros e os jovens.
O Brasil que cada vez é mais voltado para a educação, para a cultura, para a ciência e para a inovação. Vamos nos dar as mãos e avançar nesta caminhada que vai nos ajudar a construir o presente e o futuro.
O carinho, o afeto, o amor e o apoio que recebi nesta campanha me dão energia para seguir em frente com muito mais dedicação.


Hoje estou muito mais forte, mais serena e mais madura para a tarefa que vocês me delegaram.
Brasil, mais uma vez, esta filha tua não fugirá da luta. Viva o Brasil. Viva o povo brasileiro.”


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