Brasília – O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, revelou à Justiça Federal nessa quarta-feira que pagou propinas a três partidos políticos “grandes”. Indagado se entre eles estão as legendas que chegaram ao segundo turno das eleições presidenciais, ele respondeu: “Um deles, sim.” Costa disse que foi indicado para o cargo pelo ex-deputado José Janene (PP-PR), em 2004, com a missão de montar um esquema de pagamento de propinas para políticos. Ele afirmou que a propina para os partidos era dividida na base de 1% para um e 2% para outro – sobre valores superfaturados de contratos da Petrobras com empreiteiras e fornecedores. De acordo com a Folha de S.Paulo os partidos são o PT, PMDB e PP. Costa, que fez delação premiada ao Ministério Público Federal, homologada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, declarou na audiência de ontem que o esquema financiou a campanha eleitoral de 2012. Ele não pode dizer, em seu relato, os nomes de políticos que teriam recebido dinheiro de corrupção. “Muita gente”, resumiu. A competência para investigar ou processar parlamentares é exclusiva do Supremo Tribunal Federal, por isso o ex-diretor não pode citar os nomes à Justiça Federal.
Sobre a participação de políticos, ele disse. “Os líderes estão fora desse processo, são agentes políticos, não são as empresas”. Segundo Costa, as empreiteiras e fornecedores “estavam submetidas até à quebra se não pagassem propina”. “Quem não pagava não participava”, declarou o ex-diretor.
Preso na Operação Lava a Jato, da Polícia Federal, que investigou esquema de lavagem dinheiro supostamente liderado pelo doleiro Alberto Youssef, que teria movimentado R$ 10 bilhões, Costa decidiu no fim de agosto revelar detalhes sobre subornos na Petrobras, em troca de uma pena menor. Ele citou, segundo a revista Veja, nomes de 12 parlamentares que teriam recebido propina do esquema, entre os quais o do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-SP), e do presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN). Todos negam com veemência que tivessem recebido recursos do doleiro.