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Estado de Minas

Silêncio de ex-diretor da Petrobras custou pelo menos R$ 50 mil

Levado de jato para depor, ex-diretor da Petrobras se cala e a CPI Mista vira palanque


postado em 18/09/2014 00:12 / atualizado em 18/09/2014 07:23

Enquanto Paulo Roberto Costa se recusava a falar, parlamentares aproveitavam para trocar acusações (foto: Luís Macedo/Câmara dos Deputados)
Enquanto Paulo Roberto Costa se recusava a falar, parlamentares aproveitavam para trocar acusações (foto: Luís Macedo/Câmara dos Deputados)

O silêncio do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, durante sessão da comissão parlamentar de ínquérito (CPI) mista que investiga os negócios da estatal, abriu caminho nessa quarta-feira para que parlamentares de oposição e da base de apoio do governo transformassem os trabalhos em palanque político, com troca mútua de acusações. Um palanque que consumiu pelo menos R$ 50 mil dos cofres públicos – custo de um voo fretado, com nove lugares, entre Curitiba e Brasília, como o que transportou Costa e sua escolta de policiais federais –, sem contar as diárias de hospedagem e outras despesas. Paulo Roberto Costa – que está detido no Paraná por suspeita de lavagem de dinheiro em esquema supostamente liderado pelo doleiro Alberto Youssef –, foi levado à CPI Mista da Petrobras para atender à convocação do colegiado. A única resposta do ex-dirigente às perguntas dos parlamentares, repetida mais de 20 vezes, foi “nada a declarar”.

Os parlamentares insistiram, durante toda a sessão, em desconsiderar que, ao negociar a colaboração premiada, investigados se comprometem a manter sigilo sobre os temas da delação e só podem responder a perguntas feitas pelo Ministério Público ou da Polícia Federal, condutores da apuração criminal. Antes mesmo do início dos trabalhos de ontem, as condições da delação premiada – que pode resultar até mesmo no perdão judicial – foram esclarecidas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, durante encontro com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PPMDB-AL).

Assim como a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, Paulo Roberto Costa não foi poupado de críticas. Foi chamado de “covarde” e “bandido” em razão de seu silêncio. E não ficou só nisso. Os deputados Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e Fernando Francischini (SD-PR) afirmaram que o escândalo da Petrobras – em torno de suposto esquema por meio do qual a base aliada do governo petista receberia propinas de contratos superfaturados da estatal – nada mais é do que a continuidade do escândalo do mensalão. “O que eu quero dizer publicamente é que o governo de Lula, Dilma e do PT não aprendeu com o mensalão. O esquema é o mesmo. Lamento que não tenhamos conseguido levar para uma sessão o uso das informações que temos aqui. Estamos diante da continuidade do braço indicado por Roberto Jefferson no mensalão”, afirmou.

O líder do Solidariedade na Câmara, deputado Fernando Francischini (PR), saiu em apoio às teses de Lorenzoni e também associou o ex-diretor da Petrobras ao escândalo do primeiro governo Lula. “É o mesmo mensalão, com maior gravidade, porque desta vez envolve não só parlamentares mas também governadores e ministros. Antes, o operador era Marcos Valério e agora é Paulo Roberto Costa. Acho que ele poderia contribuir muito com nosso país corrigindo erros do passado. É o maior escândalo de corrupção em nosso país”, garantiu. Francischini lembrou ainda que, por meio do suposto esquema, o ex-dirigente da estatal conseguiu reunir no exterior uma fortuna de US$ 123 milhões. Eles citaram nomes como Enivaldo Quadrado e Sandro Mabel, que estavam envolvidos no mensalão e figuram agora entre os investigados da Operação Lava a jato, um esquema que teria movimentado US$ 10 bilhões.

‘Espetáculo’

Os deputados da base aliada do governo petista por sua vez, aproveitaram os microfones para contra-atacar, citando denúncia de susposta compra de votos de parlamentares para a aprovação da reeleição durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e afirmando que as suspeitas não foram devidamente apuradas, como teria ocorrido nos casos levantados durante as gestões de Lula e de Dilma. O deputado Vicentinho (PT-SP) também lamentou o silêncio de Costa, que, segundo ele, alimentou o “espetáculo” dos trabalhos da CPI Mista e “transformou o governo em terra arrasada”. No entanto, disse que “o povo brasileiro não está preocupado com esse escândalo”, mas “feliz de ter saído da miséria, ter oportunidade de chegar à universidade e pleno emprego”.

Os ataques tiveram início antes mesmo da sessão, durante debate para definir se a oitiva seria aberta ou fechada. Mas Costa jogou um balde de água fria na discussão ao avisar que permaneceria em silêncio independentemente do formato. Como não obtiveram sucesso com o ex-diretor, os integrantes da CPI Mista resolveram pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para onde devem ser encaminhadas as declarações sigilosas de Costa. Ainda durante a sessão, foi marcada uma audiência hoje, às 18h, com o presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski, e o relator do caso, Teori Zavaschi, para mais uma vez tentar a liberação dos documentos à CPI.


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