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Estado de Minas MOBILIDADE

Eleitores apontam o que é preciso fazer para melhorar trânsito


postado em 07/09/2014 00:12 / atualizado em 07/09/2014 08:18

Marcelo da Fonseca

Rua Caetés, tarde de quarta-feira: moradores de Ribeirão das neves fazem duas filas para pegar o ônibus(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Rua Caetés, tarde de quarta-feira: moradores de Ribeirão das neves fazem duas filas para pegar o ônibus (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

A empregada doméstica Iris da Silva, de 51 anos, passa boa parte do seu dia no trajeto entre sua casa e o trabalho. São pelo menos quatro horas no metrô e no ônibus intermunicipal: duas para ir e mais duas para voltar de São José da Lapa até o Centro da capital. Situação parecida com a de milhares de trabalhadores que usam o transporte público na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Nesta semana, o Estado de Minas acompanhou a rotina de vários cidadãos nos ônibus que ligam a capital aos municípios vizinhos e bairros da cidade, no metrô, no aeroporto de Confins e no trem de passageiros que vai até o Espirito Santo, além de trabalhadores do setor, como caminhoneiros, taxistas e motoristas de ônibus. Apesar de muitos apontarem melhorias no transporte público nos últimos anos, ainda é grande a insatisfação com os vagões lotados, demora nos pontos de ônibus e o tempo perdido em congestionamentos. A reportagem é a terceira da série “A vontade do eleitor”, que traz propostas da população para melhorar algumas áreas do serviço público. Para o setor de transporte, não faltaram sugestões para os governantes que chegarão ao poder a partir de 2015.

Entre as demandas que partem das ruas estão pedidos por grandes obras, como a ampliação do metrô, um anel viário ligando os municípios da região e a construção de vias expressas interligando os bairros de BH. No entanto, a própria população se mostra descrente quanto à possibilidade de que essas obras, prometidas há anos, saiam do papel em curto prazo. A vontade do eleitor então se volta para ações menos trabalhosas e que, se implementadas, podem resultar em uma melhoria significativa no dia a dia dos usuários do transporte público e dos motoristas.

Para os usuários do metrô, o principal pedido é pela redução no intervalo entre as viagens, principalmente nos horários de pico, nas primeiras horas da manhã e no final da tarde. Segundo o site da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), nos horários de pico o metrô passa com um intervalo de 4 a 7 minutos, mas, segundo os passageiros, o tempo mínimo entre um trem e outro é de 7 minutos e às vezes nem mesmo esse intervalo é seguido à risca. “Pego o metrô na Estação Vilarinho, depois de uma hora no ônibus intermunicipal. A viagem é desconfortável e os vagões já saem da primeira estação lotados. O trem passa sempre cheio e muitas vezes as pessoas não conseguem entrar nas estações seguintes e precisam esperar as outras viagens”, conta Iris da Silva.

No asfalto, as demandas de motoristas de carro são por obras que aliviem o trânsito em lugares estratégicos, com a construção de trincheiras nas principais avenidas da cidade. Motoristas pedem também uma fiscalização maior para que as pessoas respeitem as leis de trânsito e procurem ser mais educadas no volante.

Já os ciclistas esperam uma valorização para os transportes não motorizados, como alternativa para quem deseja evitar o trânsito caótico. “O uso de não motorizados precisa entrar de vez nos programas de governo. Uma boa opção para os candidatos seria procurar ONGs e entidades que apoiam os ciclistas para ouvir suas demandas e valorizar essas ações durante o governo”, opina a carioca Karla Fernandes, 40 anos, que mora em BH há dois anos e adotou a bicicleta como meio de transporte.

A série

Desde o mês passado, o Estado de Minas publica a série semanal de reportagens “A vontade do eleitor”. Longe dos palanques políticos e da corrida eleitoral, os cidadãos comuns, que vivem na pele os problemas, propõem medidas a serem implementadas pelos futuros governantes em áreas essenciais. Nas duas primeiras reportagens, os eleitores falaram sobre suas demandas para a saúde e educação.

Pouco espaço para os ciclistas Karla Fernandes, pesquisadora

 

A carioca Karla Fernandes adotou a bicicleta como meio de transporte. Há dois anos trabalhando em BH, ela usa as ciclovias da Região Centro-Sul para ir ao trabalho na região hospitalar. Ela avalia que o número de usuários do transporte não motorizado – bicicletas, patins, skates – pode crescer nos próximos anos, mas isso dependerá de investimentos dos governantes. “O uso de transportes não motorizados precisa entrar de vez nos programas de governo. É uma opção interessante para a mobilidade urbana e que já vem sendo adotada em muitas cidades”. Ela compara o transito da capital com São Paulo e Rio, e vê BH um passo atrás na questão da educação. “Por aqui as pessoas parecem não perceber que o trânsito é um ambiente coletivo e que o espaço do outro precisa ser respeitado.”

Proposta: Incluir modalidades de transportes não motorizados nos planos de governos e expandir programas educativos para o transporte público

Insegurança na estrada Pedro Paim, caminhoneiro 

Motorista experiente nas estradas mineiras, Pedro Paim descansava no final da tarde de quarta-feira no posto do Chefão, na BR-040, na saída para o Rio de Janeiro, depois de transportar 12 cavalos até Pirapora, no Norte do estado. Ele apontou várias propostas para melhorar a vida de quem passa horas do dia no asfalto, como por exemplo, a manutenção do pavimento. “O asfalto, em alguns lugares, parece ter uma resistência menor, porque rapidamente estão em péssimas condições de uso. Falta uma manutenção mais constante e eficaz”, avalia. No entanto, sua vontade principal está ligada às questões de segurança nas estradas. “Faltam também os pontos de apoio para os caminhoneiros. Postos ativos das polícias rodoviárias que impeçam a ação de ladrões.”, afirma Pedro.

Proposta: Criar mais pontos de apoio e fiscalização nas estradas federais e estaduais

Falta padronização Pedro Lino Dias, motorista

 

No volante há 34 pelas ruas de BH conduzindo coletivos na região Central, o motorista Pedro Lino Dias relata avanços no transporte público da capital desde que começou a trabalhar até hoje. No entanto, muita coisa ainda precisa ser feita para que os usuários tenham acesso a um transporte de qualidade e resolvam deixar seus carros na garagem. “Ainda pecamos em questões de infraestrutura. Nos pontos de ônibus, por exemplo, podemos ver problemas que atrapalham a vida do motorista e dos passageiros. Em alguns pontos é impossível encostar próximo ao passeio para que o usuário suba porque árvores ou postes invadem as pistas e alguns passeios são mais baixos do que outros”, afirma Pedro.

Proposta: Padronizar e investir na manutenção dos pontos de ônibus 

Longa viagem ao aeroporto Rodrigo Freitas, administrador

 

O belo-horizontino Rodrigo Freitas, de 29 anos, desembarcou em Confins na noite de sexta-feira vindo de São Paulo e levou mais de uma hora no trajeto do aeroporto até o ponto do ônibus da Conexão na Avenida Álvares Cabral, no Bairro de Lourdes – tempo maior do que a viagem no ar. Ele se disse surpreso com a boa estrutura do aeroporto, mas criticou o trânsito pesado e a falta de opções para chegar até o centro. “Esperava ver um aeroporto mais bagunçado, por causa das obras de ampliação. O que percebo que pode melhorar muito é a mobilidade entre BH e o aeroporto.”

Proposta: Ligar o aeroporto de Confins ao centro de BH por meio de transporte sobre trilhos

Aperto no metrô Leandra Ferreira, secretária 

“Mesmo pegando o metrô na primeira estação, no Eldorado, viajo sempre em pé. Nas estações seguintes o metrô fica completamente lotado e as pessoas praticamente lutam por espaço”, conta a secretária Leandra Ferreira, de 28 anos. Usuária do metrô há vários anos, ela conta que o horário mais complicado para usar esse meio de transporte é na parte da manhã, entre 7h e 9h, quando muitas pessoas não conseguem embarcar nos trens e precisam esperar uma ou duas viagens nas estações. “De manhã e uma confusão para conseguir entrar, as pessoas viajam espremidas e muitas vezes não conseguem embarcar.

Proposta: Reduzir o intervalo de tempo entre as viagens do metrô

 

 


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