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Estado de Minas

Ranking de desenvolvimento coloca resultado no meio do tiroteio eleitoral

Governo comemora avanço de uma posição do Brasil no ranking de desenvolvimento, mas contesta dados. Oposição critica crescimento lento e menos acelerado que o de vizinhos


postado em 25/07/2014 00:12 / atualizado em 25/07/2014 07:38

Ainda muito desigual: BH na 20ª posição em desenvolvimento e, logo ao lado, Ribeirão das Neves, na 2.332ª(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Ainda muito desigual: BH na 20ª posição em desenvolvimento e, logo ao lado, Ribeirão das Neves, na 2.332ª (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Brasília – O retrato brasileiro pintado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), ao lançar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 2013, nessa quinta-feira, serviu de munição tanto para a oposição quanto para o governo. Enquanto o Palácio do Planalto escalou ministros para comemorar a subida do Brasil no ranking mundial e contestar os dados usados pela agência da Organização das Nações Unidas (ONU), os adversários da presidente Dilma Rousseff criticaram o ritmo lento do crescimento do IDH brasileiro, menos acelerado que o de países vizinhos na América Latina e do Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).


O Pnud avaliou o cenário de 187 países, destacando três dimensões como critério: vida longa e saudável, educação e padrão de vida decente. No ranking, o Brasil está em 79ª posição,
uma acima do ano passado, o que o coloca entre os países considerados com alto IDH. Na escala de 0 a 1, em que quanto mais próximo do 1 maior o desenvolvimento, o país está com 0,744, contra 0,742 em 2012. Ajustado à desigualdade social, no entanto, o IDH mostra que, embora esteja se tornando mais desenvolvido, o Brasil ainda é muito desigual. Sob essa ótica, o índice cai 27%, fechando em 0,542.

Adversário de Dilma nas urnas em outubro, o senador Aécio Neves (PSDB) disse que é necessário reconhecer o avanço do Brasil nas últimas décadas, mas também superar a desigualdade social. “(O IDH) revela a necessidade de políticas públicas que promovam o desenvolvimento regional, diminuindo a desigualdade entre as regiões do país. Hoje, poucos estados são responsáveis por elevar o IDH brasileiro. As diferenças precisam diminuir também entre cidades, bairros e famílias, pelas quais a ação governamental precisa começar.”


O IDH não mede o desenvolvimento por município no país. Mas o Atlas do Desenvolvimento Humano Brasil, divulgado pelo Pnud em 2013, mostra essas disparidades. O Distrito Federal, por exemplo, é apontado com um dos melhores índices de renda, longevidade e educação, recebendo a classificação de “muito alto” desenvolvimento. Mas, logo ao lado, no Entorno, em cidades como o Novo Gama, a realidade é outra. O desenvolvimento é "médio". Enquanto Brasília ficou na 9ª posição no ranking, Novo Gama ficou em 2.332ª.


Para o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, a desigualdade “reflete a leniência do governo com as políticas sociais”. “São insuficientes para melhorar. Há muita concentração de riqueza e políticas muito frágeis para avançar em áreas como saneamento. É importante reconhecer que houve avanço, mas ainda fizemos muito pouco em termos de políticas sociais.”


Já o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy, critica a lentidão do crescimento. “Isso é claramente percebido pela população. A realidade é bem diferente da propaganda do PT. Mostra que o governo perdeu tempo. Foi negligente durante a última década. Tivemos muitas oportunidades de surfar na onda do crescimento mundial, mas o PT procurou o caminho mais fácil ao fazer apenas políticas de distribuição de renda, sem observar outros fatores importantes”, ataca. A desigualdade também diminui em ritmo lento. Em 2011, o IDH caía 27,2% quando se ajustava ao item, ou seja, apenas 0,2 ponto percentual a mais que 2013.


O dado que reforça o ritmo lento de crescimento brasileiro é que, embora tenha subido no ranking de 2012 para 2013, o país perdeu quatro posições entre 2008 e 2013. O IDH do Brasil avançou de 0,731 em 2008 para 0,744 em 2013. Em outras palavras, outros países cresceram mais rápido que o Brasil no período.

COMEMORAÇÃO Já o governo brasileiro comemorou o aumento do IDH. Os ministros do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, da Saúde, Arthur Chioro, e da Educação, Henrique Paim, fizeram uma análise dos avanços em cada área, mas contestaram os dados usados pelo Pnud. “O governo avalia de maneira muito positiva. O país é citado quase 20 vezes pelo relatório, sempre destacando os avanços”, diz Tereza, acrescentando que “temos dados mais atualizados sobre a maioria dos itens usados para compor o IDH, mas o Pnud usa antigos”. “Queremos uma comparação com dados recentes para mostrar realmente o quanto avançamos nos últimos anos."
O governo recalculou o índice usando dados atualizados. Para Tereza, o IDH brasileiro é de 0,764. Embora a ministra tenha dito que, com esse novo índice, o Brasil subiria para 67ª posição no ranking, não e possível fazer essa comparação, pois o governo não recalculou o IDH de outros países que compõem a lista do Pnud. Como uma das apostas para melhorar a posição do Brasil no próximo ranking, Chioro citou a adoção do programa Mais Médicos, um dos carros-chefes da propaganda petista nas eleições deste ano.

RELATÓRIO O Pnud lançou nessa quinta-feira, em Tóquio, o Relatório do Desenvolvimento Humano 2014. Na nota técnica sobre o Brasil, a agência destaca os avanços do país. Para Jorge Chediek, coordenador-residente do Sistema Nações Unidas no Brasil e representante-residente do Pnud no Brasil, o investimento em programas sociais foi um dos responsáveis pela subida do país no ranking. “Muitas pessoas falam da ideia de que tem de ter programas de saída, mas às vezes, não vai ser possível que as pessoas saiam permanentemente da pobreza, porque têm um capital social muito baixo. A educação muito baixa, elas pertencem a regiões muito pobres, têm pouco capital social”, diz.
O relatório traz ainda dois outros índices: Pobreza Multidimensional e Desenvolvimento de Gênero. O primeiro é uma tentativa de identificar a pobreza não apenas pela renda per capita, mas também por privações em áreas como saúde, educação e padrão de vida. No Brasil, 3,1% da população é multidimensionalmente pobre. Já o segundo é de 0,441 e, de acordo com Chediek, destaca que é necessário aumentar a presença feminina especialmente na política.




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