Rio - Setenta e oito jornalistas foram assassinados por causa de sua atividade profissional entre janeiro de 2010 e dezembro de 2013 nos 35 países do continente americano. O número é da Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, órgão da Organização dos Estados Americanos.
O texto, preparado pela relatora e advogada colombiana Catalina Botero, aponta que quase um terço dos atos violentos (homicídios, agressões, ameaças, episódios de hostilidade) é cometida por agentes estatais. As perseguições são reação a denúncias de ações contra o meio ambiente, narcotráfico, grupos mafiosos e casos de impunidade.
Embora as considerações sobre o Brasil sejam, em geral, positivas - com destaque à atuação da Justiça no caso jornalista Tim Lopes, morto em 2002 e cujos assassinos foram condenados -, a relatoria cobra do País a implementação do Plano Nacional de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, medida de proteção aos profissionais do setor.
"Os Estados devem adotar um discurso público que contribua para a prevenção e instruir suas forças de segurança para que respeitem os jornalistas e mantenham estatísticas precisas sobre a violência contra eles", acrescenta o relatório. Os números da CIDH estão um pouco abaixo dos 94 mortos divulgados antes pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) para esse mesmo período, mas que somam mortos e desaparecidos. A SIP aponta 31 mortos em 2010, 24 em 20112, 23 em 2012 e 16 em2013. Desses crimes, 14 foram cometidos no Brasil. Os países mais violentos foram México, com 29 mortos e Honduras com 19.