(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas EXUMAÇÃO

Para autoridades, resgate de João Goulart é reabilitacão da importância do ex-presidente


postado em 15/11/2013 07:19 / atualizado em 15/11/2013 07:30

Depois de 37 anos da sua morte, Jango recebe honras fúnebres de chefe de Estado, em cerimônia com presença de Dilma e Lula, além de familiares(foto: Marcelo Ferreira/CB/DA Press)
Depois de 37 anos da sua morte, Jango recebe honras fúnebres de chefe de Estado, em cerimônia com presença de Dilma e Lula, além de familiares (foto: Marcelo Ferreira/CB/DA Press)


Brasília – Em 5 de dezembro de 1976, morria em uma fazenda na província de Mercedes, na Argentina, o ex-presidente da República João Goulart. Na ocasião, os preparativos fúnebres se resumiram a um tamponamento com algodão da boca e das narinas, para impedir o fluxo de líquidos. Os mandatários militares não permitiram que Jango retornasse a Brasília. Dias depois do falecimento, o corpo foi enterrado numa cerimônia simples, no jazigo dos Goulart, em São Borja (RS). Ontem, quase 37 anos depois, Jango recebeu as honras fúnebres devidas a um chefe de Estado. A urna contendo os restos mortais do ex-presidente foi recebida em cerimônia no começo da tarde de ontem, na Base Aérea de Brasília.

A chegada dos despojos de Jango foi saudada com a execução do Hino Nacional e da Marcha Fúnebre e com o disparo de 21 tiros de canhão. Além da presidente Dilma Rousseff, participaram os antecessores Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Collor de Mello e José Sarney, além de diversos parlamentares e integrantes do primeiro escalão do governo. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se recupera de uma diverticulite e não compareceu. Usando trajes de gala, militares das três forças receberam o corpo do ex-presidente. A família de Jango acompanhou toda a cerimônia ao lado das autoridades. Ao fim do evento, a presidente Dilma e a viúva de Jango, Maria Thereza Goulart, depositaram uma coroa de flores sobre a urna mortuária.

Democracia Dilma deixou o local sem falar à imprensa. No Twitter, a presidente escreveu que a exumação e a cerimônia representavam uma "afirmação da democracia" no país. "Hoje é um dia de encontro do Brasil, com a sua história. Como chefe de Estado da República Federativa do Brasil participo da recepção aos restos mortais de João Goulart, único presidente a morrer no exílio, em circunstâncias ainda a serem esclarecidas por exames periciais (...). Este é um gesto do Estado brasileiro para homenagear o ex-presidente João Goulart e sua memória", afirmou.

O professor de história contemporânea da Universidade de Brasília Antônio José Barbosa concorda. Ele lembra que, durante muito tempo, Jango foi considerado uma personagem menor da história nacional. "Jango foi o único presidente brasileiro condenado a morrer no exterior. O que aconteceu com ele é talvez uma das coisas mais dolorosas para um personagem histórico, que é ser relegado ao esquecimento, em que ele esteve durante muitos anos. Houve um esforço para apagar João Goulart da memória coletiva do povo brasileiro", diz.

O professor lembra que Jango foi eleito vice-presidente duas vezes, numa época em que presidente e vice concorriam em pleitos diferentes e podiam ser, inclusive, de partidos opostos. "Em 1955, ele foi eleito vice com quase 500 mil votos a mais que o presidente Juscelino Kubitschek. E em 1960 foi eleito novamente vice-presidente, desta vez com Jânio Quadros. Isso mostra que ele era um político admirado, reconhecido pela população. Enquanto presidente, ele tentou dar uma ‘face humana’ ao capitalismo brasileiro." Durante muito tempo, ele foi visto pela historiografia como um personagem menor. “A despeito dos seus méritos, ele era visto pela esquerda como ‘frouxo’ demais, e pela direita como uma marionete de Moscou", analisa o professor.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)