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Estado de Minas

'Dilmécio' vira dilema entre eleitores de Minas

Eleitores de cidade mineira que deu mais de 80% dos votos a Dilma para presidente em 2010 e mais de 90% a Aécio para governador em 2006 terão agora de decidir entre os dois adversários


postado em 20/10/2013 06:00 / atualizado em 20/10/2013 07:19

Congonhas do Norte – “Vixi! É mesmo? Vai ser um contra o outro? É... vamos ver agora...”, diz pensativa a cantineira Patrícia Santos de Carvalho, de 36 anos, moradora de Congonhas do Norte, ao ser perguntada em quem vai votar para presidente nas próximas eleições. Quando ficou sabendo que a presidente Dilma Rousseff (PT), em quem votou em 2010, vai ser adversária na corrida presidencial do senador Aécio Neves (PSDB), que ela ajudou a eleger em 2006 e 2002 para o governo estadual, a cantineira hesitou. A dúvida de Patrícia vai ser a mesma de grande parte dos quase 4 mil eleitores da pequena cidade na Região Central, no limite com o Vale do Jequitinhonha.


Congonhas do Norte é um retrato do que ocorreu nas duas últimas eleições para presidente e governador em Minas Gerais, quando dois fenômenos se manifestaram: Lulécio, em 2006, e Dilmasia, em 2010. Naqueles anos, foi corriqueiro entre boa parte dos 853 municípios mineiros que o mesmo eleitor do PT para presidente votasse no candidato do PSDB para o governo. Em 2006, 91,9% ajudaram a eleger Aécio no primeiro turno, enquanto 88,43% votaram em Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar o Palácio do Planalto. Já em 2010, 83,93% na cidade escolheram Dilma para presidente e 84,46% votaram em Anastasia para o governo de Minas.

“No interior o pessoal não vota olhando partido”, tenta explicar o prefeito de Congonhas do Norte, Ricardo Queiroz Reis (DEM). No cenário nacional, os democratas fazem oposição ferrenha ao PT, mas em Congonhas o nome de urna do prefeito nas eleições do ano passado foi Ricardo de João de Levi, uma referência ao pai dele, o João de Levi, que já foi vice-prefeito e é filiado ao PT.

Na análise do prefeito, a presidente Dilma deve levar a melhor na cidade no próximo pleito, mas ele destaca que vota em Aécio Neves. “A Dilma é forte porque a cidade é pobre e o pessoal carente depende do Bolsa-Família”, entende o prefeito. “O Bolsa-Família é uma espécie de compra de voto disfarçada”, ataca, fazendo coro ao discurso radical da oposição.

Se o prefeito critica o principal programa social implementado pelos governos do PT, que teve início durante o mandato de Luiz Inácio Lula da Silva e persistiu com Dilma, ele corteja uma das joias da coroa criadas por Dilma, o programa Mais Médicos. “Fiz o cadastro, mas não fomos contemplados”, lamenta. A cidade tem dois médicos contratados e cada um recebe R$ 22 mil por mês, mais que o dobro do que recebe o prefeito: R$ 10 mil.

Indiferente às intrigas políticas, Nilda Alves, de 47 anos, depende dos        R$ 212 que recebe do Bolsa-Família para sustentar a família. “Voto sempre na Dilma por causa do Lula, que tirou a gente da pobreza”, afirma Nilda, que também votou em Aécio nas duas vezes que o senador foi eleito ao governo do estado. Antes de receber o benefício, ela lembra que era comum se alimentar apenas de sopa de mandioca. “O importante é ter o Bolsa-Família”, reforça Nilda.

O balconista de farmácia Ronivon Mendes é filiado ao PSDB e entende que o programa é importante, mas na análise dele a cidade precisa de uma indústria para gerar empregos e não ficar dependente somente dos benefícios. Ronivon garante que votará no senador tucano e destaca a obra feita durante o governo do PSDB, que asfaltou os 44 quilômetros que ligam a cidade até a vizinha Conceição do Mato Dentro, passando a ser o único trajeto asfaltado até Congonhas do Norte.

O produtor rural José Miguel Ferreira, morador do distrito rural de Santa Cruz do Alves, é plantador de quiabo e não gosta do benefício concedido pelo governo federal. “O pessoal não quer trabalhar”, argumenta. O amigo dele Geraldo da Rocha, que é lavrador, pensa diferente. “Só não gosta quem não é fraco. Isso (Bolsa-Família) ajuda demais. Agora, posso deixar meus filhos se formarem, sem precisar trabalhar”, entende Geraldo. Ambos foram eleitores de Dilma e Aécio em eleições passadas, mas no pleito do ano que vem vão ter de votar em candidatos diferentes. José Miguel diz escolher Aécio e Geraldo vai com Dilma.

 

Politiquês/Português
Dilmasia
Dilmasia é a denominação de um movimento eleitoral não oficial de prefeitos mineiros em 2010 que defendia o voto na candidatura de Dilma Rousseff (PT) para presidente e Antonio Anastasia (PSDB) para o governo mineiro, a despeito das determinações de seus partidos. Fenômeno semelhante ao que ocorreu com Lula (PT) e Aécio Neves (PSDB), o Lulécio, na eleição anterior, em 2006.


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