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Estado de Minas

Sem medo de novas polêmicas, deputado Marco Feliciano fala ao EM

Em BH, pastor afirma que se tornou um deputado grande dentro de uma legenda pequena


postado em 19/08/2013 00:12 / atualizado em 19/08/2013 07:45

"Criaram de março para cá um crime que não existe na nossa legislação, que é o crime de opinião", avalia o deputado Marco Feliciano (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)

O pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) pode ser candidato a presidente da República no ano que vem. Sem se fazer de rogado, ele afirma que foi procurado por diversos partidos e está estudando as possibilidades para servir melhor à nação. “Acabei me tornando um deputado grande dentro de um partido pequeno”, declarou o sempre polêmico religioso em entrevista ao Estado de Minas, suado e cercado por pessoas que queriam tirar fotos, depois de conduzir um culto por quase uma hora na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte, na noite de sexta-feira. A cerimônia durou 2 horas e 15 minutos e estava apinhada de fiéis, que se amontoavam até a calçada da igreja para ouvir sua pregação. O recolhimento do dízimo foi feito da maneira tradicional, mas também em doações de quantias em cartão de crédito e débito.

No púlpito, à vontade e desfilando o seu vernáculo afiado – como ele mesmo falou –, o pastor discursou sobre o apóstolo Pedro e fez uma digressão sobre política e acerca da sua fama instantânea. “Tentaram me derrubar, me perseguiram. Os jornalistas faziam apostas sobre quando eu ia cair. Agora tem gente que vira para mim e me diz que eu vou ter um milhão de votos no ano que vem. Nem sei se vou ser candidato ainda. Calma, gente”, ele disse em certo momento. “Posso deixar de ser político, mas nunca vou deixar de ser profeta”, garantiu posteriormente aos presentes.

Feliciano criticou as escolas brasileiras, que considera “tomadas de socialismo”. E questionou longamente a Teoria da Evolução: “elas ensinam a teoria de Charles Darwin, por que não ensinam a teoria de Moisés? A teoria de Adão e Eva não é aceita, mas a do macaco é?”. Feliciano disse aos fiéis que é contra todo tipo de preconceito e que nunca odiou os gays.

“Ele é santo, ele é santo, é santo”, berrava uma mulher insistentemente próximo do final da pregação em um frenesi que chamou a atenção dos seguranças do templo. A catarse que sucedeu as últimas palavras do pastor foi geral e muitas pessoas choravam e gritavam. “Peço que todo mundo ore pelo pastor Marco Feliciano. Deus tem uma cadeira importante para ele se assentar no ano que vem”, foram as palavras do pastor Marcos Borges que encerraram a cerimônia, sem esconder um certo clima de pré-campanha.

O senhor falou no culto sobre as eleições do ano que vem e o senhor tem viajado muito ultimamente Há possibilidades de o senhor disputar um cargo majoritário?
A gente não sabe o que vai acontecer ainda. Tenho sido procurado por alguns partidos, partidos pequenos, e o meu partido vai ter uma candidatura majoritária, mas as coisas ainda estão muito nubladas e estão acontecendo muito rápido. Tenho sido procurado por diversos partidos para disputar outros cargos. Nesse momento eu não sei o que vai acontecer, mas o que for acontecer tem que acontecer até setembro, que é a data-limite para trocar de partido.

Então, existe a possibilidade de o senhor trocar de partido?
Tenho sido procurado e tenho procurado uma forma de servir melhor à nação. Tornei-me um deputado grande, entre aspas, dentro de um partido pequeno. Isso pegou o partido de surpresa, pegou a gente de surpresa, então nós ainda não conseguimos entender o que está acontecendo. O que era para matar, deu vida ao partido, nós crescemos no país inteiro, o PSC cresceu no país inteiro assustadoramente, então nós estamos estudando. Tudo está sendo estudado.

A sua atuação à frente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara tem sido cercada de polêmicas. Como o senhor avalia a sua participação nela?
Minha atuação não tem sido mais polêmica. Porque estamos trabalhando mais do que todas as comissões anteriores. O que nós fizemos nesses cinco meses diante de luta e de alguns protestos no começo – agora acabaram todos eles –, aquela comissão não fez em 10 anos. A comissão vai de vento em popa. Não vejo mais polêmicas. Encontro pessoas isoladas, como aconteceu no avião nessa semana que passou. Mas olha a multidão que está comigo. Só o povo que estava dentro dessa igreja aqui hoje é maior do que todo o povo que já se manifestou contra mim desde março.

Alguma vez o senhor se sentiu acuado? O senhor sofreu ameaças?
Várias vezes. O problema é que os ativistas acabam sendo radicais. Todo radicalismo é perigoso. Quem me conhece sabe que nunca fui radical. Tenho posicionamentos e mantenho meus posicionamentos. Estamos no Estado democrático de direito, e nesse estado não se pode criminalizar opinião. Criaram de março para cá um crime que não existe dentro da nossa legislação, que é o crime de opinião, ou seja, eu não posso ter minha opinião. Neste país pode-se falar de tudo, da presidente da República, de um cantor, de jornal, pode-se falar de tudo, menos do grupo que me persegue. Isso é perigoso, isso é ditadura.

No culto, o senhor comentou os católicos. Como senhor vê o papa Francisco e como o senhor avalia a recente visita dele ao país?
Foi perfeita a visita dele. Ele é um jesuíta. Como disse aqui, fui católico romano e  vejo nesse papa uma pessoa do bem, um evangelista por natureza. Ele também passou por dificuldades aqui, ele também sofreu pressão do mesmo grupo que me pressiona. E houve até coisas piores, pegaram imagens de santos e quebraram no meio da rua, fizeram atos obscenos, então isso mostra que tanto a Igreja Católica quanto a Igreja Evangélica têm os mesmos princípios. Podemos divergir nos dogmas, mas nos principais, na nossa base, há mais coisas que nos unem do que nos separam. Sou hoje amigo dos católicos. Não é tempo de separação, não é tempo de guerra, é tempo de união, porque se não houver uma união das igrejas hoje, dentro de 15 anos o cristianismo na América do Sul vai estar vivendo dias de quase extinção. Como ocorreu na Europa, onde a maioria dos países hoje é ateia.


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