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Estado de Minas

Depois de ganhar no Senado, PMDB deve faturar também a Presidência da Câmara

Mesmo com resultado praticamente certo a favor de Henrique Alves (RN), PMDB trabalha para evitar eventual segundo turno na eleição que define hoje a Presidência da Câmara


postado em 04/02/2013 06:00 / atualizado em 04/02/2013 07:54

Juliana Colares e Paulo de Tarso Lyra

Henrique Eduardo Alves é apontado como favorito para ganhar a disputa(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Henrique Eduardo Alves é apontado como favorito para ganhar a disputa (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)

Brasília –
O PMDB tenta nesta segunda-feira, em uma atípica manhã movimentada de segunda-feira no Congresso, completar o dueto que comandará o Legislativo pelos próximos dois anos. Apoiado pela presidente Dilma Rousseff, o candidato do partido, Henrique Eduardo Alves (RN), disputa a Presidência da Câmara com a companheira de bancada Rose de Freitas (ES), o candidato do PSB, Júlio Delgado (MG), e o do PSOL, Chico Alencar (RJ). O aval do Planalto, ainda que a contragosto – a exemplo do que ocorreu com Renan Calheiros (PMDB-AL) na eleição do Senado –, representa a garantia de Dilma que a aliança com o PMDB em 2014 está mantida. Interessado em fissuras nessa parceria, o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, estimulou a permanência de Delgado como candidato.

A possibilidade de surpresas na votação já preocupava Dilma no ano passado. Em encontros separados com peemedebistas e socialistas, ela lembrou o “fantasma Severino Cavalcanti”, quando o rei do baixo clero surpreendeu ao vencer o candidato do governo, Luiz Eduardo Greenhalgh (PT), em 2005. O PMDB – que elegeu com facilidade Renan Calheiros presidente do Senado na sexta-feira – tenta afastar a possibilidade de sustos na contagem de votos. Confiante nas alianças e na costura política que começou bem antes do início oficial da campanha, Eduardo Alves se deu até ao luxo de desfrutar dias de folga em janeiro com a família em Natal, enquanto os principais oponentes corriam contra o tempo na tentativa de angariar votos. Ainda assim, no mês passado o peemedebista viajou mais de 14 mil quilômetros. Esteve reunido com as bancadas de 10 estados, incluindo Pernambuco, terra do governador Eduardo Campos, cacique político de Júlio Delgado, um dos principais adversários de Henrique Eduardo Alves na disputa.

Para não deixar escapar por entre os dedos o cargo que está no segundo degrau na linha sucessória à Presidência da República, o investimento do parlamentar incluiu R$ 700 em torpedos e R$ 2 mil em panfletos. Sem contar os R$ 6,6 mil usados para pagar a impressão de 512 dos 2 mil exemplares do livro O que não quero esquecer, de autoria do deputado. A coletânea de discursos saiu do forno em dezembro e foi distribuída a cada um dos parlamentares da Casa, mas a assessoria de Eduardo Alves nega que o presentinho seja brinde de campanha. Júlio Delgado deu passos parecidos aos do opositor peemedebista durante a campanha. O socialista viajou cerca de 18 mil quilômetros e passou por 10 estados. Mais da metade deles também estavam no plano de voo de Eduardo Alves – Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, João Pessoa e Fortaleza.

O socialista desembolsou pouco mais de R$ 9 mil com passagens aéreas e outros R$ 1.440 com a impressão de 2 mil panfletos. “Parlamentares de alguns partidos não declararam oficialmente que vão votar em mim para não se exporem em relação aos seus blocos”, disse: “Estou convicto de que haverá segundo turno. Estamos caminhando a passos largos para isso. E no segundo turno a história vai ser outra”, afirma Delgado. Mesmo rechaçando as comparações, ele quer repetir a história de 2005. “Não sou Severino (Cavalcanti). Se tem alguém que responde a denúncias, esse não sou eu”, disse, referindo-se às informações divulgadas pela imprensa no mês passado de que Eduardo Alves teria direcionado emendas parlamentares para favorecer a empresa de um ex-assessor.

CONFIANÇA Quem também diz não ter dúvidas do segundo turno é Rose de Freitas. Mesmo sem apoio oficial do partido,  se lançou candidata com apoio inicial de 81 deputados, segundo as contas da assessoria da parlamentar. Com uma campanha bem mais barata, com passagem apenas por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, Rose não desacelerou nos últimos dias e tenta conseguir mais votos até o último minuto. O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) entrou na disputa poucos dias antes da votação. Sem acreditar na própria vitória, o parlamentar, que diz que se candidatou para enriquecer o debate, engrossa a lista dos anti-Eduardo Alves e rouba uns pontinhos do favorito, ajudando a levar a decisão ao segundo turno. Nesse caso, já indica quem possivelmente apoiaria: o candidato do PSB, Júlio Delgado.

Henrique Eduardo Alves
Aos 64 anos, está no 11º mandato consecutivo pelo RN, sendo o mais antigo deputado federal. É formado em direito e foi eleito pela primeira vez em 1971. É favorito ao cargo de presidente da Câmara, com aval do Planalto. Em 2002, seria o vice de José Serra na disputa pelo Planalto, mas teve de abrir mão da vaga após a ex-mulher denunciar contas secretas no exterior. Recentemente, se envolveu em denúncias de direcionamento de emendas parlamentares para favorecer um ex-assessor é sócio.

Júlio Delgado
Formado em direito, começou a se envolver com política ainda na faculdade. Foi eleito três vezes prefeito de Juiz de Fora, na Zona da Mata, e está no quarto mandato consecutivo como deputado federal por Minas. Em 2005, foi relator do processo de cassação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o que lhe rendeu ódios no PT. Recentemente se aproximou do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, que o incentivou a continuar na disputa pela Presidência da Câmara.

Rose de Freitas
Jornalista, professora, produtora rural, projetista e agrimensora, foi deputada estadual de 1983 a 1987 e deputada federal constituinte entre 1987 e 1991. Está no sexto mandato de deputada federal pelo ES e exerceu nos dois últimos anos o cargo de primeira vice-presidente da Casa. Em 1988, participou da fundação do PSDB. Autorizou a votação do requerimento de urgência para análise dos vetos da partilha dos royalties, o que acabou lhe rendendo a antipatia de parlamentares fluminenses e capixabas.

Chico Alencar
Formado em história, Alencar foi líder de associação de moradores do Rio de Janeiro nos anos 1980. É professor e foi coordenador de Apoio ao Educando da Secretaria de Educação da capital fluminense. Pelo PT, foi vereador entre 1989 e 1996. Foi eleito deputado estadual em 1998. Ainda no PT, conseguiu se eleger deputado federal em 2002. Na eleição seguinte, concorreu pelo PSOL e venceu. Está no terceiro mandato consecutivo. Concorreu à Prefeitura do Rio duas vezes, mas não conseguiu se eleger.

 


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