(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Pacotão de combate à seca prevê apenas um investimento em Minas

Gestores de municípios mineiros que sofrem com a estiagem prolongada avaliam que o plano do governo federal contra a seca, anunciado nessa sexta-feira, não contemplou o estado como deveria


postado em 10/11/2012 06:00 / atualizado em 10/11/2012 07:09

Antes de se reunir com governadores na reunião da Sudene e lançar o plano contra a seca, a presidente Dilma inaugurou a Adutora do Algodão, em Guanambi, na Bahia, que vai atender mais de 100 mil pessoas(foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
Antes de se reunir com governadores na reunião da Sudene e lançar o plano contra a seca, a presidente Dilma inaugurou a Adutora do Algodão, em Guanambi, na Bahia, que vai atender mais de 100 mil pessoas (foto: Roberto Stuckert Filho/PR)


O anúncio do pacote de R$ 1,8 bilhão para a prevenção contra a seca ficou bem distante do que esperava a maioria dos municípios mineiros afetados pelos 10 meses de estiagem. Na primeira fase do plano, que prevê a aplicação imediata de R$ 1,06 bilhão, Minas será contemplada com apenas uma grande obra, a conclusão da Barragem de Mato Verde, no valor de R$ 48 milhões. Na segunda fase, outros R$ 90 milhões estão previstos para o estado, mas esse dinheiro é destinado a obras apenas em Montes Claros. Ainda foram reservados R$ 12,3 milhões para melhorias no sistema de abastecimento de água em nove cidades mineiras, mas as ações não foram detalhadas para as próprias prefeituras. Para os outros 82 municípios que decretaram situação de emergência por causa da falta de chuva e não foram contemplados restará torcer para que a seca seja menos cruel em 2013 e voltar a reivindicar soluções paliativas.

 Segundo estimativa da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams), nas regiões do Vale do Jequinhonha e Mucuri e no Norte do estado, este ano foram mais de 100 mil pessoas que passaram por situações críticas com a falta de água, a maior parte em áreas rurais. Gente como Maria Aparecida Soares, moradora de Francisco Sá, que sofre com a seca todos os anos e neste perdeu a lavoura de milho por causa da falta de água, como mostrou reportagem do Estado de Minas no início de outubro. Outro problema registrado pelo órgão e que vem aumentando cada vez mais é a saída em massa de moradores de pequenos municípios, que procuram médias e grandes cidades como opção de sobrevivência momentânea.

O secretário-geral da Amams, Luiz Lobo, explica que a situação nos últimos 10 meses resultou na pior seca enfrentada pela região em 50 anos e destacou que o êxodo para cidades de médio porte da região acabou criando outros problemas. “Houve impacto na agricultura e na pecuária, com morte de animais. Mas para muitos a situação foi crítica também para o abastecimento humano. Cidades de médio porte passam a receber entre 6 mil e 7 mil pessoas, quase uma pequena cidade inteira se mudando de lugar. É um quadro que não se sustenta, com a continuidade do cenário de pobreza”, afirma Lobo.

A reclamação que se repete ano a ano por parte dos municípios mineiros é quanto à falta de projetos maiores para criar novas opções para a população durante os períodos de seca. “A seca não se resolve, mas com obras duradouras e consistentes é possível criar opções para os período críticos do ano. Barragens em rios perenes, postos para captação de água de chuva e a perfuração de poços artesianos são algumas das soluções que precisam ser consideradas para nossos municípios de forma mais constante. O governo lança planos e mais planos para melhorar a convivência com a seca, mas a única coisa que vemos na prática são medidas paliativas, com caminhões pipas e cestas básicas todos os anos”, aponta Lobo.

Banana

Em Matias Cardoso, umas das cidades mais afetadas pela seca e que foi incluída na lista de nove municípios que receberão recursos por meio de parceria com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), a prefeitura ainda não tomou conhecimento do que será repassado pelo PAC Prevenção, mas o que não falta são demandas para atender a população. “Até agora não chegou nada para investimentos. Foram dois caminhões-pipa que mal deram para abastecer as casas, mas os prejuízos maiores ficaram com a perda de plantações e algumas pessoas tiveram que vender tudo a preço de banana para sobreviver”, conta o prefeito João de Barros (PT). Segundo o petista, ainda não foram acertados acordos com a Funasa para o próximo ano.

Outro município da lista da Funasa, Grão Mogol viu nos últimos meses grande parte das lagoas e tanques secarem e faltou água até mesmo para o consumo da população. O prefeito Jeferson Figueiredo (PP), no entanto, ainda não conhece o pacote anunciado ontem pela presidente Dilma Rousseff (PT). “A demanda é muito grande e não existe um contato direto com o governo federal. Tivemos dois caminhões-pipa contratados pelo Exército para nossa cidade, mas as demandas são muito maiores e se não houver aposta em prevenção, a situação vai se repetir”, afirma.

O prefeito de Janaúba, José Benedito Nunes (PT), comemorou como nunca a volta da chuva nesta semana, mas já prevê a repetição do cenário de dificuldades para 2013. “As soluções são bem conhecidas. Investir em pequenas barragens e cisternas para dar alternativas para a população. E as parcerias também estão sendo prometidas pelo Idene (Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas) e pela Codevast (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Paranaíba), mas se os governos não tiverem vontade e agilizar essas obras ficará difícil. A burocracia é sempre muito grande e não se consegue resolver quase nada em quatro anos”, cobrou o petista.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)