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Estado de Minas

PF cercará cemitérios clandestinos da ditadura

Ministério da Justiça determina à Polícia Federal o isolamento de áreas supostamente usadas para ocultação de corpos de militantes de esquerda mortos durante a repressão


postado em 01/06/2012 06:00 / atualizado em 01/06/2012 08:20

O Ministério da Justiça determinou o isolamento de áreas suspeitas de terem sido usadas como cemitérios clandestinos na ditadura militar para o enterro de militantes políticos de esquerda. O objetivo é tentar resguardar provas de assassinatos cometidos no período por agentes da repressão. O ministério, por motivos estratégicos, não confirmou a decisão, mas a presidente da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, Luíza Erundina (PSB-SP), já dá como certo o início da proteção às áreas. “Se quisermos de fato chegar à verdade, é preciso ter cuidado com todas as possíveis fontes de informação”, afirmou. A deputada afirma ter feito o pedido duas vezes ao governo. A guarda dos locais ficará sob a responsabilidade da Polícia Federal.

Um dos cemitérios clandestinos fica na Região Metropolitana de Belo Horizonte. No livro Memórias de uma guerra suja, o ex-delegado do extinto Departamento de Ordem Política e Social (Dops), Cláudio Guerra, revela ter enterrado em uma área a 50 quilômetros da capital, em direção a Itabira, o corpo do dirigente do PCB em Minas Gerais Nestor Vera, sequestrado por agentes da repressão em BH em 1º de abril de 1975.

Na quarta-feira, o presidente da Fórum Mineiro de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, assinou carta enviada ao governo federal em que pede o isolamento da área em que Veras teria sido enterrado. Há cerca de um mês, agentes da Polícia Federal estiveram no local guiados por Vera mas, segundo Miranda, ex-secretário nacional de Direitos Humanos, não levaram as investigações adiante. O temor do presidente da entidade é que a área possa ter sido violada.

O documento do fórum foi encaminhado à Secretaria Nacional dos Direitos Humanos e ao Ministério da Justiça. As pastas, no entanto, já vinham sendo pressionadas sobre a vigilância das áreas suspeitas de terem sido usadas para ocultação de cadáveres durante a ditadura militar.

O ex-delegado do Dops, que passou a frequentar uma igreja evangélica, afirma ter participado da morte de mais militantes políticos em outros estados do país. Guerra, depois de passar dez anos na cadeia, cumpre prisão domiciliar em Vitória por homicídios não relacionados ao período da repressão. Na tarde de segunda e na manhã de terça, o ex-delegado foi ouvido por procuradores de Minas Gerais, do Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro em Vitória.

Desaparecimento

Nestor Vera, segundo relato do ex-delegado no livro, foi torturado na delegacia da Polícia Civil na Rua Uberaba, número 175, Bairro Santo Agostinho. O último contato do militante político com amigos ou familiares ocorreu no Centro de Belo Horizonte. De carro, os companheiros de partido de Vera, Paulo Elisiário e Sebastião Neres, deixaram o colega na avenida Olegário Maciel, vindos de uma reunião no Bairro Santa Mônica, Região Norte de Belo Horizonte. O destino do dirigente seria a rodoviária, de onde tomaria um ônibus para São Paulo. Durante anos acreditou-se que Vera tivesse feito a viagem e desaparecido depois da chegada.

 


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