(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Colegiado externa as cicatrizes da ditadura


postado em 15/05/2012 06:00 / atualizado em 15/05/2012 07:40

Brasília – A dois dias do anúncio oficial da instalação da Comissão da Verdade, que analisará violações de direitos humanos no Brasil durante o regime militar, manifestantes e autoridades divergiram nessa segunda-feira quanto aos poderes do colegiado. De um lado, cerca de 250 pessoas foram às ruas em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Guarujá (SP) para pedir o julgamento dos acusados de torturas. Do outro, o vice-presidente da República, Michel Temer, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ressaltaram que o caráter do grupo não será de vingança ou revanchismo, mas de revisão histórica. Temer chegou a falar que a comissão tem como mote “pacificar” o país.

“Eu acho que a apuração da verdade dos fatos vai, na realidade, em vez de tumultuar, pacificar o país”, disse Temer, durante sessão em homenagem ao PMDB no Senado. Já Fernando Henrique, escolhido durante o fim de semana para receber o Prêmio Kluge da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, pediu que a Comissão da Verdade adote como modelo de atuação o colegiado da África do Sul, responsável por revisar os abusos cometidos durante o regime do Apartheid. “Espero que as pessoas tenham equilíbrio para não transformar aquilo em vendeta. São 40 anos passados. É bom que saibamos da história, para nunca mais repeti-la. Mas o nunca mais começa por não tomarmos posições vingativas”, afirmou FHC.

Em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Guarujá, os manifestantes fizeram atos para pressionar pelo julgamento de supostos torturadores. No litoral paulista, cerca de 100 pessoas protestaram em frente à casa do tenente-coronel reformado Maurício Lopes Lima, apontado como torturador pela própria presidente Dilma Rousseff, durante depoimento à Justiça Militar em 1970. Na capital fluminense, 50 pessoas foram à residência do general da reserva José Antônio Nogueira Belham. Ele comandava o Doi-Codi no Rio quando o deputado Rubens Paiva foi preso, torturado e morto, em 1971. Em Minas, outra centena de manifestantes pediu o julgamento e a condenação de João Bosco Nacif da Silva, médico-legista da Polícia Civil durante a ditadura. Protestos pontuais também foram verificados em outras nove cidades, incluindo sete capitais.

Reconhecimento

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso receberá em julho o prêmio John W. Kluge. A honraria é concedida pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos em reconhecimento a realizações acadêmicas. FHC é o primeiro brasileiro a ser agraciado com a premiação e teve como mérito os estudos sobre o desenvolvimento do Brasil frente ao cenário internacional – desenvolvido em conjunto com o chileno Enzo Faletto. “O prêmio não é para mim, mas um reconhecimento ao que o país representa hoje no cenário mundial. É a expressão de uma conquista prática e intelectual do Brasil”, diz Fernando Henrique. O J.W. Klunge concederá US$ 1 milhão como prêmio ao ex-presidente.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)