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Estado de Minas SISTEMA DE PRODUÇÃO

Eficiência na produção de leite

Criado nos EUA, o modelo de confinamento compost barn vem se destacando no Brasil por proporcionar conforto e melhoria dos índices de produtividade do rebanho


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postado em 23/07/2015 14:26 / atualizado em 30/07/2015 16:42

 Com a utilização do <i>compost barn </i> o consultor Cassimiro Castro e o produtor Flávio Almeida projetam aumentar a produtividade animal do rebanho em 20% por ano (foto: Luiz Crosara )
Com a utilização do compost barn o consultor Cassimiro Castro e o produtor Flávio Almeida projetam aumentar a produtividade animal do rebanho em 20% por ano (foto: Luiz Crosara )

Entre os modelos de confinamento de vacas utilizados pelos produtores de leite, o americano compost barn vem se popularizando cada vez mais no Brasil. Trata-se de um barracão aberto nas laterais, com pé direito alto e uma grande área de cama comum, separada do corredor de alimentação ou cocho por um beiral de concreto. Além de abrigar confortavelmente os animais, a instalação serve também para produzir composto orgânico, ou seja, adubo para as áreas de lavoura ou pastagem. O investimento varia de acordo com a região em que a propriedade está localizada, custando, em média, de US$ 1.200 a US$ 1.500 por animal alojado.

Depois de passar pelos sistemas de produção a pasto e semiconfinado, a Fazenda Juá, localizada em Cruzeiro da Fortaleza, município do Alto Paranaíba, também optou pela implantação do compost. O primeiro barracão, com capacidade para 200 animais, entrou em operação no dia 4 de abril e neste momento está sendo construída próximo à instalação a nova sala de ordenha da propriedade, que terá capacidade para ordenhar 24 vacas por vez.

Segundo o zootecnista e produtor Flávio Lúcio de Almeida, que divide a sociedade da fazenda com o irmão Alcimar, a ideia de implantar o sistema surgiu como forma de colocar fim à queda de produção observada na transição do período seco para o chuvoso. “Com o semiconfinado a propriedade vivia dois momentos. Na seca, conseguíamos bons resultados e eficiência animal. Já nas águas, sem ambiente para as vacas, tínhamos aumento das doenças, queda da produção, em média de 30% a 35%, reprodução e dos resultados financeiros”, compara.

Clique para expandir a imagem (foto: Arte EM)
Clique para expandir a imagem (foto: Arte EM)
Com a decisão praticamente tomada, Almeida e o veterinário Cassimiro César de Castro, consultor da propriedade desde 2000, foram ao oeste do Paraná no primeiro semestre de 2013 visitar uma propriedade que já possuía resultados consolidados. “Voltamos de lá com muitas ideias e com a certeza de que o compost era o sistema mais indicado para o tipo e realidade de produção da Fazenda Juá”, conta Castro.

Apesar de muito recente, produtor e consultor afirmam que as expectativas em relação às metas iniciais traçadas para o rebanho Holandês e Girolando 3/4 já foram superadas. “Obtivemos ganhos significativos em saúde animal, especialmente em redução de mastite e lesões de casco, além de um melhor aproveitamento da alimentação que, por sua vez, contribuiu para a diminuição dos custos de produção”, aponta Almeida.

Características
Sendo o compost barn um espaço onde não existe qualquer tipo de contenção para a vaca, o sistema proporciona um ambiente confortável para alojar animais de diferentes tamanhos, raças ou produções de leite. Qualquer terreno é propício para a sua construção, mas desde que posicionado no sentido leste-oeste para evitar a entrada de sol dentro do barracão, o que nos períodos mais quentes inibe o animal de se deitar. É importante, ainda, que haja uma leve inclinação no terreno, em torno de 1,5%, em todo o comprimento da construção.

Os barracões devem ter pelo menos 5 m de pé direito. Segundo o veterinário e especialista em Gestão de Propriedades Leiteiras Sandro Luis Viechnieski, esta altura precisa ser respeitada pelo fato de melhorar a ventilação natural e para que haja espaço suficiente para a instalação dos ventiladores, que são encontrados no mercado com diâmetros variados. “A ventilação é um dos pontos mais importantes do projeto. Precisamos de ventiladores para retirar a umidade gerada na cama de compostagem”, salienta. Sobre a distância entre os galpões, para que um não bloqueie a ventilação natural do outro é necessário haver 20 m de separação entre eles.

Especificações A área de alimentação, que deve ser feita com piso de concreto, fica separada da cama e há entre esses dois espaços uma mureta divisória. Os bebedouros são posicionados próximos e também protegidos da cama, “que nunca deve ser molhada”, alerta o especialista. “Quando construímos uma mureta de separação entre a pista de alimentação e a cama dos animais, devemos ter a cada 15 m um acesso de, no máximo, 2 m de largura.”

O espaço destinado a cada animal vai variar de acordo com a raça e com a categoria (vacas prenhas, secas, novilhas). Viechnieski explica que, por exemplo, a área recomendada por vaca holandesa em lactação é de 10 m² e para a Jersey também em lactação a medida reduz para 8,5 m². Além disso, completa Winston Giardini, zootecnista e especialista em Bovinocultura de Leite, para definir a dimensão é preciso atentar para a quantidade e distribuição de chuvas durante o ano, e ainda para a variação da umidade de ar nesse período. “Quanto maior a média de umidade anual, maior deverá ser a dimensão da cama por animal”, recomenda.

O material utilizado nas camas, explica Giardini, deve seguir duas regras básicas: ser um composto orgânico e possuir capacidade de absorção da umidade. “Temos que lembrar que é a este material que será agregado todo o esterco e urina dos animais que, por sua vez, irão formar a compostagem.” Entre os tipos mais utilizados estão as palhas, cascas de algodão ou café e madeira picada. Ele avalia que a última opção é a mais recomendada, uma vez que possui maior capacidade de absorção favorecendo a compostagem e, ao mesmo tempo, mantém a parte superior da acomodação mais seca.

A cama deve começar com pelo menos 30 cm de altura já que “no mínimo 25 cm precisam ser remexidos de duas a três vezes por dia”. Sua reposição deve ser feita levando em consideração a sujidade das vacas e a umidade da acomodação ou, ainda, ocorrer de forma programada para evitar que comece a “grudar” nos equipamentos e nos animais. A troca, por sua vez, se dará pela altura da mureta de contenção que foi construída. “O importante é retirar os 10 cm superiores da cama velha para iniciar a nova cama. Normalmente, essa remoção ocorre de uma a duas vezes por ano”, indica Viechnieski.

Entre as vantagens do compost barn destaque para o conforto e melhoria dos índices de produtividade do rebanho, maior facilidade no manejo de dejetos e redução do descarte involuntário das vacas. Por outro lado, alertam os especialistas, o sistema não é tão simples como parece ser.

Giardini avalia que o compost, assim como o free stall há algum tempo, tornou-se a “solução para todos os problemas” entre os produtores e que dá a noção de que “basta” construir e colocar as vacas dentro que tudo estará resolvido. “Obviamente que isso não é verdade. Conhecer como funciona a fermentação é fundamental para não cometer erros neste sistema. Um erro de manejo da cama vai levar as vacas, entre outros problemas, a severas mastites e lesões de casco que somente serão solucionados com a adição de grandes quantidades de material seco ou com a troca de toda a acomodação, que além do alto custo pressupõe o reinício de todo o processo”, detalha.

Na mesma linha, Viechnieski atribui os melhores resultados aos produtores que estudam e acompanham o projeto de perto. “O que estamos vendo é que os produtores que estão tendo os melhores resultados econômicos com este sistema são aqueles mais criteriosos e detalhistas, que não acham se tratar de uma técnica fácil de trabalhar.”

Na Fazenda Juá, o projeto será concluído em 2018 e prevê a construção de mais um barracão para 200 vacas nos próximos anos, totalizando 400 animais alojados. “Considerando apenas a produtividade, sem contabilizar o aumento da longevidade e a redução dos problemas de saúde das vacas, nosso projeto foi desenhado para se pagar em até três anos. Além disso, projetamos aumentar em 20% por ano a produtividade animal de nosso rebanho”, compartilha Flávio Almeida. “Em uma linguagem simples, podemos dizer que a implantação do compost na propriedade nada mais é do que uma demonstração de respeito à vaca. Respeito convertido em eficiência produtiva”, afirma o consultor Cassimiro Castro.

Para os interessados em implantar o sistema é importante lembrar que não há uma regra geral, já que cada propriedade possui suas particularidades. Portanto, uma última orientação: recorra à assistência técnica antes de tomar qualquer decisão. É fundamental estudar, aprender e ter muita atenção aos detalhes para evitar problemas e garantir o sucesso neste investimento.

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