A Polícia Civil de São Paulo identificou, nesta terça-feira (7/7), o suspeito de publicar agressões racistas na internet contra a jornalista Maria Júlia Coutinho. O adolescente, de 15 anos, que mora em Carapicuíba, na Grande São Paulo, foi ouvido na segunda (6/7) e liberado. Ele vai responder por ato infracional e pode ser submetido a alguma medida socioeducativa.
Em nota, a polícia afirma que, para chegar ao jovem, foi preciso “rastrear as imagens com as mensagens ofensivas e fazer buscas nas redes sociais para identificar as páginas dos envolvidos”. A pena para quem comete esse tipo de crime é de dois a cinco anos e multa – no caso do adolescente, ele responde por ato infracional, podendo, a critério da Justiça da Infância e da Juventude, responder a alguma medida socioeducativa.
Além da Polícia Civil, os Ministérios Públicos do Rio de Janeiro e o de São Paulo vão apurar o caso. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), instaurou inquérito policial.
Ataques racistas
Os comentários foram deixados em uma foto da apresentadora publicada na página do Facebook do JN, na noite de quinta-feira (2/7). “Só conseguiu emprego no Jornal Nacional por causa das cotas, preta imunda”, postou um usuário. Outro disse: “Não tenho TV colorida para ficar olhando essa preta não”. No entanto, após ofensas, todos os registros que vieram em seguida foram em defesa de Maria Júlia. Mais de uma pessoa afirmou ter “printado” as injúrias (quando a tela é registrada em formato de imagem) e que as levaria para a polícia - um desses comentários superou 14 mil curtidas. “Maju, você é linda, elegante e mais, uma mulher inteligente. Parabéns por ter conseguido seu espaço”, reconheceu um usuário.
Somos todos Maju
Celebridades e colegas de trabalho saíram em defesa da jornalista. O caso teve grande repercussão nas redes sociais e muitos publicaram argumentos favoráveis à apresentadora e indignados com os ataques. A tag #SomosTodosMajuCoutinho foi mencionada em mais de 34 mil tweets e chegou ao primeiro lugar entre os assuntos mais comentados no Brasil e também no ranking mundial de trending topics.
Antes de mencionar o assunto ao vivo na edição do JN, com destaque para as reações de procuradores e entidades que vão investigar as agressões, os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcelos já haviam postado um vídeo na página do jornal no Facebook e no Twitter nesta tarde, defendendo a jornalista. No vídeo, Bonner diz que eles estão na sala de prêmios do jornal e, em seguida, mostra a equipe e todos gritam em uníssono “Somos todos Maju”.
Muitas celebridades também se indignaram com o caso e se manifestaram nas redes sociais em defesa da jornalista. "É sério que ainda existe gente assim?", comentou a atriz Sheron Menezes, "Essa gente merece estar na cadeia". A apresentadora Didi Wagner, no perfil do Instagram, lamentou: "Chegamos ao fundo do poço".