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Estado de Minas

Rio: líderes religiosos criticam juiz em ato ecumênico


postado em 19/05/2014 20:01

Rio, 19 - Durante evento ecumênico realizado na manhã de domingo, 18, no estádio do Maracanã (zona norte do Rio), líderes religiosos criticaram o juiz federal Eugenio Rosa de Araújo, da 17.ª Vara Federal do Rio, que disse não considerar religiões as manifestações afro-brasileiras. A afirmação foi feita no dia 28 de abril, durante a antecipação de tutela (decisão anterior ao julgamento) de uma ação do Ministério Público Federal que solicitou a retirada da internet de um conjunto de vídeos veiculados no Youtube, supostamente por grupos evangélicos, por ter conteúdo que disseminam o preconceito, intolerância e discriminação às religiões africanas, segundo o MPF. No entanto, o juiz negou o pedido e manteve os vídeos.

O encontro Copa da Paz foi realizado pela Pastoral do Esporte da Arquidiocese do Rio, com o objetivo de promover o tema social da Copa do Mundo 2014 ("Por um mundo sem armas, drogas, violência e racismo") e a campanha da fraternidade 2014 ("Fraternidade e Tráfico Humano"). O babalaô Ivanir dos Santos, representante do candomblé, se mostrou indignado com o caso. "Vocês sabem do momento difícil que passamos. Em todo momento nossa religião é desrespeitada. Um juiz, de maneira preconceituosa, não considera religião a umbanda e o candomblé. O que leva ao racismo e ódio é a ignorância", disse Santos.

Na ocasião, o juiz também disse que as crenças afro-brasileiras "não contêm os traços necessários de uma religião" por não terem um texto-base (como a Bíblia ou o Corão). Santos rebateu esse comentário: "Somos de uma cultura que diz que antes era o verbo. A palavra que é sagrada. Com esse pensamento ele (juiz) desqualifica o Cristo. Cristo não deixou nada escrito."

O pastor evangélico José Cavalcante, da Igreja Presbiteriana Unida, disse considerar importante a interação e o respeito entre as religiões. "Qualquer evento inter-religioso é importante para ensinar que não somos inimigos. Você pode não concordar com determinadas doutrinas de uma religião, mas tem de defender o direito dela de existir e pregar. Uma das grandes causas de guerra tem questões religiosas envolvidas", afirmou.

"Nós vemos o resultado disso numa parte do mundo com guerras, massacres. Tivemos agora o sequestro de meninas na Nigéria, fruto desta intolerância. É uma contradição, porque o que caracteriza cada religião é o amor ao próximo", opinou o sociólogo Rangel Bandeira, da rede Desarma Brasil.

A reportagem do Estado entrou em contato com a assessoria de imprensa da Justiça Federal do Rio de Janeiro e foi informada que o juiz Eugenio Rosa de Araújo não se posicionaria sobre o caso. O MPF entrou com um recurso no Tribunal Federal Regional da 2.ª região contra a decisão preliminar de não retirar os vídeos, mas o pedido ainda não foi julgado.

Copa do Mundo.

Durante o evento, os religiosos exaltaram a importância da Copa do Mundo como um evento que fomenta a igualdade entre povos e culturas e a paz. No fim da cerimônia, em tom mais descontraído, o Presidente da Associação Israelita no Rio jogou um "altinho" (controle da bola) com o pastor Cavalcante usando uma bola do mesmo modelo que será utilizado no Mundial.


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