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Estado de Minas

Testemunhas destacam violência descabida no Carandiru


postado em 18/02/2014 08:31 / atualizado em 18/02/2014 08:37

Testemunhas de acusação da terceira etapa do julgamento do massacre do Carandiru descreveram cenas de “violência descabida” na Casa de Detenção em outubro de 1992, quando 111 detentos foram mortos após uma rebelião. Nesta segunda-feira, 17, ocorreu o primeiro dia do júri de 15 PMs do Comando de Operações Especiais (COE), acusados de oito mortes (quatro por arma de fogo) e duas tentativas de homicídio por tiro, no quarto pavimento do Carandiru.

Duas testemunhas falaram no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo. O primeiro depoimento desta segunda foi do perito Osvaldo Negrini Neto. Ele descreveu para o júri, formado por sete homens, o estado em que o Pavilhão 9 estava após o massacre. “As cenas eram marcadas por uma violência descabida.” O perito relatou que só conseguiu entrar no quarto e quinto pavimento 12 dias depois do massacre. “Não havia nem 10% dos vestígios encontrados nos outros andares”, disse Negrini.

O segundo depoimento foi do então diretor de segurança e disciplina do Carandiru, Moacir dos Santos. Ele disse que antes da chegada da PM não tinha ouvido nenhum tiro e afirmou que, quando deixou o pavilhão, os detentos estavam armados com facas improvisadas. Segundo ele, os PMs já entraram atirando. Horas depois do massacre, recrutaram os sobreviventes para carregar os corpos.

Para o advogado que representa os réus, Celso Machado Vendramini, o primeiro dia de julgamento não influenciou na culpabilidade dos acusados. “Não se pode acusar pessoas sem sequer um laudo de confronto balístico por inércia do Estado.”

Segundo Negrini, o confronto balístico não foi feito por falta de equipamentos e pelo fato de que, na época, estimou-se que demoraria 72 anos para examinar todos os projéteis e armas. “Só nos cadáveres, foram retirados mais de 400 projeteis.”

Para os promotores, o primeiro dia não teve novidades em relação às etapas anteriores. “Acreditamos que a sociedade, mais uma vez, não vai acatar esse tipo de conduta e eles serão condenados”, disse o promotor Eduardo Olavo Canto Neto. O julgamento será retomado nesta terça-feira, 18, às 10h30 com o depoimento de testemunhas de defesa. O júri deve terminar na sexta-feira, 21.


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