O Ministério Público denunciou cinco pessoas, entre funcionários da Coomigasp e pessoas aparentemente sem nenhuma relação com os garimpeiros. De acordo com as investigações, parte da movimentação atípica de R$ 173 milhões flagrada pelo Coaf foi depositada na conta de Antônia Alves de Oliveira, então diretora financeira da cooperativa. Depois, os valores eram retirados "em saques de mais de R$ 100 mil" e repassados a diversas pessoas. "Nossa suspeita é de que haja laranjas nessa história. Identificamos uma professora e um lavrador como beneficiários, que nem moram aqui, e são do Maranhão", diz o procurador.
Vítor Albarado ressalta que, depois dos desmandos da última gestão, a Coomigasp estava se reestruturando, mas que é difícil lutar contra o poderio de uma empresa multinacional. "Se no início do negócio ela já quer tirar tudo dos 37.993 garimpeiros da cooperativa, fazendo alterações fraudulentas no contrato, essa é uma parceria que não pode dar certo", lamenta. Segundo ele, a nomeação de um interventor residente em Belo Horizonte, onde a Colossus mantinha uma operação, causa estranheza. Questionado sobre o assunto, o procurador Medrado ressaltou que o MP apresentou uma lista de nomes ao juiz, sugerida por associações profissionais e trabalhadores do ramo.
O Tribunal de Justiça do Pará, por sua vez, não respondeu à reportagem quais os critérios usados para escolher o interventor Marcos Alexandre Moraes Mendes, que já está em Curionópolis. Ele terá seis meses para reorganizar a cooperativa, recebendo remuneração mensal de R$ 9 mil. Poderá também movimentar, com autorização judicial, a conta-corrente em que são depositados R$ 350 mil mensais pela Colossus. A empresa negou, por sua assessoria de imprensa, vínculo com Mendes. E afirmou que não tem mais operação na capital mineira,há cerca de dois anos, desde que a representação da multinacional no Brasil foi transferida para São Paulo.
Na última semana, o caso chegou a Brasília. Garimpeiros percorreram o Congresso Nacional, onde participaram de uma audiência pública. Parlamentares liderados pelo deputado Domingos Dutra (SDD-MA) decidiram ir a Serra Pelada para avaliar as denúncias de abusos por parte da Colossus com o apoio do Estado (Ministério Público e Judiciário).