Em meio ao drama das famílias, uma pergunta continua sem resposta: como um ônibus escolar entra em um viaduto alagado e fica submerso em poucos minutos? Para a polícia, uma falha mecânica está praticamente descartada. Os investigadores esperam apurar, com o depoimento dos alunos, se houve imprudência do condutor. Militares que fizeram o resgate tiveram de nadar até as crianças, que contaram apenas com uma saída de ar no teto para deixar o veículo.
Mauro Leite, delegado-chefe da 15ª Delegacia de Polícia, responsável pelo caso, colheu um depoimento preliminar do condutor do veículo na noite do acidente. “O motorista disse que estava chovendo e que ele tentou transpor um pequeno alagamento, na altura do meio-fio. Ele diminuiu a marcha e o carro apagou no caminho. A água começou a invadir o ônibus, subiu muito rápido, e eles não conseguiram tirar todas as crianças”, relata. O investigador reconhece que o inquérito é prioridade, mas acredita que não deve ser concluído em 30 dias devido à necessidade de obter todos os laudos e colher os depoimentos de quem estava no transporte escolar.
A partir daí, o delegado-chefe acredita que terá condições de apontar uma possível responsabilidade do condutor. “Quando ele se compromete a levar as crianças, é para levar com segurança até o local de destino. Se ele faz isso de forma inadequada, eu entendo que agiu com imprudência. O comportamento dele, nessa hora, é decisivo. Ele tentou transpor um alagamento sem ter condições para isso”, argumenta Leite. Se comprovada a irresponsabilidade, o condutor pode ser indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar), crime com pena de detenção de 2 a 4 anos.