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Estado de Minas

Papa deve levar boa imagem do Brasil, dizem estudiosos

Estudiosos acreditam que apesar da desorganização do megaevento no Rio, o Santo Padre vai carregar na bagagem boas recordações e impressões positivas da sua passagem pelo país


postado em 29/07/2013 06:00 / atualizado em 29/07/2013 06:51

Gustavo Werneck

Papa Francisco replantou no país as sementes da alegria, irrigou no coração do povo a árvore da solidariedade e agora leva consigo frutos da fé brasileira. Entre a chegada, na segunda-feira, e a partida ontem, para Roma, fica na memória uma viagem histórica, plena de carisma, corpo a corpo com pessoas de todas as idades e palavras fortes contra a corrupção. Se o legado é dos melhores, qual seria, então, a impressão de Francisco sobre os peregrinos que o acolheram, sobre a precária infraestrutura encontrada no Rio de Janeiro (RJ) e a comoção popular dominante na ruas? “O aparato, como o trânsito, quebra de protocolos e de rituais durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) é o que menos importa. Afinal, o papa, argentino, está acostumado com a América Latina”, diz o professor da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte, padre João Batista Libânio.

Autor de mais de 40 livros, o jesuíta Libânio está certo de que o entusiasmo da juventude falou mais alto no coração do Santo Padre: “Ele vai levar também a imagem de que os políticos não pensam no futuro do país, são egoístas. Com as recentes manifestações nas ruas, descartando-se, claro, atos de vandalismo, o papa Francisco viu uma geração nova que avança e tem força para mudar os destinos do Brasil”, avalia. “Pelos discursos proferidos em várias ocasiões, de um campo de futebol na Favela da Varginha à varanda do Palácio Guanabara, o papa mostrou que a Igreja deixará de ser autorreferente e menos eclesiástica, para ser de humanidade. É importante destacar que é ‘de’ humanidade, baseada nos valores que constituem o ser humano, e não simplesmente ‘da’ humanidade”, completa.

Na avaliação do padre jesuíta, o líder dos católicos percebeu que a juventude é vítima da cultura atual, dos atropelos da economia, da insegurança e do risco de não ter emprego no futuro. “Nesse aspecto está a necessidade de solidariedade, de não se ter uma visão negativa do mundo. As manifestações nas ruas do país tiveram o caráter de reivindicação por educação, saúde etc. O papa dá apoio e incentiva a participação dos jovens – isso é o novo”, diz Libânio.

As condições climáticas adversas e os problemas na organização e logística do megaevento católico, criticadas até pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, não devem ficar na cabeça do pontífice, acredita o vice-chanceler da Arquidiocese de Belo Horizonte, padre Nivaldo Magela de Almeida Rodrigues. “Antes de tudo, a JMJ é uma jornada de fé e a maior recordação será a de um povo fervoroso. O papa conhece bem os problemas do Brasil, presidiu em 2007 o comitê de redação do documento final da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe (Celam) em Aparecida (SP). “Trata-se de um homem sensível, de grande coração, atento às questões da Igreja em toda a América Latina. Todo mundo viu sua preocupação com os que sofrem, os enfermos, as pessoas em trajetória de risco social, como os detentos e drogados”, diz o vice-chanceler.


COMOÇÃO O jornalista mineiro J. D. Vital vem acompanhando pela tevê a trajetória de Francisco no Rio e se diz encantado com o que vê. “O Brasil se rendeu ao papa, ele se tornou unanimidade, causou uma aproximação. Vai levar para Roma o melhor da alma brasileira”, diz Vital. Comoção nacional é o termo mais correto para mostrar o sentimento das pessoas, acredita o autor do livro Como se faz um bispo e estudioso de temas ligados à Igreja e Vaticano. “O papa veio num momento muito significativo para a Igreja, quando o número de católicos vem caindo. Mas isso é só estatística, importante mesmo é a força do povo nas ruas, não sabemos se praticantes ou não”, revela.

Atuante durante a semana passada na Cidade da Fé, no Riocentro, em evento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o frei Flávio Henrique, de Juiz de Fora, na Zona da Mata, destaca o “coração afetuoso do papa. “Ele não se preocupou com o tumulto nas ruas, pois recebeu boa acolhida. O fundamental é o seu comprometimento com a causa social e política. Ele pediu para as pessoas não desanimarem nem desistirem de lutar contra a corrupção. É uma pessoa lúcida e vai levar, como melhor lembrança, a boa vontade do povo brasileiro”, observa o religioso, da comunidade da Obra Pequenos Monges do Pater Noster.

 

VOLTA PARA CASA

O QUE FRANCISCO PÔDE VER E SABER DO BRASIL

1)    Os políticos não pensam no futuro e são egoístas
2)    Os jovens têm força para mudar o Brasil
3)    O povo nas ruas reivindica melhorais na saúde, educação e outros setores
4)    O brasileiro é um povo fervoroso
5)    A passagem do pontífice por Aparecida (SP) e Rio de Janeiro (RJ) provocou comoção nacional
6)    A sua presença foi unanimidade, com elogios até da ala esquerdista da Igreja
7)    Boa vontade do povo brasileiro
8)    O melhor da alma brasileira
9)    Boa acolhida, apesar dos problemas no trânsito e mudança, de última hora, de locais das cerimônias
10)    Participação em uma verdadeira jornada de fé 

 

Elogios do Vaticano

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, elogiou a organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) pelo sucesso da transferência da infraestrutura da vigília e da missa de ontem de Guaratiba para Copacabana. "Penso que tudo funcionou verdadeiramente muito bem", disse em coletiva para encerramento do evento, citando como exemplo as tendas para distribuição de 800 mil hóstias. Lombardi disse também que o papa ficou muito satisfeito com o anúncio do prefeito do Rio, Eduardo Paes, de transformar o que seria o Campus Fidei, em Guaratiba, em um bairro popular. "É bom projeto, que o papa apreciou muito", disse. Ele comentou, ainda, a decisão de só realizar a próxima JMJ, em Cracóvia, daqui a três anos, dadas as dificuldades de preparação de um evento de grande proporções como esse. "Só no Brasil se pode fazer em dois anos", brincou. 


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