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Estado de Minas

Sócio mandava tirar extintores da paredes por causa da decoração

Ex-funcionária da Kiss denuncia que um dos sócios mandava retirar os equipamentos para preservar beleza do local. Testemunhas confirmam que fogo começou com o show pirotécnico


postado em 31/01/2013 07:00 / atualizado em 31/01/2013 08:24

A Boate Kiss, em Santa Maria (RS), era muito bem decorada, como mostram as fotos feitas no local antes da tragédia e que circulam na internet. Para preservar a beleza do local, um de seus sócios, Elissandro Spohr, conhecido como Kiko, mandava retirar os extintores de incêndio da parede, segundo denunciou ontem Vanessa Vasconcelos, uma ex-funcionária, que trabalhou no local até dezembro. Ela trabalhou por dois anos na boate e perdeu a irmã Letícia Vasconcelos na tragédia de domingo. Em depoimento à Polícia Civil, Vanessa disse ainda que as reformas eram constantes e feitas sem auxílio técnico.


“Ele achava feios os extintores. Mandava tirar. Só colocava de volta quando ia ter inspeção ou quando ficava com receio que iriam inspecionar”, afirmou em entrevista, após deixar a delegacia. Segundo ela, as reformas eram conduzidas por um primo de Kiko Spohr. “Ele (Kiko) decidiu revestir o local com espuma depois que a casa foi multada várias vezes por causa do barulho”, afirmou.  A combustão da espuma pode ter produzido o gás de cianeto, altamente letal, o mesmo usado pelos nazistas nas câmeras de gás durante a Segunda Guerra Mundial. “Ele não contratava engenheiro (para as obras). O primo fazia as reformas, de chinelo de dedo e bermuda, sem nenhum equipamento de segurança.”

A ex-funcionária contou que Spohr fazia seguidamente reformas internas no local, como mudanças na posição do caixa, nivelamento no teto e troca de lugar do palco. Uma das últimas obras foi em novembro. Em sua página no Facebook, o empresário postou um convite para que as pessoas fossem conhecer o novo ambiente da boate, que funcionava havia três anos e meio.

Sobre o fato de a boate estar registrada em nome de parentes, Vanessa disse que a intenção era evitar problemas com partilha de bens e pensão.

O advogado de Spohr, Jader Marques, rebateu as acusações da retirada dos extintores por questões estéticas. “Não me parece razoável essa informação. Estou estabelecendo o que me parece razoável pelo que falei com ele. O local de maior exposição era o palco e ali tinha extintor”, disse. Quando  teto começou a queimar, um dos integrantes da banda que se apresentava pegou um extintor atrás do palco, mas não funcionou.

RECONSTITUIÇÃO

Cinco testemunhas foram levadas à Boate Kiss ontem para fazer uma reconstituição do incêndio. Segundo a Polícia Civil, todos afirmaram que o ponto de origem do fogo foi o teto do palco. “Foi uma breve reconstituição com objetivo de esclarecer algumas dúvidas que estão surgindo no inquérito”, afirmou o delegado Sandro Meinerz, um dos responsáveis pela investigação. “Todos os indícios apontam que o sinalizador causou o incêndio”, disse. Conforme a polícia, as testemunhas foram unânimes em afirmar que o extintor de incêndio não funcionou. Eles afirmaram ainda que a fumaça demorou entre 40 segundos e um minuto para tomar conta da boate.

Em casa A empresa que fez o plano de prevenção e combate a incêndio da Boate Kiss é de  um integrante do Corpo de Bombeiros de Santa Maria. Os PMs Jairo Bittencourt da Silva e Roberto Flavio da Silveira e Souza – que é bombeiro – são donos da Hidramix Prestação de Serviço, que atua no ramo de “sistemas de prevenção de incêndio”, o que é proibido por lei estadual. A mulher de Souza, Gilceliane Dias de Freitas, também compõe o quadro societário da empresa. O plano tem como base a liberação dada pelos bombeiros às casas noturnas para funcionamento.  O delegado Marcelo Arigony anunciou ontem que vai investigar o fato.

Ação e reação

Um homem subiu ontem no teto da Boate Kiss e pichou uma mensagem na fachada: “Justiça a todos”. O protesto a favor da punição dos responsáveis pelo incêndio que matou, até agora, 235 pessoas, entretanto, quase resultou na prisão do grafiteiro. Policiais viram a ação e tentaram detê-lo. Porém, pessoas que estavam no local aplaudiram a manifestação e pediram a prisão dos culpados pelo incêndio. Pressionados pela população, policiais liberaram o homem.


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