Brasília – A polícia trabalha com a hipótese de que o ex-soldado da PM militar Florisvaldo de Oliveira, o Cabo Bruno, tenha sido executado por vingança. Ele levou vários tiros na noite de quarta-feira, em Pindamonhangaba (SP). Há pouco mais de um mês, ele havia deixado a prisão, onde cumpriu 27 anos de pena pela morte de mais de 50 pessoas, principalmente jovens de periferia quando liderava um esquadrão da morte que atuou na capital paulista na década de 1980.
Cabo Bruno foi condenado a 120 anos de prisão, mas por causa do bom comportamento e do trabalho na cadeia, conseguiu o benefício de redução da pena. Em 23 de agosto, deixou a Penitenciária de Tremembé, onde passou os últimos 10 anos e saiu como pastor evangélico.
Ontem, a Polícia Civil ouviu a primeira testemunha do caso, o genro de Cabo Bruno, um metalúrgico que não teve o nome divulgado. Era ele quem dirigia o carro da família no momento do assassinato. Ninguém viu os dois homens se aproximarem no Bairro Quadra Coberta, onde o ex-PM morava. No local foram recolhidas pelo menos 18 cápsulas de balas. “Estamos trabalhando com a hipótese de execução”, disse o delegado Vicente Lagioto. Ele disse que Cabo Bruno tinha vários inimigos da época em que integrava o esquadrão da morte em São Paulo.
Casado com a pastora e cantora evangélica Dayse França, Cabo Bruno foi preso pela primeira vez em 1983, quando foi para o Presídio do Barro Branco, em São Paulo, destinado a policiais militares. Fugiu no ano seguinte e só mudou de vida em 1991, quando começou a se dedicar à religião. Em 2009, ele pediu a progressão de pena. Em agosto deste ano, deixou a prisão pela primeira vez, beneficiado pelo saidão do Dia dos Pais. Na cadeia, Cabo Bruno cuidava da horta e, nas horas vagas, dedicava seu tempo à pintura de quadros. O corpo será enterrado hoje, em Catanduva (SP).