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Estado de Minas

Bandidos riram ao queimar vítimas

Testemunha ouvida pelo Correio descreveu a crueldade cometida contra dois moradores de rua queimados vivos. Segundo ela, o ataque foi praticado por três jovens bem vestidos


postado em 01/03/2012 15:09 / atualizado em 01/03/2012 15:10

O Correio conversou ontem com uma das principais testemunhas do crime que chocou o Distrito Federal e tirou a vida de José Edson Miclos, 26 anos, queimado vivo em Santa Maria, na noite do último sábado. Durante a ação criminosa, Paulo Cezar Maia, 42, também ficou gravemente ferido. O homem, que prestou depoimento à polícia, viu o momento em que os três criminosos fugiram, após terem ateado fogo aos dois moradores de rua, que dormiam na QR 118. Os bandidos, segundo relatos, estavam bem vestidos e saíram do local rindo da barbárie que cometeram.

Eram por volta das 22h do último sábado, quando moradores do Conjunto H viram um sofá, usualmente ocupado por moradores de rua, em chamas. Ao lado dele, José Edson e Paulo Cezar permaneceram conversando e se acomodaram para dormir em meio à fumaça. O incêndio no móvel, de acordo com relatos, teria sido praticado por sete jovens — alguns deles, em bicicletas —, que deixaram o local. Cerca de uma hora e meia depois, três deles voltaram e, em silêncio, jogaram um líquido inflamável ao corpo dos dois homens. “Eles estavam com uma garrafa grande, tipo de vinho, onde estava a substância. Atearam fogo aos moradores e depois fugiram rindo e zombando das vítimas”, contou Flávio*.

A testemunha ouvida pelo Correio garantiu que os bandidos aparentavam ter entre 18 e 20 anos e, após atravessarem duas pistas, escaparam em direção a vários prédios do local. “Um deles usava moletom e os outros estavam bem vestidos. Não são moradores de rua. Eles foram lá para fazer a maldade e matar mesmo. Depois, fugiram tranquilamente”, detalhou.

José Edson e Paulo Cezar correram na direção contrária dos criminosos e pediram ajuda. “Eles gritavam: ‘Tá pegando fogo, tá pegando fogo’ e se debatiam no chão.

Os vizinhos apagaram as chamas, principalmente as das costas do Paulo”, explicou Flávio. Logo depois de apagar as chamas, os moradores acionaram socorro. “Pensei até que não fosse tão grave, pois, na hora, eles só estavam com os corpos muito vermelhos”, acrescentou.

Medo
Com medo de retaliações, a testemunha ouvida pela reportagem teme que os criminosos, ainda em liberdade, voltem ao local e repitam a barbárie. “Foi uma cena muito feia. A gente fica com medo. É muita crueldade. A minha intenção era só salvá-los. Por mais que sejam usuários de crack, não faziam o mal para ninguém.” Paulo Cezar ficava nas proximidades da QR 118 com frequência e era conhecido dos moradores. “Ele é chamado de Shaolin e estava sempre por aqui, mas nunca fez mal para alguém. Se não querem ajudar, não precisam fazer essa maldade”, ressaltou Flávio.

Na tarde da última terça-feira, José Edson foi enterrado no cemitério de Padre Bernardo (GO). Segundo os familiares, ele saiu de casa aos 12 anos por causa do vício em drogas. Paulo Cezar continua em estado grave (leia mais ao lado). A 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria) investiga o caso e busca pelos autores do crime. O delegado-chefe da unidade, Guilherme Nogueira, preferiu não dar entrevista para não atrapalhar o andamento das investigações. Ele só deve se pronunciar quando o inquérito estiver concluído. Pelo menos três suspeitos foram ouvidos, mas, até agora, ninguém foi preso.

* Nome fictício a pedido do entrevistado.


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