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Estado de Minas

Acusado de receber propina é libertado


postado em 22/12/2011 07:21

Depois de receber apoio de ex-comandantes da corporação, o coronel Djalma Beltrami chorou ao ser avisado que seria liberado (foto: Bruno Gonzales/Agência O Globo)
Depois de receber apoio de ex-comandantes da corporação, o coronel Djalma Beltrami chorou ao ser avisado que seria liberado (foto: Bruno Gonzales/Agência O Globo)
Rio de Janeiro – Foi solto por volta das 3h de ontem o coronel Djalma Beltrami, comandante do 7º BPM (São Gonçalo) do Rio de Janeiro, preso na segunda-feira pela Polícia Civil sob a acusação de receber propina do tráfico de drogas do Morro da Coruja. A libertação foi possível graças ao habeas corpus concedido na noite de terça-feira pelo desembargador Paulo Rangel, do plantão judiciário do Tribunal de Justiça (TJ). Na decisão, o magistrado escreveu que “estão brincando de investigar” e criticou o trabalho da Delegacia de Homicídios (DH) de Niterói, responsável pela prisão do oficial.

Rangel afirmou que o juiz da 2ª Vara Criminal de São Pedro da Aldeia, que expediu o mandado de prisão contra Beltrami, deixou-se levar “pela maldade da autoridade policial, que entendeu que zero um só pode ser o comandante do 7º batalhão”. A expressão zero um é usada numa conversa gravada entre um PM e um traficante e, segundo a investigação da Polícia Civil, seria uma referência a Beltrami. Ainda em sua decisão, o desembargador diz: “A versão da autoridade policial colocou, até então, um inocente na cadeia”. O magistrado completa: “Investigação policial não é brinquedo de polícia”.

“O delegado da Polícia Civil, titular da Delegacia de Homicídios de Niterói, apresentou declarações infundadas. Tudo indica que se trata de uma guerra entre as polícias civil e militar”, disse o advogado do tenente-coronel, Marcos Barros Espínola.

Quando recebeu a notícia de que o habeas corpus havia sido concedido, Beltrami estava no quartel-general da corporação, no Centro, e chorou. O habeas corpus foi impetrado pela defensora Cláudia Valéria Taranto. Antes da decisão do TJ, a Associação de Oficiais Militares Estaduais do Rio (AME-Rio) defendeu Beltrami. A entidade repudiou a ação do titular da DH, delegado Alan Luxardo, responsável pela Operação Dezembro Negro, na qual o oficial foi preso.

Presidente da associação, o coronel Fernando Belo questionou a principal prova apresentada pela polícia para prender o oficial, a escuta telefônica em que há referência ao zero um: “Não há prova alguma que possa colocar Beltrami na situação em que está. Esta é uma prisão criminosa. Os coronéis Belo e Ubiratan Ângelo, ex-comandante-geral da PM, visitaram Beltrami pela manhã no QG da PM. Ubiratan também criticou a prisão: “O sigilo da investigação já foi quebrado, ele (Beltrami) foi exposto, então que se apresentem todas as provas”.

O corregedor da PM, Waldyr Soares Filho, foi terça-feira à DH de Niterói para pedir formalmente as cópias do inquérito: “Não tive acesso. O delegado prometeu que, em breve, enviará o inquérito à corregedoria. Só não disse quando. Só sei das informações pela imprensa”. Os coronéis Belo e Ângelo mostraram um documento do Disque-Denúncia, do dia 6 deste mês, segundo o qual traficantes do Morro da Coruja planejariam assassinar o coronel Beltrami.

Parte das investigações O delegado Alan Luxardo lembrou que a investigação durou sete meses e disse que o inquérito ainda está em fase de conclusão – o que deverá ocorrer em até 20 dias. “O que foi divulgado é apenas uma parte das investigações, há outras evidências do envolvimento dele (coronel Beltrami). Nos próximos dias, isso virá a público”, afirmou o policial que ainda criticou a postura dos coronéis: “Não estou fazendo isso sozinho, há promotores e juízes envolvidos nesse caso. Quem não tem conhecimento de toda a investigação não tem como palpitar”.

Segundo o Ministério Público, que participou da operação, a investigação da DH de Niterói não se resume ao conteúdo das escutas telefônicas divulgado. Policiais teriam filmado o encontro de um PM ligado ao comandante Beltrami com um dos chefes do tráfico em São Gonçalo. O encontro teria acontecido após a gravação da conversa (divulgada segunda-feira) entre um PM e um traficante, na qual o bandido diz estar disposto a pagar R$ 10 mil para o zero um. Esse PM, segundo o MP, foi transferido para o 7º BPM a pedido de Beltrami, que já o levara para dois outros batalhões. Durante a investigação, foram feitas ainda outras escutas telefônicas.


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