(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Sérgio Brito: um mestre para grupo mineiro


postado em 18/12/2011 09:14

No fim dos anos 1980, o Ponto de Partida era apenas mais um grupo de teatro do interior. Decididos a ter como professor Sérgio Britto, seus integrantes suaram a camisa para conseguir que ele fosse a Barbacena. Ivanée Bertola, um dos fundadores, entrou em contato com o ator, na época em cartaz no Rio com uma peça ao lado de Nathália Timberg. Ia todo dia ao teatro, e Britto dava sempre uma negativa. Mas a insistência foi tanta que o ator concordou, desde que quando chegasse à cidade o grupo apresentasse, imediatamente, uma peça. Pois isso ocorreu às três da manhã de uma quarta-feira e quando Britto chegou, avistou todo o grupo a postos, de figurino, em frente ao único auditório da cidade.

“A partir daí, a gente entrou na vida um do outro para sempre”, comentou Regina Bertola, diretora do Ponto de Partida. Bastante emocionada, ela afirmou ontem que o ator considerava o grupo como sua família. “Ele vinha passar todos os natais comigo. Só não veio no ano passado, desmarcou na última hora, porque sua família, no Rio, achou que ele estava muito velhinho para viajar.” São várias as histórias que ela guarda da vivência do ator junto ao grupo. Além de ser o responsável pela formação de vários dos integrantes, Britto dirigiu um de seus maiores sucessos, o espetáculo Nossa cidade (1992).

“Essa montagem foi emblemática. Estivemos com ela no Festival Internacional de Pelotas (RS) e ganhamos oito dos oito prêmios”, disse o violonista Gilvan de Oliveira, autor da trilha sonora do espetáculo, ao lado de Fernando Brant. “Levo para a minha vida a generosidade, inteligência e irreverência do Sérgio”, acrescentou ele. Um dos exemplos disso vem de temporada que o grupo fez durante um mês em Montevidéu, no Uruguai. “Ele resolveu ir com a gente para preparar Nossa cidade. Reservamos para ele um hotel muito confortável, mas ele preferiu ficar na casa que alugamos para o grupo. Saía com a gente, ‘filipetava’ na rua, conversava com os outros sobre teatro”, contou Bertola.

O diretor Pedro Paulo Cava, que trouxe Britto a Belo Horizonte para falar sobre teatro, lembrou-se bem da sensação que tinha sempre que o via nos palcos. “Era uma figura inesquecível, o que chamo de animal teatro, coisa rara de acontecer.” Em duas décadas ao lado do Ponto de Partida, não passou um ano sem que Britto se encontrasse com o grupo. Foi a Barbacena unicamente para dirigir Regina Bertola no espetáculo O tear - Histórias de amor (2000), quando a diretora teve que subir ao palco para substituir uma atriz. “Ele foi meu mentor, diretor, amigo, companheiro, pai. Quem conheceu o Sérgio pessoalmente sabe que ele foi um homem muito coerente. Sempre montou os textos que acreditava, não tinha medo de experimentar. E, depois de mais velho, dizia que não tinha que fazer concessão nenhuma”, concluiu ela.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)