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Estado de Minas

Há quem vença a guerra contra a balança sem o uso de emagrecedores

Elas chegaram a recorrer a inibidores de apetite, mas só reduziram de vez as medidas ao adotar hábitos saudáveis


postado em 28/02/2011 08:26

A luta por um corpo dentro dos padrões estéticos que são, de certa forma, impostos pela mídia e até mesmo por pessoas próximas tem começado cada vez mais cedo. É comum ver crianças preocupadas excessivamente com a imagem e desenvolvendo uma vaidade precoce, que pode levar a distúrbios como anorexia e bulimia. Mas a correria do dia a dia adulto tem também suas armadilhas. Nem sempre é possível seguir os hábitos recomendados pelos médicos de manter uma alimentação equilibrada e praticar exercícios físicos. O preço da desobediência quase sempre bate na balança. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de pessoas com excesso de peso e obesas aumentou nos últimos anos em todas as faixas etárias e de renda. Atualmente, 48% das mulheres e 50,1% dos homens acima de 20 anos estão fora do peso ideal, de acordo com o cálculo de índice de massa corpórea (IMC) considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A alternativa para reduzir as medidas, para muitos, é recorrer aos redutores de apetite. Mas os remédios viraram alvo, nas últimas duas semanas, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que propôs a suspensão do registro desses medicamentos no mercado brasileiro. De acordo com os médicos, os emagrecedores são necessários em casos extremos, quando todas as outras alternativas já se esgotaram. Mas há quem tenha vencido a guerra contra a balança sem colocar um comprimido sequer na boca.

Foram as refeições generosas em casa que fizeram a professora de português e nadadora Márcia Lina Freitas, de 38 anos, ganhar bastante peso quando era adolescente. “Acabava de almoçar e já estava com fome, comia três pães de uma vez”, lembra. Quem hoje vê a atleta com 56kg em seus 1,71m de altura não imagina que ela já teve 84kg. Márcia chegou a tomar remédios indicados por amigas para perder peso — e passar mal por isso —, mas o que surtiu efeito mesmo foi o acompanhamento de uma nutricionista, aliado à prática de exercícios. “Comecei a fazer dieta, mas entendi que era uma reeducação alimentar, porque não deixei de comer nada. Salgadinhos e refrigerante não eram proibidos, mas aprendi a controlar a quantidade”, conta.

Psicológico

O excesso de peso não deve ser visto como um problema estético, mas sim como doença, segundo a psicóloga especialista em obesidade e distúrbios alimentares Ana Paula Pongelupe. “Não é só uma questão do fisiológico, diz respeito ao corpo, mas também à condição psicológica alterada”, afirma. Na hora de tentar emagrecer, tudo deve ser considerado — até mesmo se a pessoa é de família mineira ou italiana, que tem aquela tradição de mesa farta. “Não podemos desconsiderar a condição cultural da pessoa, ela está em um contexto familiar e não sozinha”, explica Ana Paula.

E manter um corpo mais “cheinho’’ pode ainda ser um fator externo. “Já tive uma paciente, pré-adolescente, cujos pais — inconscientemente — a mantinham gordinha para adiar que ela se desenvolvesse sexualmente”, conta a nutricionista.

Persistência e nada de milagre

O trabalho conjunto de psicólogos, nutricionistas e profissionais de educação física na perda de peso é ideal para que os quilos a mais não voltem depois do tratamento. E, para chegar ao objetivo, não se pode querer emagrecer de um dia para o outro, muito menos tentar resultados milagrosos prometidos pelas chamadas dietas da moda. “Além do efeito sanfona ser uma consequência certa, elas levam à perda de massa magra. A pressa é inimiga da saúde”, alerta a nutricionista Aline Cabral Bezerra.

Nada de dietas malucas e nada de cortar todos os alimentos. Além de fazer exames médicos e verificar se há algum problema no organismo, o segredo é saber moderar as quantidades e, claro, evitar sempre que possível alguns vilões. Um deles, segundo a nutricionista, é o açúcar refinado. “Ele vicia o paladar de tal forma que leva à perda do sabor dos açúcares naturais. Algumas pessoas não

conseguem nem achar as coisas doces mais”, afirma Aline Cabral. E, para conter a compulsão por comida, uma boa saída é aderir às fibras. “Elas têm um efeito natural de saciedade. Acabam levando a um menor consumo e substituindo a vontade de comer doce.”

Não é novidade que uma boa dieta ajuda a emagrecer. Mas para ter resultados ainda melhores — e mais rápidos —, é indispensável colocar o corpo para se movimentar. “A atividade física, além de boa para a saúde, também é essencial no emagrecimento. Ela libera endorfina, que dá saciedade. Baixar peso é um processo em cadeia”, afirma o personal trainer Gustavo Bergamaschi.

E mesmo que sejam muitos os quilos a perder, não há restrições. Até mesmo para quem é totalmente sedentário. “Quando uma pessoa inicia uma atividade física, tem gasto calórico maior e o metabolismo é estimulado, já que o corpo não estava acostumado. Controlando a alimentação, certamente ela vai, sim, perder peso rápido”, diz o personal trainer.

No caminho para ter um corpo com mais saúde, a dica dos profissionais é encontrar uma atividade que dê prazer. Segundo Bergamaschi, quando as pessoas se sentem bem ao praticar o exercício, ficam estimuladas para mudar os hábitos alimentares “Elas passam a compreender o ciclo que é a vida saudável.”

Vida nova

A estudante Daniela Lins resolveu promover uma mudança drástica na vida depois de ver a balança apontar 99,8kg em seu corpo de 1,67m. Depois de várias tentativas desde a adolescência, a brasiliense, hoje com 31 anos, optou por emagrecer pelo método tradicional e perdeu 30kg em um ano e dois meses.

Antes acostumada a recorrer a alternativas rápidas — já havia tomado anorexígenos duas vezes, mas chegou a desmaiar e ficar sem enxergar por um dia, devido a uma fórmula manipulada errada —, a opção que lhe pareceu conveniente foi a cirurgia bariátrica. “Procurei um médico, mas ele me disse que, para o plano de saúde liberar a operação, eu precisava ganhar mais 10kg. Eu não aguentava mais meu peso. Se engordasse mais, não conseguiria caminhar”, lembra.

O primeiro passo, há dois anos, foi buscar ajuda psicológica, que diagnosticou uma compulsão alimentar. Em seguida, ela procurou uma nutricionista, que a visita toda semana para conferir o andamento da dieta e adequar o cardápio, quando necessário. Apoiada no âmbito psicológico e nutricional, faltava a Daniela mudar outro hábito: começou a fazer exercícios. “Era muito sedentária, mas depois de um tempo você vai vendo o resultado e começa a gostar.”

Para ela, a grande dificuldade é mudar a forma de pensar. “Tenho um amigo que fez a cirurgia bariátrica, emagreceu 120kg, mas engordou de novo”, diz. Por saber dos entraves enfrentados por quem deseja perder peso, a jovem montou o blog Intimidade com a balança (www.intimidadecomabalanca.blogspot.com) para contar sua batalha e, desde novembro do ano passado, incentiva outras pessoas a fazer o mesmo.

A matemática do peso

A fórmula consiste em dividir o peso pela altura elevada ao quadrado. De acordo com a OMS, o IMC acima de 25 é considerado sobrepeso. A obesidade é diagnosticada quando o cálculo tem resultado maior que 30. Valores inferiores a esse significam que a pessoa não tem problema de excesso de peso.


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