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Estado de Minas

Júri de Almodóvar coroa sátira da burguesia ocidental em Cannes


postado em 28/05/2017 17:16

O júri do Festival de Cannes, presidido pelo espanhol Pedro Almodóvar, contrariou todos os prognósticos ao atribuir, neste domingo, a Palma de Ouro a "The square", do sueco Ruben Ostlund, uma sátira da burguesia ocidental.

Foi a primeira vez que o diretor de "Força maior" competia pelo prêmio máximo, vencendo cineastas consagrados na disputa como Michael Haneke, Todd Haynes e Sofia Coppola.

"The square" é uma crítica em tom de sátira da burguesia ocidental, encarnada pelo curador de um museu de arte contemporânea que prepara uma exposição ambiciosa, centrada em exaltar os valores universais por meio de um simples quadrado desenhado no chão.

O ator dinamarquês Claes Bang interpreta o diretor do museu, divorciado, com duas filhas que vê de vez em quando, e que leva uma vida ordenada, sem estar consciente de sua falta de sentido, em uma cidade sueca onde a pobreza e a desigualdade são latentes.

"Trata-se de refletir sobre a hipocrisia do nosso modo de vida no Ocidente. Nos achamos virtuosos, pagamos nossos impostos, mas existem coisas que não queremos ver", disse Bang, em Cannes, após a exibição do filme para a imprensa.

No elenco também destaca-se a americana Elisabeth Moss, que interpreta uma jornalista que vive uma aventura com o diretor do museu.

"The square" talvez tenha sido a produção que mais arrancou risos do público que assistiu as exibições dos 19 filmes da competição, a maioria deles explicitamente violentos ou psicologicamente tensos.

Ostlund "realizou um filme extremamente divertido com maestria. Fala do politicamente correto, que é como uma ditadura [...] Este tema tão sério foi tratado uma imaginação incrível", declarou o diretor Pedro Almodóvar.

- Almodóvar emocionado -

Mais uma vez, o júri surpreendeu ao premiar um filme que não se destacava entre os favoritos da crítica, que havia apostado em "120 battements par minute", do francês Robin Campillo, e "Loveless", do russo Andrei Zvyagintsev.

Mas ambos tiveram que se conformar com outros prêmios. "120 battements par minute" ficou com o Grande Prêmio. O filme é protagonizado por um dos autores mais aplaudidos do festival, o argentino Nahuel Pérez Biscayart, e mostra a luta da associação francesa Act Up contra a epidemia da aids nos anos 1990.

Ao falar do filme francês, Almodóvar se emocionou e chegou a ficar com os olhos marejados.

"Adorei esta produção, não poderia gostar mais. Me emocionou do início ao fim, e depois do fim", disse o cineasta na coletiva após a cerimônia de encerramento do festival.

Almodóvar explicou, também, que "a grande maioria [do júri] gostou muito do filme de Campillo", mas que se trata de um "júri democrático" e ele é apenas uma parte do grupo.

"Estou certo de que fará muito sucesso", antes de dizer que "relembra algo que aconteceu neste país não faz muito tempo". "A história de heróis que salvaram muitas vidas", concluiu.

"Loveless" ficou com o Prêmio do Júri. Trata-se de um drama sobre um casal que está se divorciando e que não tem nenhum afeto pelo filho de 12 anos, mas que terá que continuar junto para encontrá-lo quando ele desaparece.

Joaquin Phoenix e Diane Kruger confirmam favoritismo

Os prêmios de interpretação coincidiram com as previsões da crítica. O americano Joaquin Phoenix, de 42 anos, foi coroado o melhor ator por seu papel como um veterano de guerra perturbado em "You were never really here", da britânica Lynne Ramsay.

Brutal com seus inimigos, e afetuoso com sua mãe idosa, este personagem vive de executar trabalhos sujos em prol de uma causa nobre: resgatar menores de idade das redes de prostituição.

Na categoria feminina, o prêmio ficou com Diane Kruger, por seu papel em "In the fade", do diretor Fatih Akin. Em sua primeira atuação falando sua língua materna, a estrela de Hollywood encarna uma mãe de família que busca vingança pela morte de seu marido, de origem turca, e de seu filho, em um atentado cometido por neonazistas.

O nome de Nicole Kidman também soou fortemente, após a atriz ter protagonizado dois filmes que estavam na disputa: "O estranho que nós amamos", de Sofia Coppola, e o filme de terror "The killing of a sacred deer", do grego Yorgos Lanthimos. O júri decidiu dar à atriz o prêmio especial pelo 70º aniversário do Festival.

Coppola levou o prêmio de melhor direção, tornando-se a primeira mulher a vencer nesta categoria desde 1961. A cineasta dedicou o prêmio a seu pai, o lendário cineasta Francis Ford Coppola.


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