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Estado de Minas

Moreno herdará Equador com turbulências políticas e econômicas


postado em 22/05/2017 21:25

Lenín Moreno vai assumir a Presidência do Equador nesta quarta-feira (24) com o desafio de impulsionar uma economia combalida e de enfrentar uma oposição fortalecida para manter a marca socialista que seu antecessor, Rafael Correa, imprimiu no país desde 2007.

"Há uma ressaca econômica", declarou à AFP Farith Simon, catedrático da Universidade privada San Francisco de Quito, acrescentando que o desembolso estatal no período pré-eleitoral "gerou um superendividamento e afetou seriamente as finanças públicas".

A dívida externa saltou de US$ 10 bilhões para US$ 25,68 bilhões (26,3% do PIB) na gestão de Correa (2007-2017), enquanto o boom petroleiro nacional acabou com a queda da cotação de US$ 98 o barril, em 2012, para US$ 35, em 2016, de acordo com o Banco Central.

Moreno admite que será muito difícil manter os níveis de investimento social alcançados pelo governo de Correa, disse à AFP o cientista político Simón Pachano, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) em Quito.

Faltando poucos dias para deixar a Presidência, Correa se vangloria de que a economia dolarizada se recupera, após enfrentar a "tempestade perfeita" com a queda brusca das exportações e a valorização do dólar que encareceu as importações.

O país, que apesar da crise mundial viu o PIB crescer até 7,9% em 2011, entrou em recessão, sacudido também por perdas da ordem de US$ 3,344 bilhões devido a um terremoto, em abril de 2016, ano em que a economia encolheu 1,5%.

"Superamos a recessão em tempo recorde, sem 'pacotaços' (medidas fiscais) e sem aumento da pobreza, nem da desigualdade", disse o presidente em fim de mandato, eleito em três ocasiões.

No entanto, o analista Pablo Ospina avalia que o país ainda está "mergulhado em uma crise, em uma recessão, em um buraco".

"O tema econômico é um dos principais, o mais complicado e o que mais incerteza gera" para o governo de Moreno, que prometeu aumentar os subsídios aos pobres, acrescentou Ospina.

Maioria frágil no Congresso

Para Moreno, os analistas preveem um cenário menos favorável do que o proposto pelo governo.

O "panorama é: turbulências econômicas, mas certo enfraquecimento político e certas fissuras" no Aliança País (AP), o movimento no governo, cujo líder máximo é Correa, apesar de estar deixando o poder, afirmou Ospina, catedrático da Universidade andina Simón Bolívar, no Equador.

Com maioria no Congresso unicameral 2017-2021, o correísmo perdeu os dois terços obtidos em 2013 e com os quais reformou a Constituição há quatro anos, implantando a reeleição indefinida.

Essa maioria se alinha como frágil. Cerca de 20 de seus 74 parlamentares são de grupos afins à AP, enquanto a oposição de direita somou assentos entre as 137 cadeiras do Legislativo: a aliança Creo-Suma, que apoia Guillermo Lasso, passou de 10 para 34 deputados; e o Partido Social Cristão, de 7 para 15.

Para Ospina, depois da década de desequilíbrio institucional, em que o Equador teve sete presidentes (três deles depostos) até Correa assumir, o período de estabilidade política e de hegemonia do partido governista "está pelo menos em dúvida", porque "há uma diferença no Congresso muito pequena, depende de aliados e não tem maioria qualificada".

- Lasso sinaliza

Nas eleições de abril, Moreno derrotou o direitista Lasso com uma diferença de 2,3 pontos percentuais.

Nesta segunda, o ex-candidato presidencial garantiu que apoiará as "boas decisões" do governo de Lenín Moreno e reivindicou reformas tributárias "urgentes".

"Apesar do ocorrido em 2 de abril, se puder contribuir para esse futuro melhor para a família equatoriana, aqui estaremos. Aqui estarei, apoiando as boas decisões que permitam recuperar a democracia, a liberdade e o direito a prosperar dos equatorianos", disse Lasso, em entrevista coletiva.

O principal líder da oposição no Equador pediu a Moreno que "envie urgentemente um projeto de reforma tributária para reduzir o excesso de impostos e gerar um clima de estabilidade" para o investimento privado no país.

Entre outras medidas, Lasso solicitou o fim de uma polêmica Lei de Comunicação criticada por um setor da imprensa que a considera uma "mordaça". Pediu também que se mantenha a dolarização implementada em 2000 e que se descarte o dinheiro eletrônico promovido pelo presidente em fim de mandato, Rafael Correa.

"Sem dúvida alguma, quando o senhor Moreno começar a adotar o mínimo dessas medidas, conseguirá ganhar legitimidade", declarou Lasso, que denunciou a ocorrência de "fraude" após o anúncio dos resultados oficiais que deram a vitória ao candidato do governo.


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