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Estado de Minas

Carlos, o Chacal, condenado à prisão perpétua por atentado em Paris em 1974

É a terceira condenação à pena máxima para o terrorista, que matou pelo menos 15 pessoas e feriu 150 em atentados a bomba


postado em 28/03/2017 09:31 / atualizado em 28/03/2017 10:09

(foto: Benoyt Peirucq/AFP)
(foto: Benoyt Peirucq/AFP)

O venezuelano Ilich Ramírez Sánchez, conhecido como Carlos "o Chacal", nome conhecido do terrorismo internacional dos anos 1970 e 1980, foi condenado nesta terça-feira à prisão perpétua por um atentado contra uma galeria comercial de Paris que deixou dois mortos e 34 feridos em 1974.

Essa é a pena máxima prevista pela lei francesa e corresponde ao pedido da Promotoria, que considerou que "todos os elementos reunidos durante a investigação convergem para ele".

Carlos, preso na França desde sua detenção no Sudão pela polícia francesa em 1994, já foi condenado duas vezes à prisão perpétua pelo assassinato de três homens, entre eles dois policiais em 1975 em Paris, e por quatro atentados com explosivos que deixaram 11 mortos e 150 feridos em 1982 e 1983, em Paris, Marselha e em dois trens.

Ele voltou a se sentar no banco dos réus em 13 de março passado, dessa vez por um atentado com granada cometido em 15 de setembro de 1974: duas pessoas morreram e 34 ficaram feridas na explosão de uma granada lançada no interior da loja Drugstore Publicis, em pleno centro de Paris.

Processado por "assassinato e tentativa de assassinato, dano a propriedade e transporte de material de guerra, em relação a um ato terrorista", enfrentou novo julgamento e somou mais uma perpétua às duas condenações anteriores.

O atentado em Paris

Em entrevista no final de 1979 para a revista Al-Watan Al-Arabi, Carlos reconheceu ter lançado a granada contra a loja situada na avenida Saint-Germain de París.

Mas depois, o venezuelano, que cometeu vários atentados em nome da causa palestina, negou ter concedido a entrevista.

"Enfim um julgamento! As vítimas esperam há tanto tempo que Carlos seja declarado culpado e condenado, suas feridas jamais fecharão", disse no dia em que o julgamento começou o advogado Georges Holleaux, que representa 18 das 30 partes civis do processo, entre elas as viúvas dos dois homens mortos no atentado.

"Que interesse tem realizar esse julgamento tantos anos depois dos feitos? É algo extravagante (...)" afirmou naquela data a advogada de Carlos, Isabelle Coutant-Peyre, que disse que seu cliente nega os crimes pelos quais é julgado, em particular os "assassinatos com relação com uma empresa terrorista".

Para a acusação, o atentado de Paris se enquadrou no contexto da tomada de reféns na embaixada da França em Haia. Um comando do Exército Vermelho Japonês (ERJ), braço da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP) - da qual Carlos era membro das "operações especiais" - exigia a libertação de um de seus membros, detido no aeroporto parisiense de Orly dois meses antes.

Esse homem carregava documentos sobre projetos de sequestro, com pedidos de resgates, de diretores de filiais de empresas japonesas estabelecidas na Europa para financiar o ERJ.

Principal responsável pela tomada de reféns, Carlos teria tomado a iniciativa de lançar a granada em Paris para subjugar o governo francês. E conseguiu. O detido japonês foi libertado e se reuniu em Aden (Iêmen) com os demais membros do comando de Haia.

A acusação se baseou também nos testemunhos de antigos companheiros de estrada de Carlos, entre eles o ex-revolucionário alemão Hans-Joachim Klein, a quem o venezuelano teria confidenciado querer "pressionar para que se liberte o japonês".

Os investigadores também reconstituíram o circuito da granada utilizada no atentado, que era do mesmo lote - roubado em 1972 em um acampamento militar americano - que as usadas pelos sequestradores de Haia, descoberta em Paris na residência da amante de Carlos.


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