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Estado de Minas

Trump faz discurso moderado mas mantém promessa de maior rigor com a imigração


postado em 01/03/2017 06:07

Donald Trump suavizou sua retórica no primeiro discurso no Congresso, mas sem reduzir o desejo de aplicar com firmeza as leis migratórias e reduzir o fluxo de entrada de pessoas com baixa capacitação de trabalho e poucos recursos.

Em um discurso menos sombrio que o de sua posse há pouco mais de um mês e um tom mais solene que o habitual, o 45º presidente americano ofereceu na terça-feira a explicação mais ponderada e detalhada até agora de sua política "Estados Unidos em primeiro lugar".

O presidente citou motivos econômicos como justificativa da linha dura contra a imigração ilegal, o que gerou aplausos dos republicanos, que são maioria no Congresso.

"Ao fazer com que finalmente sejam aplicadas nossas leis migratórias vamos elevar salários, ajudar os desempregados, economizar bilhões de dólares e tornar nossas comunidades mais seguras para todos", disse.

Uma semana depois de conceder amplas prerrogativas de deportação às agências migratórias, Trump insistiu na construção do polêmico muro na fronteira com o México.

"Em breve, começaremos a construção de um grande, grande muro ao longo da nossa fronteira sul. Começará antes do previsto. Quando estiver concluído, será uma arma muito efetiva contra as drogas e contra o crime", garantiu.

Em apoio a seu programa, o presidente americano convidou duas viúvas de policiais mortos em 2014 por um imigrante clandestino.

Mas, com uma postura mais construtiva, propôs um sistema baseado no mérito e disse que acredita em um acordo entre democratas e republicanos sobre a reforma migratória.

"Se passarmos do atual sistema de imigração de pessoas com baixa capacitação e adotarmos um sistema baseado no mérito, teremos muitos benefícios: pouparemos dólares, elevaremos os salários e ajudaremos as famílias em dificuldades - incluindo famílias de imigrantes - a ingressar na classe média", disse.

"É um princípio básico que aqueles que buscam entrar em um país devem ser capazes de manter a si mesmos financeiramente", destacou.

Poucas horas antes do discurso, em um encontro com jornalistas na Casa Branca, Trump havia surpreendido, porém, ao evocar a possibilidade de apoiar uma reforma de regularização de imigrantes sem documentos nos Estados Unidos, desde que não tenham antecedentes penais.

- 'Novo orgulho nacional' -

Diante de um nível de popularidade baixo e de um início conturbado de presidência, Trump falou por uma hora em um Congresso lotado de membros de seu gabinete, senadores, representantes, magistrados, embaixadores e generais.

"Um novo orgulho nacional está varrendo o país. E uma nova onda de otimismo está colocando sonhos impossíveis firmemente a nosso alcance", afirmou.

"Somos testemunhas de uma renovação do espírito americano", completou.

Em uma fala ao exterior, suavizou as críticas aos países da Otan e prometeu trabalhar com aliados no mundo muçulmano para derrotar o grupo extremista Estado Islâmico.

Mas não pediu desculpas por centrar sua visão nos Estados Unidos.

"Meu trabalho não é representar o mundo, e sim representar os Estados Unidos", disse.

- 'Dreamer' responde -

De terno escuro e gravata azul listrada - abandonando seu característico vermelho e o explosivo e improvisado estilo discursivo -, o presidente se manteve, de modo geral, alinhado com o texto divulgado antecipadamente para a imprensa pela Casa Branca.

Algumas congressistas democratas se vestiram de branco para a ocasião, um símbolo da luta pelos direitos das mulheres e que demonstra a forte oposição às políticas de Trump.

"Foi divisivo e tem como objetivo causar medo e terror em comunidades no país", disse Astrid Silva, uma ativista sem documentos, escolhida para pronunciar a resposta em espanhol do Partido Democrata.

"Deveria reconhecer as contribuições dos imigrantes, das quais ele mesmo se beneficiou", completou Silva, uma 'dreamer', beneficiária do programa DACA, que a protege da deportação, e que Trump prometeu suprimir.

Ao mesmo tempo, o presidente republicano defendeu políticas populares entre as famílias como a licença paternidade remunerada, e inclusive chegou a ganhar elogios de alguns democratas por sua tentativa de apresentar um cenário mais otimista e pedir a unidade nacional.

- Elogio republicano -

"Foi muito menos obscuro que o discurso de posse. E fez uma tentativa de aproximação. Mas o diabo mora nos detalhes", disse o congressista democrata John Larson.

De acordo com uma pesquisa da CNN, 57% dos americanos que assistiram o discurso reagiram de forma positiva.

Na agenda doméstica, o bilionário prometeu uma reforma fiscal "histórica" - com menos impostos para a classe média - e acabar com o sistema de saúde de seu antecessor, o Obamacare, um agrado para os republicanos ainda céticos.

"Foi um home-run. O presidente Trump deu uma mensagem corajosa e otimista aos americanos", elogiou o presidente da Câmara de Representantes, Paul Ryan, ao utilizar um termo do beisebol.

Trump prometeu "reiniciar o motor da economia americana" e tornar mais difícil para as empresas deixarem o país. Ele se comprometeu a atrair um trilhão de dólares em projetos de infraestrutura.

A tensão entre os Legislativo e o Executivo é forte, no entanto, pela proposta de Trump de aumentar os gastos militares em 10% (quase 54 bilhões de dólares).

Mas o presidente não apresentou detalhes para estes planos, que sem dúvida afetarão a já elevada dívida nacional.

"As contas não fecham", disse o senador democrata Chris Van Hollen à AFP.


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