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Estado de Minas

Equador tem eleições-chave para a esquerda da América Latina


postado em 19/02/2017 19:55

Os equatorianos compareceram neste domingo às urnas para definir se continuam com o modelo socialista do presidente em fim de mandato, Rafael Correa, ou se dão uma guinada à direita, tendência que está se impondo na região.

Às 17H00 locais (19H00 de Brasília) deste domingo, dezenas de milhares de seções fecharam após receber

O candidato governista de esquerda Lenin Moreno lidera a votação, segundo pesquisas de boca de urna, que atribuem a ele entre 36% e 43% dos votos.

Para vencer no primeiro turno, Moreno requer 40% dos votos válidos e uma diferença de dez pontos sobre o segundo colocado, que segundo as pesquisas é o ex-banqueiro de direita e opositor Guillermo Lasso, com 26% e 31%.

Após votar em uma universidade no norte de Quito, o ex-vice-presidente Moreno pediu ao povo equatoriano para "desfrutar da festa democrática".

Pouco antes, ao votar também na capital, Correa, que desistiu por motivos pessoas de disputar a reeleição, apostou em uma vitória de Moreno no primeiro turno.

Mas no centro do porto de Guayaquil (sudoeste), o conservador Guillermo Lasso, um ex-banqueiro que tem 21,5% das intenções de voto, afirmou o contrário.

"Vamos para o segundo turno, claro que sim, e na segunda-feira começaremos a campanha eleitoral", declarou, em frente ao seu colégio eleitoral.

A deputada de direita Cynthia Viteri (14%) e o social-democrata ex-prefeito de Quito, Paco Moncayo (7,7%) votaram no começo da tarde.

Nenhum dos oito candidatos aparece nas pesquisas como vencedor no primeiro turno, já que, para isso, é necessário obter 40% dos votos válidos e 10 pontos de vantagem à frente do segundo mais votado.

As pesquisas prévias a estas eleições, nas quais também são escolhidos 137 deputados e cinco representantes do Parlamento Andino, tampouco lançam luzes sobre se o desgastado correísmo conseguirá manter a maioria de dois terços no Legislativo.

Em uma consulta popular simultânea, os equatorianos deverão responder "sim" ou "não" a uma iniciativa do presidente de proibir os políticos de terem bens em paraísos fiscais, sob pena de serem destituídos se estiverem desempenhando cargos públicos.

As seções eleitorais vão fechar às 17H00 locais (19H00 de Brasília) após dez horas de votação, e os primeiros resultados oficiais são esperados a partir das 20h00 (22h00 de Brasília).

Economia castigada

Marcadas pela delicada situação econômica e por uma campanha eleitoral incomumente insípida, empobrecida por acusações de corrupção, estas eleições são, segundo as pesquisas, as mais disputadas e com maior número de indecisos dos últimos anos no país andino.

A ausência de Correa, um economista carismático e polêmico que desde 2007 liderou o período mais estável da história recente equatoriana, e a combalida economia após o fim da bonança petroleira, que serviu para modernizar o país e elevar seus índices de desenvolvimento, deixam o correísmo desgastado.

Os equatorianos votavam muito condicionados pela deterioração econômica, produto, segundo o governo, de fatores externos, como a queda do petroleiro, a desvalorização de moedas vizinhas, o fortalecimento do dólar ou os custos com o terremoto de abril passado.

A oposição, ao contrário, vê uma possibilidade de atiçar o descontentamento das classes médias e baixas, que falam em esbanjamento e má gestão.

Moreno, cujo estilo conciliador contrasta com o temperamental Correa, representa a continuação de um sistema que combina um disparado gasto social, altos impostos e um endividamento elevado.

Lasso e Viteri prometem fomentar o investimento estrangeiro, diminuir os impostos para estimular o consumo e a produção.

"Independentemente de quem chegar à presidência se tornará o coveiro do socialismo do século XXI (como o governo de Correa costuma ser chamado), porque já não é viável com esta realidade econômica. Terá que fazer ajustes de uma maneira ou de outra", explica à AFP o economista Alberto Acosta-Burneo, consultor do Grupo Spurrier.

Mais "restauração conservadora"?

Esta eleição também representa um novo teste para a esquerda da América Latina, após a guinada à direita em Brasil, Argentina e Peru.

Os equatorianos poderão frear o que Correa define como a "restauração conservadora" na região. Mas, se não o fizerem, deixarão sozinhas a Venezuela de Nicolás Maduro e a Bolívia de Evo Morales.

A corrupção, que está atingindo políticos da região, foi se instalando pouco a pouco como um tema durante a campanha.

São casos como o da petrolífera estatal Petroecuador, que envolveu um ex-ministro de Correa, e os dos supostos subornos da empreiteira Odebrecht a funcionários equatorianos, contabilizados em 33,5 milhões de dólares.

Os eleitores dirão se são "distorções" da campanha, como afirma Correa.

"Ocorreu corrupção neste e em muitos governos, talvez nos anteriores muito mais corrupção do que agora, mas neste momento estamos vendo o que se desenrolou", comenta, resignada, a funcionária Nora Molina após votar também no norte de Quito.


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