O número de venezuelanos que se identificam com a oposição teve uma queda de sete pontos percentuais desde o fim de outubro, quando começou o diálogo com o governo para resolver a crise política, segundo pesquisa divulgada nessa sexta-feira.
No total, 38% dos consultados se disseram de oposição, contra 45% no final de setembro, segundo o escritório da firma Keller y Asociados, que garante que o apoio aos chavistas permanece em 19%.
Os que se separaram da oposição passaram a integrar a lista dos "independentes", que se tornaram o principal segmento, com 43%.
Alfredo Keller, diretor de agência responsável pela pesquisa, assegurou à AFP que a oposição perdeu apoio por causa da "decepção gerada" entre seus seguidores no inicio do diálogo, logo depois que o poder eleitoral suspendeu o processo para um referendo revogatório do mandato do presidente Nicolás Maduro.
"O que os venezuelanos querem é uma mudança. O governo demonstrou que não quer fazer isso, então, quando a oposição oferece instrumentos de mudança adquire um respaldo altíssimo", ressaltou Keller.
Essa aspiração coincidiu com o início das conversas de 30 de outubro, 10 dias depois do cancelamento do referendo, segundo a pesquisa.
Desde que iniciou a negociação com o apoio do Vaticano e da Unasul, a coligação opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) exige a reativação do referendo ou o adiantamento das eleições presidenciais de 2018.
Mas Maduro nega que esses temas estejam na agenda, o que levou a MUD a congelar o processo, na terça-feira passada.
Keller opinou que a decisão do Legislativo, de maioria opositora, de suspender a discussão sobre a responsabilidade do presidente pela crise no país também afetou a popularidade da MUD.
Por outro lado, a pesquisa indica que 93% acreditam que a situação do país é negativa, 79% dizem não possuir dinheiro suficiente para cobrir suas necessidades e 77% rejeitam a gestão de Maduro.
A Venezuela atravessa uma severa crise econômica, caracterizada por uma aguda escassez de alimentos e medicamentos, e uma inflação que pode fechar 2016 em 475%, de acordo com o FMI.
O dirigente opositor Henrique Capriles propôs nessa sexta-feira "relançar" a MUD em janeiro com uma proposta unitária para superar a crise.
"É necessário, porque a MUD nesse momento é apontada pelos opositores como responsável pelo fracasso da mudança", opinou Keller.
O estúdio foi feito com 1.200 entrevistas em lares a nível nacional, entre 28 de outubro e 19 de novembro, com uma margem de erro de +/- 2,89%.