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Estado de Minas

Julgamento do 'Carniceiro dos Bálcãs' entra na reta final


postado em 05/12/2016 18:16

O julgamento do ex-chefe militar dos sérvios da Bósnia, Ratko Mladic, conhecido como o "Carniceiro dos Bálcãs", entrou nesta segunda-feira na etapa final com o início do requisitório da promotoria, que durará três dias.

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia (ICTY) acusa Mladic, de 74 anos, de ter feito a "limpeza étnica" de uma parte da Bósnia, com a intenção de criar um Estado sérvio etnicamente puro.

O acusado responde a 11 acusações de genocídio, crimes contra a humanidade e supostos crimes de guerra cometidos durante a guerra da Bósnia (1992-1995), que deixou mais de 100.000 mortos e 2,2 milhões de refugiados.

O promotor assegurou que Mladic "se atribuiu o crédito" de um plano estratégico que "alterou radicalmente o quadro demográfico das zonas da Bósnia reivindicadas pelos sérvios bósnios".

"O que ocorreu de município em município não foi um efeito acidental da campanha militar, senão seu objetivo", declarou o promotor Alan Tieger ante o tribunal de Haia.

Mladic vestia terno cinza e gravata com estampas em branco e azul. Com ar sombrio, olhou durante algum tempo para os jornalistas e o público presente na sala, e depois desviou o olhar para ler alguns documentos.

Acusado em julho de 1995, foi detido na casa de um familiar na Sérvia em 26 de maio de 2011, após ter escapado da justiça internacional durante 16 anos. O julgamento começou em 2012.

O ex-chefe militar deverá prestar contas sobre o cerco de Sarajevo, que durou 44 meses e matou 10.000 civis, vítimas da artilharia sérvia ou de franco-atiradores.

"No comando"

Mladic também deverá responder pelo assassinato de quase 8.000 homens e crianças muçulmanos perpetrado em julho de 1995 em Srebrenica, o pior massacre na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Seus advogados apresentarão suas alegações na sexta-feira, após terem bombardeado os juízes com mais de 950 moções durante o julgamento para pedir, entre outras coisas, a anulação do processo ou a recusa de um magistrado.

Nesta segunda-feira, os advogados de defesa voltaram a apresentar uma demanda para adiar a sentença do ICTY, mas a corte rejeitou esta moção, como fez com a maioria das anteriores.

Segundo seus advogados, Mladic e seus homens só estavam se defendendo dos ataques das forças bósnias muçulmanas, e o ex-chefe militar é vítima de um julgamento "político".

Mas Tieger acusa os advogados de tentarem "transformar Mladic em um pequeno oficial incompetente, menos importante que os comandantes principais".

O vídeo de uma conversa entre militares sérvios difundido pela acusação mostra que Mladic "estava no comando", segundo o promotor, que afirmou que o réu trata agora de "fugir à responsabilidade do que anteriormente se gabou".

Os familiares das vítimas aguardam com preocupação o final deste julgamento, cuja sentença será divulgada durante 2017.

Munira Subasic, presidente da associação das mães de Srebrenica, espera que Mladic seja condenado à cadeia perpétua. Seu alter ego político, Radovan Karadzic, foi condenado recentemente a 40 anos de prisão.

O julgamento contra Mladic é o último do ICTY, criado pela ONU durante a guerra em 1993 para levar à Justiça os autores das atrocidades cometidas durante os conflitos que dilaceraram a antiga Iugoslávia.


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