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Estado de Minas

Esquerda latino-americana presta homenagem a Fidel em Cuba


postado em 29/11/2016 21:40

Uma multidão paciente despedia-se de Fidel Castro pelo segundo dia seguido, nesta terça-feira, em Havana, à qual se somam líderes africanos e da esquerda latino-americana, enquanto Europa e Estados Unidos participam com baixo perfil.

Filhos intelectuais da Revolução cubana, os presidentes de Venezuela, Nicolás Maduro, e da Bolívia, Evo Morales, foram os primeiros a prestar tributo em frente à foto de Fidel com a barba preta, o fuzil no ombro e mochila nas costas, adornada com medalhas e flores brancas.

Desde a segunda-feira, centenas de milhares de cubanos passaram pela Praça da Revolução, em Havana, onde está a imagem do líder que morreu na sexta-feira, aos 90 anos, e apoiou os movimentos rebeldes na América, enviou tropas à África e desafiou como poucos os Estados Unidos na Guerra Fria.

Criticado com a mesma paixão, sobretudo pela mão de ferro com a qual sufocou qualquer sinal de dissidência na ilha, o governo de Fidel e de seu irmão, Raúl, que o substituiu no poder em 2006, apoiou a paz com as guerrilhas colombianas.

"Continuamos de pé, continuamos juntos hoje mais do que nunca ao lado de Fidel", disse Maduro em sua chegada, nesta terça-feira, à capital cubana.

No segundo dia de peregrinação ao emblemático local, destacavam-se os depoimentos de orgulho pela influência de Fidel Castro.

"Fidel é um símbolo e suas ideias não estão só na América Latina, mas no mundo inteiro porque lutou pelos pobres, pelos marginalizados, pelos famintos", afirmou Roberto Hernández, professor de antropologia de 47 anos.

Cinzas

As homenagens fúnebres a Fidel Castro se estenderão até o próximo domingo, quando suas cinzas serão levadas ao cemitério de Santiago de Cuba, onde estão enterrados os restos mortais de José Martí, o herói da independência cubana.

"Fidel era um homem muito poderoso por seu pensamento, sabia muito e ajudava os outros países", segundo Andrés Cabrales. Aos 76 anos, este ex-guerrilheiro da Revolução exibe, orgulhoso, as medalhas no peito.

As cinzas de Fidel repousam em uma urna de madeira cor de café, que foi exibida pela primeira vez na noite de segunda-feira pela televisão estatal.

Raúl Castro e altos dirigentes do Partido Comunista honraram sua memória na sala Granma do Ministério das Forças Armadas, ao lado da Praça da Revolução, aonde também foram nesta terça-feira.

O respeito que domina as manifestações pela morte do dirigente só foi rompido por cubanos anti-regime que comemoram em Miami e as declarações do presidente eleito, Donald Trump, que o qualificou de "ditador brutal".

Elián González, o pequeno imigrante que no 2000 esteve no centro de uma acirrada disputa entre Cuba e Estados Unidos, disse que a resposta ao presidente eleito americano, Donald Trump, está sendo dada na multitudinária presença dos cubanos nos funerais.

"Eu não creio que tantas pessoas poderiam chorar por alguém que, como ele diz, é um ditador... O que as pessoas estão dando aqui é amor", disse.

Ausências de peso

Está prevista, por volta das 19h00 locais (22H00 de Brasília) a cerimônia maciça em memória de Fidel Castro, à qual estão convidados líderes e personalidades do mundo e que encerrará as homenagens em Havana.

No dia seguinte terá início uma caravana com os restos do líder falecido, que percorrerá 13 das 15 províncias antes de sua chegada a Santiago de Cuba.

Além de Maduro e Morales, a esquerda latino-americana será representada pelos presidentes do Equador, Rafael Correa, e da Nicarágua, Daniel Ortega. Também estarão presentes os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, e do México, Enrique Peña Nieto.

Ao contrário, poucos líderes de outras partes do mundo chegarão a Havana para despedir um dos homens mais influentes e controversos do século XX.

O presidente Barack Obama, que impulsionou a aproximação histórica dos Estados Unidos e Cuba após mais de meio século de inimizade, será representado por seu assessor adjunto de Segurança, Ben Rodhes.

Tampouco assistirão seu contraparte francês, François Hollande, nem o russo, Vladimir Putin.

A África, por sua vez, estará presente com os presidentes do Zimbábue, Robert Mugabe; da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang; e da África do Sul, Jacob Zuma.

Também estarão presentes o rei emérito da Espanha, Juan Carlos, o ex-chanceler alemão, Gerhard Schröder, e os vice-presidentes do Irã e da China.

"Não podíamos ficar aparte no momento de sua partida, não podíamos ficar longe sem vir e dizer: 'Até breve, camarada, até breve, querido irmão'", declarou Mugabe, de 92 anos, e que está no poder há quase quatro décadas.

Após a morte de Fidel, abriu-se uma interrogação sobre o futuro diplomático de Cuba com os Estados Unidos após um tuíte ameaçador de Trump.

O magnata advertiu que poria fim ao degelo com Havana "se Cuba não estiver disposta a selar um melhor acordo para o povo cubano", em alusão à sua reivindicação de uma maior abertura econômica e liberdade política.

Enquanto a morte de Fidel Castro foi recebida com alvoroço por parte da comunidade cubana fora da ilha, os dissidentes em Cuba baixaram as armas por respeito ao luto nacional.

No entanto, advertiram que retomarão a luta contra o regime socialista agora encarnado por Raúl.


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