Berlim, 20 - A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que comandou o país por várias crises globais como sua primeira líder mulher, disse neste domingo que buscará um quarto mandato como chanceler nas eleições gerais do próximo ano. Mais cedo, a agência de notícias alemã DPA havia antecipado a candidatura de Merkel, citando fontes de seu partido.
"Eu literalmente pensei sobre essa decisão sem parar... Mas estou pronta para concorrer novamente", disse Merkel a repórteres depois de se reunir com membros de alto escalão do seu partido União Democrata Cristã (CDU), de centro-direita. "Quero servir à Alemanha". Merkel disse que espera fortes desafios tanto de partidos à esquerda como de siglas mais à direita, porque a Alemanha se tornou mais polarizada. "Esta eleição será difícil - como nenhuma outra eleição desde a reunificação" das Alemanhas Ocidental e Oriental em 1990, disse Merkel.
A chanceler de 62 anos afirmou que também vai concorrer à reeleição como presidente do partido na convenção nacional do CDU no próximo mês. Ela não enfrenta nenhuma grande oposição dentro da sigla.
Física por formação, Merkel tornou-se chanceler em 2005. É a primeira líder da Alemanha reunificada a ter crescido sob o comunismo na antiga Alemanha Oriental. Se ela vencer no próximo ano e completar novo mandato de quatro anos, Merkel vai se equiparar ao seu mentor, Helmut Kohl, que ficou 16 anos no cargo.
Embora nunca tenha sido descrita como visionária ou recebido elogios por seus discursos, Merkel conquistou o respeito por ser dura, perspicaz e obstinada na resolução de problemas. Desde que se tornou chanceler, ela lidou com várias crises internacionais, incluindo a crise da dívida da zona do euro em 2008-09, na qual negociou compromissos entre os líderes da União Europeia. Ela tem sido forte defensora dos esforços para combater a mudança climática e, em 2011, acelerou abruptamente o encerramento das centrais nucleares da Alemanha após os problemas em Fukushima, no Japão.
Os desafios diplomáticos não resolvidos para um próximo mandato incluem o relacionamento da Europa com a Rússia, o futuro da Ucrânia, os desenvolvimentos autocráticos na Turquia, a guerra na Síria e as negociações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia. Merkel também precisa se preparar para a onda populista que varre Estados Unidos e Europa, já que as eleições do próximo ano podem colocar um político de extrema direita na Presidência da França.
Internamente, o partido nacionalista Alterativa para a Alemanha, ou AfD, poderia revelar-se um dos maiores obstáculos à sua reeleição. O partido, agora representado em 10 parlamentos estaduais, tem feito uma campanha agressiva contra a decisão de Merkel de acolher um número estimado de 890 mil migrantes na Alemanha no ano passado.
Nas eleições no Estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental neste ano, a sigla de Merkel chegou em terceiro atrás da Aliança para a Alemanha. De acordo com pesquisas recentes, o AfD ganharia cerca de 10% dos votos se as eleições gerais fossem realizadas agora.
Ainda não foi estabelecida uma data para o pleito, mas ele ocorrerá em algum momento entre 23 de agosto e 22 de outubro do próximo ano.