O presidente do Toulon, maior clube de rúgbi francês da atualidade, disse nesta quinta-feira que as declarações de Benzema sobre sua não convocação para a Eurocopa são "perigosas" e correm risco de servir de argumento para "recrutadores" do grupo Estado Islâmico.
"Sinceramente, não acho que sua ausência seja motivada por considerações racistas", afirmou Mourad Boudjellal, que é de origem argelina como Benzema.
"A prova disso é o número de negros que tem na equipe. Acho que Benzema, pela decepção, fez declarações perigosas no contexto atual", disse o dirigente em entrevista à rádio RTL.
Na quarta-feira, Benzema causou um enorme escândalo ao afirmar em entrevista ao jornal espanhol Marca que o técnico Didier Deschamps "cedeu às pressões da parte racista da França".
O atacante do Real Madrid foi afastado da seleção pela federação francesa em novembro, depois de ter sido indiciado por suposto envolvimento em caso de chantagem contra Mathieu Valbuena, outro jogador dos 'Bleus'.
"Acho que ele não mediu o quanto suas declarações são perigosas. Se ele quisesse virar garoto-propaganda de Daech (Estado Islâmico), teria que fazer assim mesmo", disparou Boudjellal.
"Para jovens dos bairros pobres que buscam um ideal, isto acaba virando um exemplo para recrutadores, que podem falar: 'viu, mesmo se você for o melhor no seu esporte, como Benzema, vai ser rejeitado. É um apelo para se revoltar contra seu país", acrescentou.
Boudjellal descartou a ideia de impor cotas raciais em seleções nacionais. "No rúgbi, temos o exemplo da África do Sul, que vai impor uma cota de jogadores negros. Acho isso tão estúpido quanto impor uma cota de jogadores brancos. No esporte, o único critério de seleção tem que ser a qualidade do atleta", completou.