(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Conservador Macri chega ao poder em uma Argentina dividida

Ele foi eleito para um mandato de quatro anos e na primeira metade do período será obrigado a estabelecer alianças no Congresso


postado em 23/11/2015 09:10 / atualizado em 23/11/2015 10:25

(foto: HO / CAMBIEMOS / AFP)
(foto: HO / CAMBIEMOS / AFP)
Mauricio Macri, candidato pró-mercado de direita que venceu a eleição à presidência da Argentina no domingo, triunfou em um segundo turno acirrado, em um país polarizado após 12 anos de governos kirchneristas de centro-esquerda, o que o obrigará a construir um governo de consensos.

Em um dia tranquilo, os argentinos compareceram às urnas para uma votação que resultou em uma guinada política inimaginável para muitos há um mês, quando poucos dias antes do primeiro turno, em 25 de outubro, as pequisas apontavam a vitória do candidato governista Daniel Scioli.

Três semanas depois, Scioli foi derrotado por menos de três pontos por Macri: 51,44% contra 48,56%, com 98,98% das urnas apuradas. "A margem da vitória é bastante limitada", disse à AFP o sociólogo Gabriel Puricelli, presidente do Laboratório de Políticas Públicas na Argentina, ao recordar que Macri será obrigado a trabalhar com o Congresso de maioria opositora.

Grande parte do Legislativo apoia a atual presidente Cristina Kirchner e Macri será obrigado a estabelecer alianças pelo menos até 2017, quando acontecerão eleições parlamentares. A seu favor, o presidente eleito conta com a província de Buenos Aires, a de maior população, assim como três das cinco maiores províncias do país, que serão governadas por sua aliança de centro-direita 'Cambiemos'."Peço a Deus que me ilumine para poder ajudar cada argentino a encontrar sua forma de progredir. Eu estou aqui por vocês, assim peço, por favor, não me abandonem, sigamos juntos", disse Macri.

No dia 10 de dezembro, quando a presidente Cristina Kirchner entregar o poder, o país iniciará uma etapa inédita com um novo espaço político da direita. Em quase um século, a Argentina não teve nenhum presidente eleito em votação livre e sem fraude que não fosse peronista ou 'radical' (social-democratas).

Em sua vida democrática, a Argentina apenas teve no poder a alternância entre o Partido Justicialista (PJ, peronista) e a UCR. "Isto é história", disse Marcos Peña, chefe de campanha de Macri e um dos mentores do Pro (Propuesta Republicana), o partido do novo chefe de Estado, em meio aos aplausos dos simpatizantes ao vencedor da eleição.

Presidente e novos desafios


Macri, um engenheiro de 56 anos, que foi presidente do clube de futebol Boca Juniors, foi eleito para um mandato de quatro anos e na primeira metade do período será obrigado a estabelecer alianças no Congresso, onde o kirchnerismo tem maioria absoluta no Senado e é a primeira força na Câmara dos Deputados.

Como candidato, prometeu liberar o mercado de câmbios, estimular a iniciativa privada, reordenar o Estado, retomar vínculos abalados com as grandes potências desenvolvidas e resolver a questão da dívida em litígio judicial com fundos especulativos em Nova York. Também antecipou que pedirá a aplicação da cláusula democrática e a suspensão da Venezuela do Mercosul por ter presos políticos, em sua opinião. Macri citou a detenção do político Leopoldo López, cuja esposa, Lilian Tintori, celebrou a vitória do opositor argentino.

Na sede da campanha de Macri o clima era de euforia com a vitória da aliança 'Cambiemos' (Mudemos), forjada com os radicais da UCR (social-democratas). O presidente eleito vai suceder Cristina Kirchner, que governa o país desde 2007 e é viúva do falecido presidente Néstor Kirchner (2003-2007). A Argentina teve 12 anos de kirchnerismo no poder. A presidente ligou para Macri para felicitá-lo e os dois concordaram com uma reunião na terça-feira na residência oficial de Olivos, segundo o canal C5N.

As comemorações dos simpatizantes de Macri chegaram ao tradicional Obelisco, no centro de Buenos Aires, enquanto poucos militantes kirchneristas permaneciam na Praça de Maio. Nas redes sociais, a hashtag #Cambiemos dominou a noite de domingo, mas não apenas para celebrar a vitória e manifestar "esperanças". "Os percentuais mostram um país fraturado. O ódio não é militância. Chegou o momento de que todos joguemos para o mesmo lado.#Cambiemos", escreveu no Twitter Victoriano Aizpurú, um reflexo de duas Argentinas que precisam de apenas um presidente.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)