A ainda favorita na corrida democrata das primárias, Hillary Clinton, e seu principal adversário, Bernie Sanders, finalmente se enfrentaram nesta terça-feira, no primeiro debate do partido para a campanha 2016.
Em seu primeiro embate, ambos emergiram claramente como protagonistas e apontaram a desigualdade de renda como o flagelo americano.
"Farei o possível para acabar com as desigualdades, as desigualdades econômicas, porque há muita desigualdade", prometeu Clinton logo no início do debate.
"Eu sou uma progressista, mas sou uma progressista que faz as coisas", afirmou.
Já Sanders insistiu em que não faz parte do sistema de "cassino capitalista" que está criando uma "economia fraudulenta" na América.
"Acredito em uma sociedade onde todas as pessoas se saiam bem, não apenas os bilionários de Wall Street", alfinetou.
O senador alertou para a "crise sem precedentes" que enfrenta o país: "nosso sistema de financiamento eleitoral é corrupto e está minando a democracia americana".
Hillary pressionou Sanders e sua posição moderada sobre a questão das armas, destacando uma área de divergência dos liberais que esperam leis mais rígidas sobre o tema.
Ao ser questionada sobre se Sanders era "duro o suficiente" no assunto, a ex-secretária de Estado responde "não, de modo algum".
"Isso já durou tempo demais", afirmou Hillary, ao comentar a violência relacionadas às armas, após uma sequência recente de trágicos episódios no país. "E já é hora de todo o país se levantar contra a NRA", insistiu ela, referindo-se à National Rifle Association, o poderoso lobby de armas nos EUA.
Sobre o tema das intervenções militares no exterior, Sanders esclareceu que "não sou um pacifista, estou preparado para liderar este país na guerra, mas priorizo a cooperação internacional".
Chega de falar de e-mails
"Esta noite não quero falar de meus e-mails, apenas do que interessa ao povo americano", assinalou Clinton durante o debate, encontrando o inesperado apoio de Sanders.
"Concordo que já chega deste assunto dos e-mails, vamos tratar dos verdadeiros temas", disse o senador, que após cumprimentar Clinton foi aplaudido pelo público.
Hillary Clinton é alvo constante dos republicanos por ter usado sua conta pessoal de e-mail, vinculada a um servidor privado, ao invés de seu e-mail oficial quando foi secretária de Estado, no primeiro mandato de Barack Obama, entre 2009 e 2013.
Para os outros três concorrentes - o ex-governador de Maryland Martin O'Malley, o ex-senador Jim Webb e o ex-governador de Rhode Island Lincoln Chafee - o debate foi uma oportunidade para mostrar que são alternativas.
O vice-presidente Joe Biden, que tem especulado há meses sobre sua candidatura e aparece em terceiro lugar nas pesquisas, foi o grande ausente.
Vantagem de Clinton
Quase oito anos depois de sua amarga derrota para Barack Obama na corrida pela indicação democrata, Hillary, de 67 anos, retorna como a candidata a derrotar, embora carregue a fama de ser distante dos eleitores.
Em nível nacional, Clinton mantém a dianteira nas pesquisas, mas aparece atrás de Sanders em New Hampshire e sua vantagem é modesta em Iowa, dois estados-chave do início das primárias, marcado para fevereiro de 2016.
Embora provoque mais reações negativa do que positivas (49% contra 47%) entre a população em geral, é mais popular do que Sanders entre os democratas, que a veem de forma favorável em 79%-19%, em comparação com a proporção 47%-24% do senador, segundo pesquisa do jornal Washington Post e da emissora ABC News, publicada nesta terça-feira.
Organizado no hotel-cassino Wynn de Las Vegas, o debate marcou o primeiro confronto direto entre Hillary e Sanders, que até agora só haviam protagonizado discretas trocas de ideias.
Para Sanders, de 74 anos, que se autodenomina um "socialista democrático", o debate foi o primeiro grande desafio na mídia em uma carreira de 25 anos nas duas câmaras do Congresso.