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Estado de Minas

Nobel da Paz premia artífices do diálogo nacional na Tunísia


postado em 09/10/2015 18:07

O Quarteto do Diálogo Nacional tunisiano recebeu nesta sexta-feira o Prêmio Nobel da Paz "por sua contribuição decisiva para a construção de uma democracia pluralista" na Tunísia, berço e única esperança da chamada Primavera Árabe de 2011.

"O Quarteto se formou em meados de 2013, num momento em que o processo de democratização corria perigo devido aos assassinatos políticos e aos importantes distúrbios sociais", destacou em Oslo a presidente do comitê Nobel norueguês, Kaci Kullmann Five.

"O prêmio pretende, acima de tudo, encorajar o povo tunisiano que, apesar dos grandes desafios, estabeleceu as bases de uma fraternidade nacional que, segundo espera o comitê, servirá de exemplo para outros países", acrescentou.

O grupo, composto pela União Geral Tunisiana de Trabalho (UGTT), sindicato histórico da Tunísia e símbolo da independência, pela patronal Utica, pela Liga Tunisiana de Direitos Humanos (LTDH) e pela ordem dos advogados, lançou "um processo político alternativo, pacífico, num momento em que o país estava à beira da guerra civil", lembrou o comitê.

O Quarteto organizou um longo e complicado diálogo nacional entre os islamitas e seus opositores, obrigando-os a tirar o país da paralisia institucional na qual estava afundado após a queda do regime autoritário de Zine El Abidine Ben Ali, em 2011.

Uma nova Constituição foi adotada no início de 2014, e um executivo de tecnocratas sucedeu o governo dirigido pelos islamitas do Ennahda, vencedores das primeiras eleições democráticas do país, para buscar uma saída para a crise política.

O exemplo tunisiano "mostra que movimentos políticos islamitas e laicos podem trabalhar juntos para alcançar resultados significativos", disse Kullmann Five.

A Tunísia conquistou sua transição política enquanto, ao seu redor, a Primavera Árabe se transformava em caos na Líbia, no Iêmen e na Síria, e a repressão retornava ao Egito.

Em dezembro, as primeiras eleições presidenciais democráticas da Tunísia deram a vitória a Beji Caid Essebsi, um antigo responsável dos regimes de Habib Bourguiba e de Zine El Abidine Ben Ali, que prometeu virar a página do autoritarismo.

O prêmio consagra "o caminho de consenso" escolhido pelo país, declarou Essebsi nesta sexta-feira.

O trabalho deste grupo é "uma inspiração para a região e o mundo", avaliou, por sua vez, o secretário-geral da ONU, Ban Ki moon.

Obama saúda o prêmio

O presidente americano, Barack Obama, saudou a atribuição do prêmio Nobel da Paz ao Quarteto para o Diálogo Nacional da Tunísia.

O prêmio é "um tributo à perseverança e à coragem do povo tunisiano que, diante dos assasssinatos políticos e ataques terroristas, teve um espírito de unidade, de compromisso e de tolerância", declarou Obama em um comunicado.

"Da mesma forma que apoiamos o povo tunisiamo, devemos ficar ao lado dos grupos que representam a sociedade civil através do mundo, que lutam, muitas vezes correndo riscos idênticos, pelos direitos humanos e o respeito à dignidade de cada indivíduo", concluiu Obama.

O prêmio Nobel da Paz é "uma homenagem aos mártires da Tunísia democrática", declarou nesta sexta-feira o secretário-geral do sindicato UGTT, Houcine Abassi. "Este esforço de nossa juventude permitiu que o país virasse a página da ditadura", acrescentou Abassi.

Ouided Bouchamaoui, líder da Utica, expressou o orgulho das organizações recompensadas que "tiveram êxito ali onde os demais fracassaram".

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, opinou no Twitter que o prêmio contribui para converter a Tunísia em "um faro da esperança" na região.

"Deve permitir à Tunísia ir ainda mais longe no êxito de sua transição", afirmou, por sua vez, o presidente francês, François Hollande.

Apesar de suas conquistas, o país segue debilitado pelos atentados islamitas.

Um atentado no museu do Bardo, em março na capital, deixou 22 mortos, e três meses depois, em junho, um ataque deixou 38 mortos em um hotel frequentado por turistas estrangeiros em Sousse (leste). Os dois atos foram reivindicados pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

Um deputado do Nidaa Tounès, a primeira força política do país, sobreviveu na quinta-feira a uma tentativa de assassinato em Sousse.

Já o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, felicitou "o povo tunisiano que proporcionou o nascimento da Primavera Árabe e se esforçou para preservar o sacrifício de tantas pessoas".

"O Quarteto do Diálogo Nacional da Tunísia permite tem esperanças de que os enormes desafios políticos podem ser superados por meio de políticas de diálogo e de consenso. O seu exemplo é uma inspiração para a região e para o mundo", declarou Ban.

O Quarteto sucede a adolescente paquistanesa Malala e o indiano Kailash Satyarthi, que receberam o Nobel da Paz de 2014 por seu trabalho a favor da infância.

Os vencedores receberão seus prêmios em uma cerimônia que será realizada em Oslo no dia 10 de dezembro, data do aniversário da morte em 1896 do criador do prêmio, Alfred Nobel, cientista e filantropo sueco.

Receberão uma medalha de ouro, um diploma e um cheque de oito milhões de coroas suecas (860.000 euros, 973.000 dólares).

A temporada dos prêmios termina na segunda-feira com o Nobel de Economia.


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