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Estado de Minas

Volkswagen levará meses para ajustar falha nos carros adulterados


postado em 07/10/2015 17:55

O conserto dos carros adulterados da Volkswagen para adequá-los às normas legais vai levar meses - admitiu o novo presidente da companhia alemã, que responsabiliza um grupo de técnicos pela fraude.

Matthias Müller, que assumiu o cargo há dez dias para enfrentar a crise, deu essas declarações em sua primeira entrevista, publicada nesta quarta-feira, quando vence o prazo estipulado pelas autoridades alemãs para que a Volkswagen (VW) apresente seu plano de reparação dos carros adulterados.

A VW reconheceu ter instalado em 11 milhões de veículos a diesel de muitas das suas 12 marcas um software que falsificava dados de emissões poluentes, a fim de burlar os controles técnicos.

"Se tudo transcorrer como está previsto, poderemos começar as reparações em janeiro e, no fim de 2016, tudo deve estar em ordem", declarou Müller ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ).

Trata-se de uma operação de grande complexidade, porque as normas legais são diferentes nos diversos países onde esses carros, de diferentes marcas, foram vendidos.

Hoje, a companhia anunciou a suspensão da comercialização de seu modelo Caddy na Suécia.

Segundo Müller, a maioria dos veículos precisa apenas de uma reprogramação, mas alguns terão de ser submetidos a maiores intervenções, como troca de injetores, ou catalisadores.

Custos elevados

"Obviamente, tudo isso será gratuito para os clientes", disse Müller.

A esses gastos, avaliados em bilhões de euros, vão-se somar os das multas que a VW deverá pagar em diferentes países, danos e prejuízos cobrados pelos clientes e pelos acionistas ofuscados pela queda das ações da empresa na Bolsa de Frankfurt (-40% em duas semanas).

Sem contar as perdas comerciais para a companhia que, nesse ano, transformou-se na maior vendedora de carros do mundo, com um volume de negócios anual de 200 bilhões de euros e um total de 600.000 funcionários.

Apesar disso, até o momento "não estamos vendo uma queda das vendas", assegurou Müller.

Os custos totais do escândalo ainda são difíceis de avaliar, embora alguns analistas estimem algo entre 25 bilhões e 50 bilhões de euros.

Na terça-feira, Müller anunciou aos funcionários da empresa em sua sede de Wolfsburgo (norte da Alemanha) que será preciso apertar o cinto. Os primeiros sacrifícios virão do plano de investimentos de 86 bilhões de euros que a companhia elaborou para os próximos cinco anos.

"Estamos revisando todos os nossos planos de investimentos mais uma vez. Tudo o que não for absolutamente necessário imediatamente será descartado, ou adiado", disse Müller.

Também se revisará o patrocínio do clube de futebol local, o VfK Wolfsburgo, da primeira divisão.

Esses anúncios foram bem recebidos pelos investidores, e a ação da VW fechou com alta de 7,12%.

A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu que o caso da Volkswagen não seja usado para "demonizar" o setor automobilístico.

"Aconteceu algo na Volkswagen que exige uma investigação urgente e uma total transparência, mas, por favor, não usem isso para demonizar todo o setor automobilístico, colocando em risco milhares de empregos na Europa", afirmou Merkel.

Um grupo de responsáveis

A VW ainda precisa esclarecer de quem é a responsabilidade pelo escândalo.

"Pelo que sei, somente alguns funcionários estiveram envolvidos na fraude dos motores a diesel", desconversou Müller.

Trata-se de "alguns programadores" e "quatro pessoas, incluindo três diretores de desenvolvimento de motores em diferentes épocas, que foram suspensas", comentou, acrescentando que outros suspeitos "já se aposentaram".

Entre os possíveis envolvidos, a imprensa alemã aponta o ex-diretor de desenvolvimento da Audi Ulrich Hackenberg, embora a VW não tenha confirmado essa informação.

Müller isentou das suspeitas a equipe de seu antecessor Martin Winterkorn, que renunciou após o escândalo.

"Você acha que o presidente da companhia tem tempo de se preocupar com o software dos motores?", questionou.

Na presidência do grupo desde 2007, Winterkorn dizia conhecer "cada parafuso" dos carros da Volkswagen.

O software fraudulento foi criado em 2008, quando pareceu impossível conciliar custos baixos com as exigências ambientais.

Müller afirmou na entrevista que a manobra de informática foi projetada na sede de Wolfsburgo, e não nos Estados Unidos.

A Comissão de Finanças do Senado americano anunciou nesta quarta-feira uma investigação sobre os créditos de impostos concedidos aos carros a diesel da Volkswagen.


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