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Estado de Minas

Governo Obama é forçado a rever planos no Afeganistão


postado em 06/10/2015 15:16

A ocupação de Kunduz pelos talibãs, um erro catastrófico contra um hospital da ONG Médicos sem Fronteiras, o acidente com um avião militar. Apesar do fim oficial das operações de combate há dez meses, a guerra no Afeganistão parece não ter terminado para o governo de Barack Obama.

A última semana parece ter trazido uma série de notícias trágicas para um governo que havia feito do fim da guerra neste país asiático um de seus principais objetivos.

As forças americanas, cujo papel atual se limita, em teoria, a dar assessoramento e ajuda ao exército afegão, continuam atuando frequentemente em situação de combate.

E convivem com os riscos que isso gera, sobretudo de perdas humanas: erros como o de Kunduz, onde um avião americano bombardeou um hospital da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) e deixou 22 pessoas mortas; ou de Jalalabad, onde um avião de transporte militar caiu, matando outras 11 pessoas.

A conquista efêmera de Kunduz pelos talibãs também mostra que as forças afegãs não são suficientes para manter sozinhas seu próprio terreno, apesar dos cerca de US$ 60 bilhões que receberam de Washington nos últimos 14 anos.

E a Casa Branca se vê obrigada a considerar adiar mais seu objetivo de retirada das forças americanas, que devem sair do país quase completamente no fim de 2016, ao fim do mandato de Obama, deixando em Cabul uma força residual de apenas algumas centenas de soldados.

Mas o objetivo parece cada vez menos factível e a Casa Branca terá que estudar outras opções que permitam deixar um número maior de militares por mais tempo.

"A necessidade de manter o apoio às forças afegãs é evidente", avaliou o chefe do governo afegão, Abdullah Abdullah.

"Com base no que posso ver, da visão dos generais americanos no campo e de nossos próprios chefes militares, é preciso manter uma certa presença de tropas americanas depois de 2016", declarou, em Cabul.

Segundo o The Washington Post, a Casa Branca estuda principalmente um plano apresentado pelo ex-chefe do estado-maior, o general Martin Dempsey, para manter até 5.000 homens no terreno depois de 2016, contra 9.800 atualmente.

O general John Campbell, comandante da missão da Otan e chefe das tropas americanas no local, apresentou, por sua vez, cinco opções para a permanência de uma força de 7.000 homens, segundo a mesma fonte.

"O presidente indicou que tomará decisões neste outono" (do hemisfério norte) sobre o tema, lembrou na segunda-feira em Madri o secretário de Defesa americano, Ashton Carter.

O general Campbell está em Washington nesta semana para analisar o tema com o governo e o Congresso, onde a oposição republicana acusa a administração Obama de ter privilegiado até agora um objetivo político de retirada das tropas antes de levar em conta a realidade em terra.

Fortalecer as tropas

Não são os únicos que pedem que Obama revise seus planos no Afeganistão.

"Acredito que é preciso deixar entre 5.000 e 7.000 homens no Afeganistão de forma indefinida", declarou à AFP Michael O'Hanlon, especialista em questões de defesa do grupo de reflexão Brookings. "O ideal é que a eles se somassem outras milhares de tropas de outros países membros da Otan".

O mesmo diagnóstico de Anthony Cordesman, especialista em questões de defesa no grupo de reflexão CSIS. Os militares afegãos "não conseguem cumprir com seu papel tão bem quanto se esperava" e o desempenho afegão também é decepcionante "em matéria de política, administração ou economia", ressaltou.

O especialista exige não uma retirada das tropas americanas depois de 2016 mas, pelo contrário, que elas sejam reforçadas com "vários milhares". É necessário que os assessores militares americanos estejam presentes em todo o exército afegão, até nas unidades de combate, e não apenas nas estruturas de comando, acrescentou.

Na segunda-feira o general Campbell comemorou em uma coletiva de imprensa os surpreendentes progressos alcançados pelas tropas afegãs nos últimos anos em matéria de combate, ressaltando que seguem precisando de apoio externo.

"Continuam sendo muito, muito resilientes e seguem precisando de nosso apoio em áreas que identificamos há anos e que seriam difíceis para qualquer exército: inteligência, logística e apoio aos combatentes", indicou.


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