Um forte terremoto de 8,4 graus abalou nesta quarta-feira a região central do Chile, matando ao menos três pessoas, balançando prédios, provocando um alerta de tsunami e deixando a população em pânico, informou o Centro Simológico Nacional da Universidade do Chile (CSN). Em Santiago, capital chilena com 6,6 milhões de habitantes, milhares de pessoas foram às ruas, segundo relato do jornalista do Estado de Minas Paulo Henrique Lobato.
Inicialmente, a Marinha chilena tinha estimado o sismo em 7,2 graus, mas posteriormente, o governo ajustou a magnitude para 8,4 graus na escala Richter. Segundo o Serviço Sismológico dos Estados Unidos (USGS), o epicentro foi a 230 km ao norte de Santiago. O abalo foi sentido até mesmo em São Paulo, onde os Bombeiros receberam ao menos 50 chamadas. Em 2010, um tremor de 8,8 graus causou a morte de centenas de pessoas.
Por causa do alerta de tsunami, o ministro do Interior, Jorge Burgos determinou a evacuação preventiva em toda a costa do país. Ondas de até 4,5 metros atingiram a região de Coquimbo. O alerta de tsunami também chegou à Nova Zelândia.
O abalo deixou ao menos três mortos, informou a presidente Michelle Bachelet em entrevista coletiva no Palácio de La Moneda, em Santiago, após realizar uma avaliação preliminar do impacto do terremoto. Dois óbitos ocorreram no norte do país, na região de Coquimbo, na zona do tremor, e o terceiro em Santiago. Em Illapel, uma mulher morreu ao ser atingida por um reboco e outra ao cair de um telhado. Também na localidade, outras dez pessoas ficaram feridas no desabamento de casas. Outra vítima fatal foi um homem que morreu de infarto no subúrbio de Maipú, em Santiago.
Morador registra tremor no Chile. Assista ao vídeo
A presidente advertiu ainda para a ocorrência de tremores secundários e disse que o governo acompanha a situação "minuto a minuto". Ainda segundo Bachelet, quatro horas após o terremoto há um diagnóstico parcial que aponta alguns danos, mas "até o momento não temos informações sobre tsunami, e a altura das ondas está diminuindo".
Em Santiago, houve pânico por alguns minutos. Turistas, entre eles vários brasileiros, deixaram hotéis às pressas, em pânico. A mineira Simone Guedes, de 31 anos, Itambacuri, no Vale do Mucuri, estava no quarto do hotel quando a terra começou a tremer. "Estava dormindo e acordei com o quadro caindo. Coloquei uma roupa rapidamente e fui para a rua. Não sabia o que fazer. Comecei a chorar.Fiquei em pânico", relatou.
O carioca Ruy Menezes, de 54, também estava num hotel e desceu correndo com a esposa em direção à rua. "Parecia que estávamos dentro de um liquidificador", comentou.
Estado de Minas(foto: Reprodução/Facebook)" title=""Estava no oitavo andar de um hotel em Santiago. Escrevia um recado a caneta quando senti a mesa se mover. Saí no corredor e encontrei com um casal de europeus. A mulher estava em pânico. Descemos as escadas às pressas e, pelo caminho, encontrávamos mais hóspedes na mesma situação. Havia crianças e adultos chorando" - Paulo Henrique Lobato, repórter do Estado de Minas(foto: Reprodução/Facebook)" />O marido dela, o também funcionário público Cristiano Rodrigues, de 35, estava assistindo televisão no momento em que houve o terremoto. "Foi uma sensação indescritível. Tive pânico. Tomara que não ocorra mais", disse o rapaz enquanto muita gente deixava o hotel.
Por vários cantos da capital, o que se viu na noite desta quarta-feira logo após o forte tremor eram crianças e adultos descendo escadas chorando, procurando refúgio na rua. Na região do Bairro Providência, onde boa parte dos turistas se hospeda, houve muito desespero.
O tremor ocorreu às 19H54 local (e Brasília), com epicentro situado 36 km a oeste da localidade de Canela Baja, na região de Coquimbo (500 km ao norte de Santiago), a uma profundidade de 11 km, segundo o CSN.
O Serviço Hidrológico e Oceanográfico da Marinha (Schoa) emitiu um alerta de tsunami para toda a costa do país, ordenando a evacuação das cidades situadas à beira-mar. O terremoto foi de longa duração e seguido de vários tremores secundários muito fortes.
"Preliminarmente, não foram reportados danos a pessoas, alteração de serviços básicos ou infraestrutura em virtude deste sismo", indicou um informe do Escritório Nacional de Emergência (Onemi).
Área de risco
O Chile está na extremidade de uma área conhecida como "Anel de Fogo" do Pacífico, compondo uma região bastante propensa aos efeitos de movimentos telúricos. Terremotos de 7 graus ou mais têm potencial para causar graves danos em áreas habitadas.
Com agências