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Estado de Minas

Merkel enfrenta a extrema-direita em meio à crise migratória


postado em 26/08/2015 18:31

A Alemanha não tolerará as agressões "abjetas" da extrema-direita, garantiu nesta quarta-feira a chanceler Angela Merkel, durante visita a um centro de refugiados em Heidenau (Saxônia, leste), em meio à crise migratória que atinge a Europa.

"É preciso afirmar claramente: não existirá tolerância com os que questionam a dignidade de outras pessoas", declarou Merkel, que chamou de "vergonhosas" e "abjetas" as ações violentas da extrema-direita registradas nesta cidade durante o fim de semana entre extremistas e policiais.

Por sua vez, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, fez um apelo em Paris "aos países na Europa e em outros lugares a mostrar compaixão e fazer muito mais para superar a crise" em questão.

"Hoje há muito mais pessoas deslocadas do que jamais estiveram desde a Segunda Guerra Mundial", disse ele. "Na Síria e em outros lugares, milhões de pessoas fogem da violência e perseguição. Outros tentam escapar da pobreza e buscam meios para viver com dignidade", acrescentou.

Na Saxônia, antes, durante e após seu breve discurso, a chanceler alemã foi vaiada por uns 200 simpatizantes da extrema-direita que também gritaram "traidora" e "nós somos o bando", em alusão à expressão usada por um integrante do governo para denunciar atos xenófobos da extrema-direita. Mantidos afastados pela polícia, os extremistas haviam se misturado com os espectadores.

Durante a visita ao centro de refugiados, longe das câmeras e microfones, Merkel conversou com os residentes, funcionários e representantes das forças de segurança.

"Se o maior número possível de pessoas pudesse dizê-lo claramente (...) em seu trabalho, mas também em conversas com parentes, amigos ou em família, seríamos mais fortes e melhores para enfrentar esta tarefa" de acolher os refugiados, afirmou após a visita, que durou várias horas.

A Alemanha espera 800.000 pedidos de asilo em 2015, quatro vezes mais do o registrado em 2014.

Horas antes da visita de Merkel ao centro de refugiados, outros dois novos incidentes foram registrados. Em Leipzig (Saxônia), um objeto incendiário foi lançado contra um prédio que deveria receber nesta quarta-feira 56 demandantes de asilo. Em Parchim (nordeste), dois homens embriagados e armados com uma faca invadiram um abrigo. Não foram registrados feridos.

Referindo-se aos atos xenófobos em seu país, o presidente alemão, Joachim Gauck, criticou o que chamou de "Alemanha obscura".

Apesar de 60% dos alemães (segundo pesquisa do canal ZDF realizada em 21 de agosto) considerarem que o país tem os meios para recebê-los, a violência crescente da extrema-direita tem chocado a opinião pública.

Achados 55 corpos de migrantes em navios

Esta onda xenófoba ocorre em um momento em que o fluxo migratório para a Europa só faz crescer.

Um total de 55 corpos foram encontrados nesta quarta-feira a bordo de três embarcações lotadas de migrantes, dos quais 51 no porão de uma delas que tentava chegar à Europa através do Mediterrâneo, informou a guarda costeira italiana.

Segundo serviços da guarda costeira, durante o dia, 3.000 migrantes foram socorridos. Pelo menos 10 trabalhos de salvamento a embarcações precárias foram feitas em embarcações precárias em dificuldades no canal da Sicília e não longe da costa líbia.

O navio sueco Poseidon, que integra a operação Triton, coordenada pela Marinha italiana, em frente à costa líbia, socorreu 439 migrantes com vida.

No porão da embarcação onde estavam foram encontrados 51 corpos de migrantes que aparentemente morreram intoxicados com a fumaça do barco.

Socorristas italianos reportaram a morte de outras quatro pessoas, entre elas três mulheres que estavam em um bote de borracha com 120 imigrantes e refugiados a bordo, socorrida por um navio da Marinha italiana.

Segundo o jornal italiano Corriere della Sera, nesta quarta-feira chegaram ao porto de Catania, na Sicília, 218 imigrantes a bordo do barco croata Andrija Mohorivic, que também participa da operação Triton. A maioria vinha de Síria, Somália e Eritreia e cerca de 40 menores de idade, muitos sem acompanhantes.

A crise migratória sufoca a Itália e as operações de resgate se multiplicam, segundo os serviços da guarda costeira. Estes asseguraram à AFP que estão coordenando atualmente quinze operações para salvar mais de dois mil imigrantes e refugiados.

Caos na fronteira húngara

O partido no poder na Hungria, membro da UE, apresentará ao Parlamento uma proposta para que o exército ajude a conter o fluxo de migrantes procedentes da Sérvia, anunciou nesta quarta-feira um líder da formação.

O governo quer que "seja possível utilizar o exército em tarefas relacionadas com a defesa de fronteiras e a migração", disse Szilard Nemeth, do governista partido Fidesz, que lidera a comissão parlamentar de Segurança Nacional.

O chefe da polícia húngara anunciou que mais de 2.100 agentes serão enviados à fronteira do país com a Sérvia.

Também nesta quarta-feira, incidentes aconteceram diante do principal abrigo do país, localizado na cidade húngara de Röszke, onde a polícia usou gás lacrimogêneo para impedir que cerca de 200 pessoas deixassem o centro de registro.

Segundo a polícia, muitos refugiados se recusavam a que coletassem suas impressões digitais.

"A polícia tenta conter a situação, mas os migrantes continuam gritando", disse um porta-voz.

A AFP constatou, no entanto, que posteriormente a calma voltou ao local.

Na terça-feira, 2.500 migrantes - um novo recorde - tinham entrado na Hungria: sírios, afegãos e paquistaneses, na maioria, provenientes da Sérvia, contra 2.000 no dia anterior.

Desde janeiro, a Hungria registrou 100.000 pedidos de asilo. O país começou a erguer uma cerca de arame farpado ao longo dos 175 km de sua fronteira com a Sérvia, que deve ser concluída até 31 de agosto.

Neste contexto, o partido no poder na Hungria anunciou que apresentará ao Parlamento uma proposta para que o exército ajude a conter o fluxo de migrantes procedentes da Sérvia.

Um vice-primeiro-ministro tcheco, Andrej Babis, pediu o "fechamento" da fronteira externa do espaço Schengen para "defender" o espaço de livre circulação.

Os 28 países do bloco europeu não conseguem chegar a um acordo quanto à partilha equitativa dos demandantes de asilo e também lutam para criar centros para aliviar os países de primeira entrada.


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