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Estado de Minas

Terremoto na Fifa a dois dias da eleição presidencial


postado em 27/05/2015 14:37

Um terremoto sacudiu a Fifa nesta quarta-feira com a detenção em Zurique, a pedido das autoridades americanas, de sete dirigentes suspeitos de corrupção, incluindo o ex-presidente da CBF José Maria Marin, a dois dias da eleição para a presidência, na qual Joseph Blatter tentará o quinto mandato.

Como se não bastasse, num caso distinto, a Promotoria da Suíça apreendeu documentos eletrônicos na sede da Fifa, em uma investigação penal por suspeitas de "lavagem de dinheiro e gestão desleal" relacionadas à escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022.

A votação de sexta-feira está mantida como previsto, assim como o 65º Congresso da entidade, confirmou a Fifa, que afirmou ser "vítima" no escândalo e anunciou oferecer "colaboração plena" às autoridades como "parte prejudicada".

Poucas horas depois das detenções, a secretária americana de Justiça, Loretta Lynch, denunciou casos de corrupção na atribuição da Copa do Mundo de 2010 e na organização da Copa América do Centenário, que acontecerá em 2016, nos Estados Unidos.

- Detenções em hotéis -

A ação da justiça suíça começou por volta de seis horas da manhã, em Zurique (1h00 no horário de Brasília), quando policiais operando a pedido das autoridades americanas prenderam os cartolas no momento em que se hospedavam para participar do congresso da Fifa.

Segundo as autoridades suíças, os sete dirigentes, cinco latino-americanos e dois britânicos, originários das Ilhas Cayman, são suspeitos de receber subornos de vários milhões de dólares a partir dos anos 1990.

Além de Marin, ex-presidente da CBF, que deixou o cargo em abril e integra comitê de organização da Fifa para os Jogos Olímpicos, os demais detidos são: Jeffrey Webb (Grã-Bretanha), vice-presidente da Fifa e presidente da Concacaf, Eduardo Li (Costa Rica), membro dos comitês executivos da Fifa e da Concacaf, Julio Rocha (Nicarágua), diretor de desenvolvimento na Fifa, Costas Takkas (Grã-Bretanha), adjunto do gabinete do presidente da Concacaf, Eugenio Figueredo (Uruguai), atual vice-presidente da Fifa, e Rafael Esquivel (Venezuela), membro executivo da Conmebol.

Por sua vez, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos indiciou por corrupção nove membros da Fifa e cinco executivos de marketing esportivo por atos ocorridos nos últimos 24 anos.

As acusações também envolvem Alejandro Burzaco, da empresa Torneos y Competencias, e Aaron Davidson, presidente da empresa Traffic Sports USA, assim como Hugo e Mariano Jinkis, diretores do Full Play Group.

A sede da Concacaf (Confederação de Futebol para América do Norte, Central e Caribe), que fica em Miami, foi revistada como parte do mesmo processo, segundo a Justiça.

A investigação "se estende ao longo de duas gerações de dirigentes de futebol, suspeitos de abuso de suas posições para obter milhões de dólares em subornos e comissões", afirma um comunicado da secretária Loretta Lynch.

- Pedido de extradição -

"Representantes de meios esportivos e de empresas de marketing esportivo estariam envolvidos em pagamentos a altos funcionários de organizações do futebol (delegados da Fifa e outras pessoas de entidades afiliadas à Fifa), em troca de direitos de transmissão e direitos de marketing de competições organizadas nos Estados Unidos e na América do Sul", completa o comunicado, que informou atuar a pedido da promotoria do distrito leste de Nova York.

"Segundo o pedido de detenção americano, o acordo a respeito dos atos teria sido concluído nos Estados Unidos, onde também aconteceram os preparativos. Os pagamentos teriam transitado por bancos americanos", afirma o texto suíço.

Os suspeitos detidos são objeto de uma demanda de extradição americana e serão interrogados pela polícia de Zurique.

O ministério da justiça da Suíça informou que seis dos sete cartolas detidos se opuseram à extradição para os Estados Unidos.

As autoridades suíças já solicitaram "pedidos formais de extradição num prazo de 40 dias", conforme o tratado em vigor entre ambos os países, mas um dos sete detidos aceitou ser submetido a uma extradição simplificada.

- Mundial-2010 e Copa América-2016 na mira -

Numa longa entrevista coletiva realizada em Nova York, com participação de Loretta Lynch e de vários responsáveis pelas investigações, as autoridades americanas deixaram claro que as detenções desta quarta são "apenas o início" da ofensiva contra a corrupção.

Além de justificar as detenções, Lynch revelou que a questão é mais profunda, ao denunciar especificamente subornos ligados à Copa do Mundo de 2010 e à Copa América de 2016.

"A Copa do Mundo de 2010 foi a primeira realizada no continente africano, mas, mesmo para este evento histórico, dirigentes da Fifa e outros corromperam o processo por meio de propinas para influenciar a decisão da atribuição da sede da competição", lamentou a secretária de justiça.

A respeito da Copa América do Centenário, a secretária de justiça também fez acusações pesadas.

"As investigações revelaram que aquilo que deveria ser uma manifestação esportiva foi usado como um veículo para uma rede maior para encher os bolsos de executivos, com subornos que somam 110 milhões de dólares", explicou.

Na mesma entrevista coletiva, Richard Weber, responsável da seção de investigações criminais da Direção do Imposto de Renda (IRS) americano, resumiu o clima desta quarta-feira ao chamar o escândalo de "Copa do Mundo da fraude".

Já governo russo não gostou de ver os Estados Unidos na linha de frente da luta contra a corrupção no futebol e pediu para que os americanos "parem de tentar exercer sua justiça fora de suas fronteiras".

- "Um bom dia para a Fifa" -

A Fifa afirmou que se considera "vítima" do caso e se mostrou convencida de que esta quarta-feira entrará para a história como "um bom dia" para a entidade.

"Isto é bom para a Fifa, para sua reputação e para a limpeza. Não é um dia bonito, mas também é um bom dia, as coisas avançam, queremos respostas", disse o diretor de comunicação da entidade, Walter De Gregorio, que insistiu em destacar que Blatter não está envolvido no caso, além de ressaltar que as Copas do Mundo de 2018, na Rússia, e 2022, no Catar, não estão ameaçadas.

O príncipe jordaniano Ali bin al-Hussein, rival de Blatter na eleição de sexta-feira, afirmou que as detenções representam "um dia triste" para o futebol.

"A Fifa precisa de uma liderança que governa, guia e protege as federações. Uma liderança que aceita a responsabilidade pelos seus atos e não rejeita a culpa em outros, para restaurar a confiança de milhões de fãs de futebol", afirmou o jordaniano num comunicado.

A Confederação Africana de Futebol fez questão de "reiterar seu apoio a Blatter" apesar do escândalo, revelou à AFP um dirigente que presenciou a reunião da entidade, em Zurique.


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