(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Erro do capitão do barco com imigrantes provocou naufrágio com 800 mortos

A promotoria de Catânia explicou que o barco naufragou depois de ter colidido com o cargueiro português que tentava socorrê-los


postado em 21/04/2015 08:25 / atualizado em 21/04/2015 09:38

Ver galeria . 11 Fotos A Organização Internacional para as Migrações (OIM) disse ter recebido pedido de ajuda de uma embarcação que estava afundando no Mediterrâneo e que transportava mais de 300 pessoasAFP Photo
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) disse ter recebido pedido de ajuda de uma embarcação que estava afundando no Mediterrâneo e que transportava mais de 300 pessoas (foto: AFP Photo )


O capitão do barco carregado de centenas de imigrantes que naufragou no Mediterrâneo provocou a tragédia no mar por causa de erros de manobras e o excesso de peso da embarcação, anunciou nesta terça-feira a promotoria de Catânia (Sicília). O capitão Mohammed Ali Malek, 27 anos, se encontra detido sob suspeita de homicídio múltiplo.

A promotoria de Catânia explicou que o barco naufragou depois de ter colidido com o cargueiro português que tentava socorrê-los, mas que esta última não tinha responsabilidade no acidente. "Por um lado, as manobras equivocadas decididas pelo comandante do barco que, em uma tentativa de abordar o cargueiro, provocou a colisão com esta embarcação maior", afirmou a fonte. "Por outro lado, o excesso de passageiros do barco, que perdeu o equilíbrio por causa dessas manobras equivocadas e pelo deslocamento dos imigrantes a bordo", acrescentou. "O barco afundou por esses motivos", enfatizou.

A Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) afirmou que o naufrágio do barco no domingo frente ao litoral da Líbia, no qual 800 pessoas morreram, é o incidente mais mortífero no Mediterrâneo já registrado.

O naufrágio ocorrido domingo domingo na costa da Líbia matou 800 pessoas, conforme os representantes do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e da Organização Internacional para as Migrações (OIM) com base nos relatos de sobreviventes. "Podemos dizer que 800 pessoas morreram", declarou Carlotta Sami, porta-voz da ACNUR na Itália, antes de o porta-voz da OIM, Flavio di Giacomo, confirmar a estimativa.


Os representantes das duas organizações entrevistaram a maior parte dos 27 sobreviventes que chegaram na segunda-feira ao porto de Catânia. "Nós confrontamos os testemunhos e concluímos que havia pouco mais de 800 pessoas a bordo, incluindo crianças de 10, 12 anos. Havia sírios, cerca de 150 eritreus, somalis (...). Eles partiram às 08H00 de sábado de Trípoli", explicou Sami. "Os sobreviventes são de Mali, Gâmbia, Senegal, Somália, Eritreia e Bangladesh", revelou Di Giacomo.

O grupo de 27 sobreviventes chegou na noite de segunda-feira ao porto de Catânia, no sul da Itália, e foi recebido pelo ministro italiano dos Transportes, Graziano Delrio, antes de passar por uma primeira inspeção sanitária em tendas instaladas no porto, e ser levado de ônibus a um centro de atendimento de emergência.

Durante o processo, dois sobreviventes foram detidos pela polícia italiana por integrarem a tripulação do barco naufragado no domingo diante da costa Líbia. Os detidos seriam o capitão do barco, de origem tunisiana, e um membro da tripulação, de nacionalidade síria, segundo o oficial da polícia Rocco Liguori. Em Catânia já está hospitalizado outro sobrevivente, cujo estado de saúde obrigou sua transferência de urgência no domingo.

Algumas dezenas de defensores dos direitos dos imigrantes protestaram durante a chegada dos sobreviventes para reivindicar a abolição de uma lei que criminaliza a imigração ilegal. "Emigrar não é um crime, a história da Sicília nos mostrou", gritaram.

O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Husein, criticou duramente as políticas migratórias "cínicas" adotadas na segunda-feira pela União Europeia, acusando Bruxelas de transformar o Mediterrâneo em um "grande cemitério". "A Europa dá as costas a alguns dos emigrantes mais vulneráveis do mundo e corre o risco de transformar o Mediterrâneo em um vasto cemitério", declarou Zeid em um comunicado. Para Zeid Ra'ad Al Husein, os europeus deveriam reconhecer que precisam de mão de obra pouco qualificada e admitir que os refugiados têm o direito de receber proteção.

Zeid exortou os governos dos países da UE a adotarem "um enfoque mais corajoso e menos cínico", acusando-os de ceder aos movimentos populistas xenófobos em ascensão no bloco. O funcionário criticou a falta de vias legais implantadas para os emigrantes e demandantes de asilo. "Estou horrorizado, mas não surpreso com a tragédia", assegurou Zeid. "Estes mortos e as centenas que os precederam nos últimos meses eram previsíveis", acrescentou, destacando que as mortes eram o resultado de um fracasso da governança e de uma "imensa falta de compaixão".

Na tarde de segunda-feira, a União Europeia convocou uma reunião de emergência dos ministros do Interior e das Relações Exteriores europeus, e revelou um plano de ação com 10 medidas para fazer frente às tragédias no Mediterrâneo.

O plano propõe a ampliação das operações de controle e resgate, mas se concentra na apreensão e destruição de embarcações utilizadas para transportar os migrantes, no reforço da cooperação entre as organizações europeias e um programa para deportação rápida dos candidatos à imigração não autorizados a permanecer na UE.

O presidente da Federação Internacional da Cruz Vermelha, Elhadj As Sy, criticou a posição da UE ao lançar um apelo para "por um fim à indiferença que transforma o Mediterrâneo em um grande cemitério".


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)