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Estado de Minas

Obama e Raúl Castro consolidam uma nova era nas relações EUA-Cuba

Sentado junto a Raúl Castro à mesa de negociações da VII Cúpula das Américas, Obama assegurou que as mudanças da política dos Estados Unidos em relação a Cuba "abrem uma nova era no hemisfério"


postado em 11/04/2015 16:55 / atualizado em 11/04/2015 17:14

Obama em discurso na Cúpula das Américas(foto: MANDEL NGAN / AFP)
Obama em discurso na Cúpula das Américas (foto: MANDEL NGAN / AFP)
Os presidentes Barack Obama e Raúl Castro expressaram sua disposição de avançar com o processo de reconciliação dos Estados Unidos e Cuba, inimigos por mais de 50 anos, pouco antes de manter sua primeira reunião frente a frente no Panamá, durante a histórica Cúpula das Américas.

Sentado junto a Raúl Castro à mesa de negociacões da VII Cúpula das Américas, Obama assegurou que as mudanças da política dos Estados Unidos em relação a Cuba "abrem uma nova era no hemisfério", durante a Cúpula das Américas, realizada no Panamá. "Nunca antes as relações com a América Latina foram tão boas", declarou o presidente americano.

"O fato de que o presidente Castro e eu estejamos sentados aqui é um fato histórico", enfatizou. Em um tom visivelmente conciliador e até comovido, Raúl Castro fez usou da palavra depois de Obama para expressar sua disposição a um "diálogo respeitoso e à convivência civilizada entre ambos Estados", mesmo com suas "profundas diferenças".

Os dois líderes se encontrarão à margem do fórum hemisférico, depois que, na abertura do encontro, na noite de sexta, trocaram um simbólico aperto de mão que consolidou sua decisão anunciada em 17 de dezembro de chegar a uma reconciliação.

Raúl Castro afirmou que aprecia que seu colega americano decida rapidamente sobre a retirada de Cuba da lista de países patrocinadores de terrorismo. "Aprecio como um passo positivo que decidirá rapidamente sobre a presença de Cuba na lista de terrorismo, na qual jamais deveria estar", afirmou.

Castro disse ter expressado a Obama - a quem classificou de homem honesto - sua disposição ao diálogo. "Expressamos e reitero a Obama nossa disposição ao diálogo respeitoso e à convivência civilizada entre ambos Estados, dentro de nossas profundas diferenças".

Também pediu que Obama resolva a questão do embargo comercial imposto em 1962 contra a ilha no processo de retomada de relações dos dois países. "Este e outros elementos devem ser resolvidos no processo de normalização das relações", enfatizou.


Distensão com a Venezuela


Temia-se que o aumento das tensões entre Washington e Caracas afetasse o clima da cúpula, mas Castro diminuiu o tom ao considerar positivo que Obama tenha reconhecido que a Venezuela não é uma ameaça para os Estados Unidos.

"A Venezuela não é uma ameaça. É positivo que o presidente americano tenha reconhecido isso" e deve derrogar essa declaração, expressou Raúl Castro, em sua primeira reação ao esclarecimento dado por Obama esta semana de que seu decreto contra a Caracas foi meramente formal.

O presidente venezuelano Nicolás Maduro, por sua vez, também amenizou a situação em seu discurso, embora tenha exigido que Obama retire o decreto em que classifica seu país de ameaça para os Estados Unidos.

"Trouxe mais de onze milhões de assinaturas que serão entregues por vias diplomáticas e venho em nome de 30 milhões de venezuelanos para exigir ao presidente Obama que derrogue o decreto que ameaça a Venezuela", afirmou Maduro. O presidente venezuelano classificou de "irracional, desproporcional e perigoso" o decreto emitido por Obama em março passado, declarando a Venezuela "uma ameaça incomum e extraordinária" para os Estados Unidos ao sancionar sete funcionários desse país acusados de violações dos direitos humanos.

Mais adiante, no entanto, enfatizou sua disposição dialogar e convidou seu colega americano a diminuir as tensões. "Eu estendo minha mão para resolver os assuntos" entre Estados Unidos e Venezuela, assinalou, dirigindo-se a Obama. No entanto, também expressou dúvidas.

"Eu o respeito, mas não tenho confiança no senhor, presidente Obama (...) Estou disposto a falar com os Estados Unidos, enviei várias mensagens, e não nos respondem", destacou.

Obama, depois de fazer seu discurso e ouvir o presidente cubano Raúl Castro, já havia deixado o salão para manter reuniões bilaterais. Obama esclareceu esta semana que seu decreto sobre a Venezuela era uma declaração formal, e não acreditava realmente que fosse uma ameaça para seu país.

"Apenas uma declaração, por mais corajosa que seja, e é, do presidente Obama não é suficiente, é preciso pbuscar caminhos políticos, diplomáticos, e jurídicos para acabar com este decreto ameaçador", afirmou ainda.


Aperto de mãos


Obama e Raúl Castro protagonizaram um histórico aperto de mãos na sexta-feira, na abertura da cúpula. Em meio aos flashes dos fotógrafos, os dois líderes se cumprimentaram e conversaram rapidamente. Obama e Raúl Castro se sentaram na segunda das três fileiras, separados apenas pelos presidentes de Equador, Rafael Correa, e de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén, no Centro de Convenções Atlapa, onde a Cúpula foi inaugurada com a presença dos líderes dos 35 países da região.

"Esta Cúpula do Panamá tem um conteúdo especial (...), é a primeira vez na história das Américas que se reúnem na mesma mesa os 35 chefes de Estado e de Governo", afirmou em seu discurso o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, ao chamar o encontro de "histórico".

Entre os aplausos dos presidentes, Insulza saudou a aproximação de Estados Unidos e Cuba visando a normalização das relações, anunciada por Obama e Castro em 17 de dezembro passado. "O diálogo é o melhor caminho para se resolver as divergências".


Na noite de quinta-feira, o secretário americano de Estado, John Kerry, se reuniu com o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, no primeiro encontro bilateral de alto nível em mais de 50 anos.


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