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Estado de Minas

Empresas aéreas se esforçam para detectar transtornos psicológico de tripulantes

Comandante diz que pilotos passam por testes psicométricos, psicomotores e comportamentais em grupos para evitar tragédias como a do avião da Germanwings


postado em 27/03/2015 11:25 / atualizado em 27/03/2015 11:57

As companhias aéreas se esforçam para tentar detectar qualquer falha física, mental ou comportamental de sua tripulação, sem que possam antecipar um ato imprevisível, tal como o que aconteceu com o co-piloto que voluntariamente conduziu o A320 da Germanwings à queda.


A queda na terça-feira nos Alpes franceses de um Airbus da companhia aérea alemã de baixo custo da Lufthansa, resultou de um ato deliberado do copiloto, segundo afirmou na quinta-feira o procurador de Marselha, Brice Robin. O jovem copiloto aproveitou a saída do piloto da cabine para se trancar no local e mudar de altitude, fazendo com que a aeronave se chocasse com as montanhas, matando todos os 144 passageiros e cinco colegas a bordo.


Estas revelações chocaram a opinião pública que constata uma mudança de paradigma. "Passamos de um mundo em que confiávamos no piloto, nossa primeira garantia de segurança, a um mundo onde precisaremos ser cautelosos", resume um ex-investigador do Instituto francês de Investigação e Análise (BEA).


No entanto, as tripulações das companhias aéreas, compostas por pilotos e comissários de bordo, são estritamente acompanhadas clinicamente e psicologicamente. E, desde o seu recrutamento. "Todos os pilotos aspirantes passam por testes psicométricos, testes psicomotores e testes comportamentais em grupos. Assim, os fatores humanos são levados em conta já no processo de recrutamento inicial", explica Eric Prévot, comandante de bordo da da Air France.


Durante as seleções, "tudo é examinado, como eles irão se comportar em um grupo", afirma. "Será que eles têm confiança demais ou de menos neles mesmos? Muito ou pouco liderança? Será que eles têm a capacidade de análise? Eles são rigorosos? Será que eles têm uma falha de audição ou comunicação?" E, uma vez contratados e ao longo de sua carreira, os pilotos devem se apresentar regularmente a uma junta médica o que permite à empresa "acompanhar as disposições físicas e mentais", acrescenta.


A Federação Nacional de Aviação Mercante (FNAM) lembra que o certificado de aptidão física e mental (a licença de voo) deve ser validado a cada ano. Sistema de alerta de casos suspeitos. Nesta ocasião, o piloto é questionado sobre as dificuldades encontradas no ambiente profissional e pessoal: luto, divórcio ou separação em andamento, filho doente, gestão de diferenças de horário, para detectar os pontos fracos que podem interferir na segurança do voo.


"Quatro sessões de simulador espalhadas por todo o ano permitem controlar (...), sob alto fator de estresse e pressão de tempo, se as suas disposições psicológicas são consistentes com as responsabilidades exercidas", observa Eric Prévot. "Sob estresse, pressionados, não temos muito tempo para criar ilusões", diz o comandante.


Guy Tardieu, delegado-geral da FNAM acrescenta que, desde o final de 2008, na Europa, as companhias aéreas aplicam o sistema de gestão de segurança de voo (SMS em inglês para "safety manegement system"). "Isso impõe às empresas, mas também para às estruturas internas, prevenir todos os tipos de riscos, incluindo os relacionados com o comportamento", diz ele. Certos desvios comportamentais podem levar um voo ao desastre. Este sistema de informação e avaliação de risco ajuda a construir um dossier que, se necessário, leva a um afastamento do funcionário em causa.


O SGS é aplicado aos pilotos, comissários de bordo, mecânicos e todo o pessoal que trabalha com operações aéreas. "Este sistema está em vigor há mais de 20 anos nos Estados Unidos", diz Tardieu. No entanto, apesar do acompanhamento médico regular e meticuloso, comportamentos como o suicídio são difíceis de evitar. Assim como a radicalização dos funcionários, observam vários analistas do setor.


"É quase uma reflexão filosófica sobre o respeito pela vida humana", ressalta o ex-investigador do BEA. "Se as pessoas não respeitam a vida humana, como os jihadistas, não há limite". "Já houve casos isolados na França de exclusão entre os pilotos e controladores de tráfego aéreo que apresentaram comportamentos que poderiam pôr em risco a segurança de voo", admitiu um funcionário de uma companhia aérea francesa.


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